domingo, 22 de dezembro de 2013

Que venha 2014!!! ;-)


"Há que se respeitar quem sofre de depressão, distimia, bipolaridade e demais transtornos psíquicos que afetam parte da população. Muitos desses pacientes recorrem à ajuda psicanalítica e se medicam a fim de minimizar os efeitos desastrosos que respingam em suas relações profissionais e pessoais. Conseguem tornar, assim, mais tranquila a convivência.

Mas tem um grupo que está longe de ser doente: são os que simplesmente se autointitulam “difíceis” com o propósito de facilitar para o lado deles. São os temperamentais que não estão seriamente comprometidos por uma disfunção psíquica – ao menos, não que se saiba, já que não possuem diagnóstico. São morrinhas, apenas. Seja por alguma insegurança trazida da infância, ou por narcisismo crônico, ou ainda por terem herdado um gênio desgraçado, se decretam “difíceis” e quem estiver por perto que se adapte. Que vida mole, não?

Tem uma música bonita do Skank que começa dizendo: “Quando eu estiver triste, simplesmente me abrace/Quando eu estiver louco, subitamente se afaste/quando eu estiver fogo/suavemente se encaixe...”. A letra é poética, sem dúvida, mas é o melô do folgado. Você é obrigada a reagir conforme o humor da criatura.

Antigamente, quando uma amiga, um namorado ou um parente declarava-se uma pessoa difícil, eu relevava. Ora, estava previamente explicada a razão de o infeliz entornar o caldo, promover discussões, criar briga do nada, encasquetar com besteira. Era alguém difícil, coitado. E teve a gentileza de avisar antes. Como não perdoar?

Já fui muito boazinha, lembro bem.

Hoje em dia, se alguém chegar perto de mim avisando “sou uma pessoa difícil”, desejo sorte e desapareço em três segundos. Já gastei minha cota de paciência com esses difíceis que utilizam seu temperamento infantil e autocentrado como álibi para passar por cima dos sentimentos dos outros feito um trator, sem ligar a mínima se estão magoando – e claro que esses “outros” são seus afetos mais íntimos, pois com amigos e conhecidos eles são uns doces, a tal “dificuldade” que lhes caracteriza some como num passe de mágica. Onde foi parar o ogro que estava aqui?

Chega-se numa etapa da vida em que ser misericordioso cansa. Se a pessoa é difícil, é porque está se levando a sério demais. Será que já não tem idade para controlar seu egocentrismo? Se não controla, é porque não está muito interessada em investir em suas relações. Já que ficam loucos a torto e direito, só nos resta nos afastar, mesmo. E investir em pessoas alegres, educadas, divertidas e que não desperdiçam nosso tempo com draminhas repetitivos, dos quais já se conhece o final: sempre sobra para nós, os fáceis."

(E quando eu estiver louco, se afaste - Martha Medeiros)

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Neruda na alma e coração


Desde el fondo de ti, y arrodillado,
un niño triste, como yo, nos mira.
Por esa vida que arderá en sus venas
tendrían que amarrarse nuestras vidas.
Por esas manos, hijas de tus manos,
tendrían que matar las manos mías.
Por sus ojos abiertos en la tierra
veré en los tuyos lágrimas un día.

Yo no lo quiero, Amada.
Para que nada nos amarre
que no nos una nada.
Ni la palabra que aromó tu boca,
ni lo que no dijeron las palabras.
Ni la fiesta de amor que no tuvimos,
ni tus sollozos junto a la ventana.

(Amo el amor de los marineros
que besan y se van.
Dejan una promesa.
No vuelven nunca más.
En cada puerto una mujer espera:
los marineros besan y se van.
Una noche se acuestan con la muerte
en el lecho del mar.

Amo el amor que se reparte
en besos, lecho y pan.
Amor que puede ser eterno
y puede ser fugaz.
Amor que quiere libertarse
para volver a amar.
Amor divinizado que se acerca.
Amor divinizado que se va.)

