terça-feira, 18 de janeiro de 2011

AOS POETAS DA MADRUGADA


Eu hoje acordei tão só, mais só do que eu merecia. Eis a belíssima (e triste) frase de Oswaldo Montenegro em sua “Sempre não é todo dia”. Frase esta que poderia ser atribuída a qualquer canceriano, assim como eu.

Os mais apaixonados e mais sensíveis, mas também os mais dramáticos e mais exagerados em seus sentimentos.

Acho que, definitivamente, também sou das pessoas que não lida bem com rejeição.

Agora Cazuza chega “Exagerado” e diz que “por você eu largo tudo, carreira, dinheiro, canudo. Até nas coisas mais banais, pra mim é TUDO ou NUNCA MAIS”. Canceriano, também? Poderia...

Tudo é ao extremo: idolatram demais, criam expectativas demais, se entregam demais, sentem demais, amam demais, mas também choram demais e sofrem demais.
Aliás, a palavra “demais” deveria ser sobrenome de qualquer canceriano. (risos)
Hoje, por ironia do destino, chove lá fora. E, para não fugir deste meu ensaio triste, diria que chove tanto quanto chora meu peito.
E o dia de hoje será todo ele assim: sem luz, sem brilho. Um dia cinza.
Conspiração dos “deuses” para entristecer ainda mais este coração “que já não bate nem apanha”, lembrando Arnaldo Antunes em sua canção “Socorro”.
E nem pude sair de casa de óculos de sol para esconder meus olhos cansados e pesados de uma noite mal dormida, com Leonardo cantando “quero algo pra beber, pra acabar de arrebentar.”


É... “A vida não tem ensaio, mas tem novas chances” já dizia a atriz e poeta, Elisa Lucinda.
Tivéssemos tempo de ensaiar antes de vivermos cada sentimento, talvez o tempo nos poupasse alguns sofrimentos. Mas por isso, têm-se as tais novas chances.
Novas oportunidades de tentar de novo, de arriscar novamente, de cair mais uma vez, mas também de levantar uma vez mais.
E, como Frejat mesmo ensina, “desejo que você tenha a quem amar e quando estiver bem cansado, ainda exista amor pra recomeçar”.

Sem medo de sofrer novamente, sem medo de errar novamente, investir e insistir tantas e quantas outras vezes mais for necessário.
O coração tem de se “aprontar pra recomeçar” e “esquecer o medo de amar de novo”, letra da banda Roupa Nova para ilustrar aqui coisas que a gente sabe, mas que por vezes esquece ou não tem como lembrar no momento já que os olhos estão embaçados.
Mas isso não vem do dia pra noite, apesar de Renatinha (Arruda) insistir que “a dor de um dia dura SÓ um dia”.
Isso vai muito do tipo de dor e também da pessoa, não é?
E na real, nem ela acredita mesmo nisso já que na mesma canção diz “mas se eu chorar, não ligue não. Sou eu queimando no meu coração”.
Então, que dor é essa de apenas um dia?
Não tem: a dor continua ali queimando o coração.

Nem mesmo o tempo se encarrega de fato disto, de curar a dor ou qualquer sentimento que seja. Minha musa Martha Medeiros já escreveu sobre isso e eu também já citei em outro “post”: O tempo não cura nada, ele apenas tira o que machuca do centro das atenções. E é bem por aí.
LS Jack que, depois de Pato Fu e Kid Abelha, das bandas nacionais é a que mais gosto, e também a que me acompanhou mais de perto ontem à noite e se encarrega de falar sobre esta árdua tarefa do tempo: “o tempo vai reconstruir os pedaços que perdi”.
E então a gente vai colando os “caquinhos”, aos poucos.

Mas hoje, nem minha “fiel escudeira do mundo da bola”, Dani, está aqui para desviar meu foco e me levar para assuntos de futebol. Ela está de férias e eu, um pouco órfã.

O dia não rende, as horas não passam, quero colo, quero muito ir pra casa e, se pudesse, dormir até tudo isso passar.

Fico pensando que Guilherme Arantes tem razão quando canta “eu queria tanto estar no escuro do meu quarto à meia noite, à meia luz, sonhando. Daria tudo por meu mundo e nada mais”.

Mas a gente segue tentando, ouvindo Jota Quest, para não deixar de esquecer que esperamos “o dia em que seremos melhores, melhores no amor, melhores na dor, melhores em tudo”. Talvez este dia nunca chegue. Mas seguimos esperando.

Lulu (o Santos) na sua mais bela canção (Apenas? Mais uma de Amor) diz lindamente: “se amanhã não for nada disso, caberá SÓ A MIM esquecer. O que eu ganho e o que eu perco NINGUÉM PRECISA SABER”.

E isto é a pura verdade: caberá única e exclusivamente a mim esquecer, ninguém mais.

Quem investiu, quem insistiu em algo que já sabia no que poderia dar, que arque com as conseqüências de sua aposta.

Assim como é verdade que ninguém precisa saber.

