terça-feira, 8 de junho de 2010

Zé Povinho & Cia.

De vez em quando sinto a necessidade de ficar um pouco invisível e inalcançável aos olhos dos outros. É quando escrevo. Escrevo para aliviar a mente e o coração e geralmente relembrando fatos, situações do cotidiano, de algo que vivenciei, gostei ou simplesmente me decepcionei profundamente.
Como canta Ana Carolina em sua belíssima Pra rua me levar - "...momentos que são meus e que não abro mão".

Momentos estes em que uma certa ventania lá fora começa a me perturbar por dentro também. A rotina da gente compromete muito um julgamento perfeito das coisas, por vezes nossos olhos se embaçam e precisamos usar os olhos dos outros para poder valorizar o que é nosso. E geralmente crescemos com tudo isso. Reorganizamos o caos do nosso coração simplesmente escrevendo, colocando para fora tudo o que nos sufoca e que por vezes nos entristece por dentro. Faz parte do aprendizado.

As palavras nos salvam, nos libertam, nos aliviam a alma mas também nos deixam vulneráveis.

Desde março deste ano convivo diariamente com muitas pessoas. Diferentes personalidades misturadas num mesmo ambiente. Algumas geniais desde o primeiro olhar, outras nem tanto, dotadas de uma boa dose de individualidade, um preconceito absurdo na mente e muito mais preocupadas com a vida alheia do que com qualquer outra coisa, outras enxergando apenas seu próprio umbigo. Eis o "zé povinho" dando o ar da sua graça em Canoas também.

Mas aprendi a lidar com isso e não é de hoje, faz muito tempo. Dentro de um ambiente repleto de temperamentos diversos, nada mais natural do que haver um contínuo frescobol de palavras, uma grande diversidade de pensamentos e opiniões. Mas me acostumei a enfrentar um dia de cada vez. Mesmo diante das dificuldades sorrir.

Com o tempo tive de aprender a ser mais seletiva com as pessoas. Converso, brinco com muitos mas raros são os que permito compartilhar de minha vida por completo. As pessoas te julgam apenas olhando o teu rosto e, sem trocar uma única palavra presumem que já sabem tudo ao teu respeito. Por isso me resguardo e, como bom canceriano, me protejo e me defendo do "zé povinho" da vida.

Dedico meu carinho e amizade aos que merecem.

Tudo o que a gente diz numa mesa de bar acaba ganhando status de depoimento e, dependendo de quem estiver por perto, um dia tudo o que for dito, poderá se voltar contra nós. É por estas e outras que cuido tudo o que falo, não conto detalhes, tão pouco satisfaço a curiosidade alheia. Não por medo ou por ter algum segredo proibido mas por saber que a imaginação dos outros já é difamatória que chegue.

Christiane Torloni (minha eterna ídola) certa vez comentou em uma entrevista que as pessoas na verdade não se chocam com o que elas vêem e sim com o que elas imaginam ver. E é bem por aí.

Por isso algumas verdades a gente até deixa sair, outras a gente aprisiona. 
É claro que às vezes temos de ter a sensibilidade para perceber que para algumas pessoas é preciso dar pistas sobre nós mesmos para que tenham a oportunidade de nos observar, nos conhecer melhor pois não há como esperar que eles leiam nossos pensamentos. A vida não vem com instruções sobre o modo de usar, é preciso saber viver, ou como cantam os Titãs "saber viver" e saber viver a nossa vida e não a dos outros.

Meg Ryan 🐈💓

“Há quem não mencione a palavra amor e fale sobre ele em cada gesto que diz” Falar algo diferente de AMOR INCONDICIONAL pela guriazi...