Ya no se encantarán mis ojos en tus ojos,
ya no se endulzará junto a ti mi dolor.
Pero hacia donde vaya llevaré tu mirada
y hacia donde camines llevarás mi dolor.
Fui tuyo, fuiste mía ¿Qué más? Juntos hicimos
un recodo en la ruta donde el amor pasó.
Fui tuyo, fuiste mía. Tú serás del que te ame,
del que corte en tu huerto lo que he sembrado yo.
Yo me voy. Estoy triste; pero siempre estoy triste.
Vengo desde tus brazos. No sé hacia dónde voy.
Desde tu corazón me dice adiós un niño.
Y yo le digo adiós.

(Farewell Y Los Sollozos - Poema de Pablo Neruda)

"do fundo de ti, e ajoelhada, uma criança triste, como eu, nos olha.
por essa vida que arderá nas suas veias teriam que se amarrar nossas vidas.
por essas mãos, filhas das tuas mãos, teriam que matar as minhas mãos.
pelos seus olhos abertos na terra verei nos teus lágrimas um dia.

eu não o quero, amada.
para que nada nos amarre, que não nos una nada.
nem a palavra que aromou tua boca, nem o que não disseram as palavras.
nem a festa de amor que não tivemos, nem os teus soluços junto à janela.

(amo o amor dos marinheiros que beijam e vão-se embora.
deixam uma promessa. não voltam nunca mais.
em cada porto uma mulher espera: os marinheiros beijam e vão-se embora.
uma noite se deitam com a morte no leito do mar.)

amo o amor que se reparte em beijos, leite e pão.
amor que pode ser eterno e pode ser fugaz.
amor que quer se libertar para tornar a amar.
amor divinizado que se aproxima. amor divinizado que vai embora.

já não se encantarão meus olhos nos teus olhos, já não se adoçará junto a ti a minha dor.
mas para onde vá levarei o teu olhar e para onde caminhes levarás a minha dor.
fui teu, foste minha. o que mais? juntos fizemos uma curva na rota por onde o amor passou.

fui teu, foste minha. tu serás daquele que te ame, daquele que corte na tua chácara o que semeei eu.
vou-em embora. estou triste: mas sempre estou triste. venho dos teus braços. não sei para onde vou.
… do teu coração me diz adeus uma criança. e eu lhe digo adeus"

(Farewell e os soluços - Poema de Pablo Neruda)


















(...) "Outra vez, eu tive que fugir
eu tive que correr, pra não me entregar
As loucuras que me levam até você
Me fazem esquecer, que eu não posso chorar"
(N.E.O.Q.A.V.)








Grata surpresa

Engraçada essa minha mania de "garimpar" músicas, ou cantores/bandas espalhados por esse mundão à fora. Falo daqueles que pouca gente conhece, enfim.

Muitos hoje fazem parte da minha trilha sonora. 
Diversos são meus preferidos até hoje. 
E descobri assim, ao acaso. E, ao ouvir determinada música, quis conhecer mais e mais.

Mas acho profundamente instigante minha capacidade de, por inúmeras vezes, aos já tão conhecidos no mercado musical ou, até mesmo aos que nunca dei chance de me permitir ouvir, me surpreenderem absurdamente.

Quando abri espaço, o fiz de mente limpa, coração aberto e ouvidos atentos.
Sem precisar julgar ou ter de dar opinião sobre o trabalho de cada um. Se bom ou ruim. 
Apenas libertar meus ouvidos para permitir que a canção me contagiasse, ou não. 

Mas estar aberta e disposta a isso. 
E, modéstia à parte, faço isso muito bem.

Eis então esta grata surpresa aqui. 

Música que um amigo postou, que resolvi ouvir com carinho, com cuidado e me encantei. 
E, confesso, jamais até então, havia me permitido ouvir "sem culpa", qualquer música de Ângela Rô Rô.
Que grata surpresa!! 