Ninguém precisa saber que você não está 100%, que você teve uma desilusão ou uma decepção que te deixou sem dormir, que você apostou mais uma vez suas fichas e perdeu.
Ninguém precisa saber.

Também já escrevi em outro post sobre as coisas que escrevemos em vez de falar e porque o fazemos.

Simplesmente para não haver testemunhas e porque as palavras nos traem.

Ninguém ouve nosso pranto ou vê nossas lágrimas caindo enquanto digitamos.

Ninguém sente que nossa voz está embargada por um sentimento de dor momentânea que nos sufoca enquanto estamos colocando para fora, em forma de texto, tudo aquilo que nos aprisiona, que nos machuca, que nos perturba e nos faz sofrer naquele instante.


Paralamas em sua “Lanterna dos Afogados” retrata exatamente isto que mencionei: “Quando tá escuro e ninguém te ouve, quando chega à noite e você pode chorar”.
Não há platéia.

Não há nem mesmo álibi.

Música de cancerianos (hehehe).

Aí vem LS Jack (novamente): “posso te ouvir dentro de mim, com os olhos cheios, vou sorrir” pra te lembrar que no outro dia, estamos lá, ainda que nublados por dentro, respondendo a todos com um imenso sorriso nos lábios, com a tristeza camuflada para não ter de dar explicações.

Para não tocar no assunto porque sabemos que não conseguiremos falar sobre ele.

Pedindo silenciosamente como Renato Russo: “só me deixe aqui quieto, isso passa, amanhã é um novo dia”.

Respondemos e-mails com a maior naturalidade, sem que ninguém perceba que estamos, na verdade, com o coração dilacerado por um amor não correspondido, por uma dor que, naquele momento, parece ser a pior dor do mundo.
Sabemos que passa.

Mas a dor é inevitável.


“Sei que tudo vai ficar bem, só não sei se vou ficar também”, letra de Pato Fu...
mas poderia ser atribuída também a qualquer canceriano da face da terra.
Os mais melosos, os mais carentes e também os mais desprotegidos (na sua visão, evidentemente).

Aqueles dos extremos.

Aqueles que saltam de olhos fechados.

Vão do oito ao oitenta em fração de segundos.

Paulinho Moska até pergunta em seu “trampolim” o que fazer: “que pulo que eu vou ter que dar pra eu não me ferir?”


Não existe resposta para isso.

Aqui está o reflexo de nossas apostas, os riscos que aceitamos correr desde lá bem no inicio disso tudo, no primeiro interesse.

Talvez nos deparemos com nosso medo bem no meio de toda a nossa suposta coragem, mas arriscamos mesmo assim.

Hoje dói, sim. Dói muito.

Mas era esperado e você nunca foi de sofrer por antecipação e tão pouco teve medo de sofrer. Você se preparou para isso, inclusive.

Sabia que este seria um risco que teria de enfrentar outra vez.

Mas apostou mesmo assim.

E por quê? Por que você é assim.

É a sua natureza.

Você não tem medo de desafios, não tem medo de tentar, de correr riscos.

E aquilo que parecia estranho ou inatingível você optou por ultrapassar, pois lhe despertou interesse, não foi indiferente ao que mexeu intensamente com você.


Acredita ser mil vezes melhor se arriscar, perder, acabar se machucando do que não tentar, não ousar, não apostar além de onde se possa sentir seus pés firmemente e seguros no chão.

Mil vezes fracassar do que pecar pela omissão e se arrepender.

Ter de se conformar e viver de “se”. Se eu tivesse tentado, se eu tivesse apostado como seria?


Por que com a dor você já sabe como lidar, está acostumado, não foi a primeira e certamente não será a última, sabe bem como sanar, ainda que custe, que esfole, que demore a sair de dentro de você ou que fique ainda durante um certo tempo.

Você sabe que isso passará.

E até mesmo a dor talvez “possa sempre mostrar algo de bom”, segundo Fernanda Abreu.
E além do mais, já dizia o poeta: “os ombros suportam o mundo”, não é mesmo?

Mas se não tentar ou não arriscar, você nunca saberá se daria certo ou não.

Quem fica na dúvida às vezes deixa de saborear o melhor.

Pois não quis pular para não se ferir. Teve medo.

Mas aí, não seria você, este legítimo canceriano!


Aquele mesmo que se dedica e se entrega de corpo e alma, do início ao fim.

Aqueles mesmos ouvidos tão atentos ao LS Jack agora sussuram baixinho: “se agora eu cato a alma pelos cantos a culpa não foi sua, eu te garanto. Eu sei e você não vai querer saber: a gente sempre sofre, a gente sofre sempre por querer”.


Então me despeço com Nei Lisboa, na sua linda canção “Telhados de Paris”: “enquanto invento aqui pra mim, um silêncio sem fim. Deixando a rima assim, sem mágoas, sem nada”.



Todos estes “poetas” ouvi ou li ontem e me acompanharam durante a madrugada por isso os citei.
Numa homenagem aos que, de alguma maneira, acalmaram a alma desta pessoinha aqui na segunda-feira que passou.

Vários deles beijos!

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