(...)
Agora quero ser somente eu
chega de arrombar portas abertas
fora todas as definições
não me ajusto em palavras certas
hoje sou mais eu e minhas emoções

Choro e rio
sou assim
canto livre pra me livrar de mim 

falo e faço
sou assim
canto livre pra me livrar de mim ♫

(Canto Livre - Ângela Ro Ro/Ana Carolina)

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Indiferença

Nunca me senti tão nada
diante de alguém que sempre foi tão tudo pra mim
e a quem tanto amo
era apenas mais uma ali
nem mais, nem menos
mas não julgo, não culpo
só lamento hoje, amanhã é outro dia
e tudo sempre passa
;-)

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Antes que seja tarde


Morada



Como cortar pela raiz se já deu flor?
Como inventar um adeus se já é amor?
Como cortar pela raiz se já deu flor?
Como inventar um adeus se já é amor?

Não quero reescrever as nossas linhas
que se não fossem tortas não teriam se encontrado
Não quero redescobrir a minha verdade
se ela me parece tão mais minha quando é nossa

Como cortar pela raiz se já deu flor?
Como inventar um adeus se já é amor?
Como cortar pela raiz se já deu flor?
como inventar um adeus se já é amor?

Não me deixe preencher com vazios 
o espaço que é só teu
não se encante em outro canto
se aqui comigo você já fez morada

(Morada - Sandy Leah/Lucas Lima/Tati Bernardi)


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

♫ Caso Indefinido ♪

Será que alguém explica a nossa relação
Um caso indefinido, mas rola paixão
Adoro esse perigo, mexe demais comigo
Mas não te tenho em minhas mãos

Se você quiser, podemos ser um caso indefinido
Ou nada mais
Apenas bons amigos, namorar, casar, ter filhos
Passar a vida inteira juntos

E vai saber se um dia seremos nós
Nenhum beijo pra calar nossa voz
Um minuto, uma hora, não importa o tempo
Se estamos sós

Se você quiser, a gente casa ou namora
A gente fica ou enrola
O que eu mais quero é que você me queira
Por um momento ou pra vida inteira!

(Cristiano Araújo - Caso Indefinido)



♪ Entre o céu e o mar ♫

Quantos labirintos, tem meu coração
pra eu me perder, e te encontrar
Quantas avenidas, tem o seu olhar
pra te seguir, e me guiar

Meu coração me leva
perto demais do seu
Meu coração nem sabe por que
o meu amor é bem maior que eu

Quem sabe o destino, ainda vai juntar
o céu e o mar, eu e você
Quem de nós um dia, iria imaginar
que o amor pudesse acontecer

Seu coração é livre
tanto que prende o meu
Seu coração nem sabe por que
o meu amor é tão igual ao seu

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

♪ ♫ Pra quem não vem ♪♫

Nem o céu resplandecente
Nem o mar, profundo azul
Que explodem comoventes
Podem te trazer aqui

Nem a dor dessa saudade
Futura flor que não abriu
Nem a distância entre as cidades
Podem te afastar de mim

Não vou dizer que não dói
Mas já senti tantas dores
Seria muito pior se você não quisesse vir

(Nando Reis - Pra quem não vem)





segunda-feira, 21 de outubro de 2013

♪♫ Cada vez quero mais ♪♫

Meu corpo quer você
Cada vez quero mais
E se você não vem
Meu mundo se desfaz

É o cheiro
Seu perfume
O seu jeito
Seus costumes
Que já me enfeitiçou
Apaixonado estou
O seu modo
Seus mistérios
O seu beijo como eu quero
Que já me conquistou

Apaixonada estou




quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Um dia especial


Que é que eu vou fazer pra te esquecer?
Sempre que já nem me lembro, lembras pra mim
Cada sonho teu me abraça ao acordar
Como um anjo lindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nenhum adeus pode apagar...

Que é que eu vou fazer pra te deixar?
Sempre que eu apresso o passo, passas por mim
E um silêncio teu me pede pra voltar
Ao te ver seguindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nenhum adeus pode apagar

Que é que eu vou fazer pra te lembrar?
Como tantos que eu conheço e esqueço de amar
Em que espelho teu, sou eu que vou estar?
A te ver sorrindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nenhum adeus vai apagar...

(Pra te lembrar - Nei Lisboa)
.......

Não consigo olhar no fundo dos seus olhos
E enxergar as coisas que me deixam no ar, me deixam no ar
As várias fases, estações que me levam com o vento
E o pensamento bem devagar

Outra vez, eu tive que fugir
Eu tive que correr, pra não me entregar
As loucuras que me levam até você
Me fazem esquecer, que eu não posso chorar

Olhe bem no fundo dos meus olhos
E sinta a emoção que nascerá quando você me olhar
O universo conspira a nosso favor
A conseqüência do destino é o amor, pra sempre vou te amar

Mas talvez, você não entenda
Essa coisa de fazer o mundo acreditar
Que meu amor, não será passageiro
Te amarei de janeiro a janeiro
Até o mundo acabar

(De Janeiro a Janeiro - Nando Reis)



Pra brindar os três anos de mudanças, de acontecimentos, de novidades, de encantos, de doces primaveras... As descobertas de sentimentos, de sensações até então não vividas, de pernas bambas, de mãos gélidas e trêmulas, da voz embargada diante de um sorriso iluminado, do arrepio diante de um olhar doce... O teu querido na canção que mais me faz recordar de ti e o meu querido, com a que me acolheu naquela noite de primavera. É possível que nem lembre disso mas, de qualquer maneira,

Muito Obrigada por ter surgido em minha vida! ;-)

Por fim, a musiquinha que adoro e que diz tanto sobre tudo isso aqui dentro :)








O amor mais bonito e pelo qual mais fiz loucuras também, mais abri mão da minha vida para fazer parte da sua, pra conhecer, pra ter por perto. O mais doce e que, apesar dos “apesares” todos, no seu tempo me fez muito feliz, encheu meu coração de alegria, de brilho, me encantou como ninguém, me fez querer esquecer o caminho de volta. O maior colecionador de trilhas sonoras da pessoa aqui, meu mais puro encanto. E será sempre, “de Janeiro a Janeiro”. Sensação igual jamais tive, tão pouco senti ou vivi.


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Talvez


Talvez hoje você queira apenas deixar de sentir dor 
Talvez você necessite voltar a nadar tudo o que pode 
Talvez você volte a sorrir daquele jeito bonito, de paz macia 
Talvez você tenha muito mais força e paciência do que imagina 
Talvez você precise aprender um pouco mais sobre a fé 

Talvez sua perda recente tenha feito você enxergar a vida com outros olhos 
Talvez por isso não aceite deixar o tempo passar, seja ainda mais intensa e direta naquilo que deseja de fato 
Talvez não hesite viver e aproveitar o momento, sem sobreviver de hora marcada, nem tristezas e lamentos
Talvez saiba muito ser livre, saudável e dona da alegria mais profunda 
Talvez precise apenas de um empurrãozinho para voltar a ser 

Talvez as mudanças de lua influenciem muito mais no seu humor do que uma simples TPM de nós, tão pseudo-normais 
Talvez as palavras sejam desnecessárias e você esteja cansada de ser centro de tanta zona de conforto 
Talvez você só precise deixar o tempo das coisas fluir em paz e diminuir um pouco o volume da barulheira mental

Talvez as coisas não estejam saindo como o esperado ou quem sabe seja você quem espere demais
Talvez não esteja fazendo a lição de casa corretamente 
Talvez você não se sinta mais feliz onde está e busque a estabilidade mínima que precisa 

Talvez você viaje pra longe daqui uns dias, em busca de novas propostas ou apenas a passeio com a família
Talvez a vida te surpreenda com música, estrelas e poesia
Talvez coisas certas aconteçam de repente 
Talvez você só precise de férias, um porre e um novo amor 

Talvez você saiba bem o que quer de verdade para a sua vida 
Talvez já não tenha tanta certeza assim daquilo que não quer mais 
Talvez esteja invertendo os papéis e precise redescobrir tesouros esquecidos
Talvez perca um pouco o teto para poder ganhar carinho das estrelas 
Talvez você só queira uma chance 
Talvez também esperem uma chance de você 

Talvez você tenha uma saudade imensa de alguém e não diga 
Talvez esteja bem cansada de parecer tão insistente 
Talvez isso já cantasse há tempos em seu coração 
Talvez você precise ser mais egoísta 
Talvez queira somente não perder mais tempo, amar, brincar, perdoar e aproveitar a vida
Talvez se surpreenda ainda mais com a própria capacidade de amar 

Talvez aquele não seja o amor da sua vida ou não queira ser 
Talvez ele nunca confie naquilo que sente ou nem imagine o tamanho da falta que faz
Talvez o seu amor seja levado a sério tarde demais
Talvez você precise reconstruir tudo dentro do peito outra vez
Talvez sua imensa coragem se encontre com seu medo mais intenso 
Talvez dê um passo a frente ou quem sabe, recue por infinitos meses 
Talvez viver seja mesmo "rasgar-se e remendar-se", segundo o poeta

Talvez você queira amar bem menos e ser bem mais amada
Talvez você esteja tentando não deixar o agora para depois
Talvez queira resgatar a distância que vai se perdendo aos poucos 
Talvez só precise afrouxar um pouquinho a idéia fixa, ser mais flexível com você mesma
Talvez busque ser feliz ao invés de tentar ser perfeita 
Talvez você procure apenas por barulho de vida 

Talvez você implore para que as partes que ainda lhe doem desapareçam 
Talvez ouça muita música ou cale-se por alguns dias para fugir do assunto 
Talvez essa dor passe e você escolha falar enquanto outros choram 
Talvez você volte a ser o motorzinho de antes, de nado tão leve e elogiado 
Talvez sua força nas águas seja tão intensa e profunda quanto aquele amor que guarda em seu coração



"Não é o sentimento que se esgota, 
somos nós que ficamos esgotados de sofrer ou esgotados de esperar, 
ou esgotados da mesmice" 

Martha Medeiros




"Como pode alguém sonhar
O que é impossível saber?
Não te dizer o que eu penso
Já é pensar em dizer
E isso, eu vi,
O vento leva
Não sei mais
Sinto que é como sonhar
Que o esforço pra lembrar
É a vontade de esquecer
E isso por quê?

Diz mais!
Se a gente já não sabe mais
Rir um do outro meu bem,
Então o que resta é chorar e, talvez,
Se tem que durar,
Vem renascido o amor
Bento de lágrimas"

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Desistir, jamais



Ontem chorei debaixo d’água.
Olhei ao redor e, ainda com os óculos embaçados, percebi colegas perplexos.
Como aquele motorzinho tão resistente e forte, pudera parecer de repente, tão frágil diante dos demais? 

Antes de adormecer, já dopada de remédios para dor, rezei.
Coisa que há muito não fazia.
E pedi que aquelas expectativas que tanto comprimem estômago e alagam meus olhos, se dissipassem.

Se não é para ser, que não mais rondem meus pensamentos.
Quero tão somente conviver com abraços que gritam, olhares que me escutam e um buquê imenso de sorrisos.
Nada mais.

Hoje acordei sem vontade alguma de abrir os olhos e um cinema mudo fazendo baderna em meu peito.
Mas com a certeza de não desistir da força que sei que ainda tenho aqui dentro.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O que a vida oferece

"Conversando outro dia com um senhor saudosista, ele me contou que quando sua filha tinha uns 10 anos de idade, ele costumava pegá-la pela mão e propunha: Vamos dar uma volta na rua pra ver o que a vida oferece.
Tanta gente aí esperando ansiosamente para ver o que a vida oferece, só que não sai de casa, e quando sai, não tem o olhar curioso nem o espírito aberto para receber o que ela traz. Infelizmente, já não caminhamos pela rua, a não ser num ritmo acelerado, com trajeto definido e com o intuito de queimar calorias.

Marchamos rumo a um melhor condicionamento físico, o que é um belo hábito, mas flanar, não flanamos mais. Não passeamos. As ruas estão esburacadas, há muitas ladeiras, o trânsito é barulhento e selvagem, compreende-se. Mesmo assim, a despeito de todos os inconvenientes, é preciso dar uma chance à vida, colocando-nos à disposição para que ela nos surpreenda.
Ao sair sem pressa, paramos numa banca de revistas e descobrimos uma nova publicação.
Dizemos bom dia para o jornaleiro e ele, gentil, nos troca uma nota de valor alto.
Na calçada, encontramos um velho amigo. Ou um artista famoso.
Ou alguém que sempre nos prejudicou e hoje está mais prejudicado do que nós, bem feito.
Na rua, pegamos sol. Paramos para tomar um suco de maracujá com maçã. Flertamos.

Um novo amor pode surgir de uma caminhada tranquila numa rua qualquer.
E uma nova proposta de trabalho pode surgir de um esbarrão num ex-colega: estava mesmo pensando em te procurar, cara! Se continuasse apenas pensando, nada aconteceria.

Na rua, o jeito de se vestir de uma moça inspira a gente a resgatar uma jaqueta que não usávamos mais. Bate de novo a vontade de ter um cachorro.
Descobrimos que é hora de marcar um exame minucioso no joelho direito, por que ele incomoda tanto? Encontramos umas amigas num bistrô e paramos um instantinho para conversar, e então ficamos sabendo de uma exposição que não se pode perder.
Passamos por uma livraria e damos mais uma namoradinha num livro que nos seduz.
Ajudamos uma senhora que está saindo com várias sacolas de um supermercado, não custa dar uma mão.

Aceitamos o folheto entregue por um garoto na esquina, anunciando uma cartomante que promete trazer seu amor de volta em 3 dias.
Você joga o folheto no lixo, e não no meio-fio.
Você compra flores para sua casa.
Você observa a fachada antiga de um prédio e resolve voltar ali com uma máquina fotográfica.
Você entra numa igreja, não fazia isso há anos.
Reencontra um ex-namorado que passa de carro e lhe oferece uma carona.
Você nem tinha percebido como havia caminhado e como estava longe de casa.
Aceita a carona.
Um novo amor não surgiu, mas seu antigo amor foi resgatado em menos de 3 dias, nem precisou de cartomante.
Pode nada disso acontecer, óbvio.
Mas sem dar uma chance à vida é que não acontece mesmo."

Martha Medeiros

Com medo e tudo...

“Foi quando começou a não se importar tanto de sentir tanto medo, que ouviu o convite, ainda tímido, quase sussurro, do próprio coração, esse sabedor do que, de verdade, importa: 

“Volta, com medo e tudo.” 
 Foi. 
 E começou a redescobrir que coragem, na maioria das vezes, é apenas voltar para o próprio coração. 
 É apenas calar a ausência devastadora e infértil dele. 
 É apenas sair do lugar para um ponto um pouquinho mais espaçoso e espalhador de sementes. 
 É apenas seguir. Com medo e tudo.” 

 Ana Jácomo

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Antes que o efeito expire


“Quando há ferrugem no meu coração de lata é quando a fé ruge e o meu coração dilata”

No quarto agora, depois de atender aos filhotes todos, com toda calma e paciência do mundo.
Ainda em estado de êxtase, euforia e muita, mas muita paz. Sorriso de orelha a orelha, olhos marejados de emoção e aqui cantarolando repetidos trechos de músicas.

“Nesse nosso desbravar, emanemo-nos amor. Até quando suceder de silenciar o que nos trouxe até aqui”

E esta sensação de tamanha tranqüilidade e leveza atende pelo nome de O TEATRO MÁGICO.
A espetacular trupe de Fernando Anitelli que nos faz esquecer todo e qualquer tipo de tristeza e nos remete direto ao doce e encantador universo da arte, teatro e poesia. Um domingo realmente de encher os olhos.
Delícia de show. Lindo, empolgante, vibrante, emocionante do início ao fim.

“E quando o nó cegar, deixa desatar em nós. Solta a prosa presa, luz acesa. Lá se dorme o sol em mi menor. Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior”

Mesmo tendo ido aos últimos dois shows deles, não perderia este por nada, pelo simples fato de me fazer imensamente bem. Um mundo de pura magia diante da gente, de música leve, letras carregadas de doçura, poesia que cativa, arrepia, contagia e encanta.
Que nos deixa em estado de graça, numa absurda e doce leveza. É o descansar temporário da mente, e principalmente, do coração que transborda de alegria. Como se pertencêssemos por alguns instantes a um outro mundo.

“E nos esquecemos da cor que tinha o céu. Assim, como a saudade ou uma frase perdida. Durma medo meu”

Saímos do show com uma imensa sensação de liberdade, como se fosse possível criar asas e sobrevoar a cidade, com uma vontade tamanha de tão somente atender aos impulsos do nosso coração. E, como num passe de mágica, pudéssemos nos transportar e estar diante do nosso amor.
Carregando apenas coisas boas no peito. Com a felicidade estampada nos olhos e apenas o brilho da lua nos abraçando forte.

“Tambor no meu peito faz o batuque do meu coração”

E é por isto que, de imediato escrevo aqui também. Para não ter tempo de passar o efeito do show. Eis eu abrindo uma vez mais meu coração, colocando-o outra vez tão exposto, na vitrine.

“Por que que o mar não se apaixona por uma lagoa? Porque a gente nunca sabe de quem vai gostar”

E a gente não sabe mesmo. Durante o show em que a gente viaja pra tão longe, se contagia com o espetáculo todo, sente de perto cada efeito que a letra nos traduz na alma, fiz uma pequena retrospectiva na cabeça. De tudo que me tocou nos últimos tempos e percebi que, de certa forma, fracassei. Não consegui ir além do ponto. Por tudo o que aconteceu, por todas as reviravoltas de nossas vidas, ainda assim, admito aqui, não ter sido capaz de expulsar vestígios seus do meu coração. Por razões diversas. Ainda assim, passado tanto tempo, não soube esquecer. Ou inconscientemente não quis. Pode ser. Não?

“Tua ausência fazendo silêncio em todo lugar. Metade de mim agora é assim: De um lado a poesia, o verbo, a saudade. Do outro a luta, força e coragem pra chegar no fim.
Só enquanto eu respirar vou me lembrar de você, só enquanto eu respirar”

Fugi o quanto pude nestes últimos e infinitos meses. Sempre que sabia da presença, não ia ou dava meia volta. Para não correr o risco de nos encontrarmos, para tão somente me preservar, me proteger de mim. E fugi infinitas vezes esse tempo todo, inclusive de mim e daquilo que me doía.

“Os olhos mentem dia e noite a dor da gente”

Sempre senti quando nos encontraríamos. E por quê? Confesso que desconheço, mas sempre soube desde o inicio. Inclusive já escrevi sobre isto.

“Toda volta parece o mais certo. Certo é estar perto sem estar”

Nestes últimos tempos, fugi ainda mais de todos esses pressentimentos, evitei, desviei de todos os caminhos que me levavam ao que sentia. Minha covardia em não saber como agir se encontrasse você feliz. Talvez seja isso. Ou não. Não sei. Mas evitei.

“Basta as penas que eu mesma sinto de mim. Junto todas, crio asas viro querubim. Sou da cor, do tom, sabor e som, quem quiser ouvir. Sou calor, clarão, escuridão que te faz dormir. Quero mais, quero a paz que me prometeu. Volto atrás se voltar atrás, assim como eu. Busquei quem sou. Você pra mim mostrou que eu não sou sozinha nesse mundo. Cuida de mim enquanto não me esqueço de você. Cuida de mim enquanto finjo ser quem eu queria ser. Cuida de mim enquanto não me esqueço de você. Cuida de mim enquanto finjo, enquanto fujo”

Queria muito que estivesse neste show para que, com todo clima mágico do ambiente, se desarmasse, assim feito eu neste momento. Livre e com a disposição apenas de se permitir trocar de lugar, sem pré-julgamentos, sem intermédio de ninguém, sem opiniões alheias, sem achômetros. Eu e você apenas. Sem interferência alguma.

“Quando a paz se anunciar dentro de nós é porque aquilo que nos cega, mostra o outro lado da moeda. Que não paga as coisas do meu peito. O jeito é me fazer acreditar, sou tão perto de você. Certo de você. Vida amarga, como é doce a dor da palavra dita de tão longe. Dita de tão longe”

Talvez falte um pouco de coragem para poder parar de dar tanta atenção às opiniões alheias e aprendermos a ouvir com mais cuidado a nós apenas, tão somente ao nosso coração. E é por isto que aqui estou, baixando um pouco a guarda, derretendo o gelo do meu coração. Não, não espero que faça o mesmo. Apenas peço que não julgue, simplesmente aceite.

“São Longuinho, São Longuinho pra onde foi a coragem do meu coração?”

Às vezes erramos muito. Longe, sem contato, optamos apenas por supor coisas, em acreditar no que outros dizem (afinal, são tão próximos e tão nossos amigos, não?). Cremos naquilo que, num primeiro momento, faz muito mais sentido, é próximo do real e palpável. E, assim deixamos de escutar o que nosso coração grita por dentro. Nos importamos tão mais com os outros, em ter de dar satisfação e explicar nossas atitudes e sentimentos a eles. Nos preocupamos com o que pensariam, o que diríamos e esquecemos da gente. Do que a gente realmente sente. Não é verdade? Bom... Tanto faz agora. Talvez seja bem tarde também.

“Antes tarde do que nunca, pra nunca mais demorar. Antes do homem o medo. Antes do medo o amor. Antes do amor a dúvida. Pois nem Deus sabe quem o criou e o que prevalece em nós”

A verdade é que AMO VOCÊ. Desde sempre, desde o início, ao primeiro olhar. Sei que no fundo sabe disso e que sempre duvidou também. Aí na sua cabecinha recheada de achômetros infundados e uma mente absurdamente fértil sempre soube dar um jeito de jogar este meu amor todo para qualquer outra pessoa, menos você. Um amor que talvez fique apenas guardadinho aqui dentro. Sem mais razão e nem chance de existir de fato. Mas ficará.

“Quando alguém se machucar dentro de nós. Toda culpa parece resposta. Nossa busca não parece nossa. Nosso dia já não tem mais festa. Não tem pressa e nem aonde chegar. Sou tão perto de você. Perto de você”

O amor mais bonito e pelo qual mais fiz loucuras também, mais abri mão da minha vida para fazer parte da sua, pra conhecer, pra ter por perto. O mais doce e que, apesar dos “apesares” todos, no seu tempo me fez muito feliz, encheu meu coração de alegria, de brilho, me encantou como ninguém, me fez querer esquecer o caminho de volta. O maior colecionador de trilhas sonoras da pessoa aqui, meu mais puro encanto. E será sempre, “de Janeiro a Janeiro”. Sensação igual jamais tive, tão pouco senti ou vivi.

Queria muito que tudo tivesse sido tão diferente.

“Solução é a solidão de nós. Deixa eu me livrar das minhas marcas. Deixa eu me lembrar de criar asas. Deixa que nesse verão eu faço sol...
Só me resta agora acreditar que esse encontro que se deu, não nos traduziu melhor. A conta da saudade quem é que paga? Já que estamos brigados de nada. Já que estamos fincados em dor. Lembra o que valeu a pena? Foi nossa cena não ter pressa pra passar”

É por ter esta certeza que escrevi este texto hoje quando cheguei tão leve, tão emocionalmente tocada pela poesia de uma das bandas mais fantásticas que conheci nos últimos tempos.

“Eu acho que tenho certeza daquilo que eu quero agora. Daquilo que mando embora. Daquilo que me demora. Eu acho que tenho certeza daquilo que me conforma. Aquilo que quero entender e não acomodar com o que incomoda. E a história que nem passou por nós direito ainda, pra onde é que foi?”

segunda-feira, 27 de maio de 2013

A fragilidade da vida

Passados mais de vinte dias e ainda não consigo voltar 100% à minha vida de antes. Não à rotina de trabalho, natação e futebol, mas a tudo por dentro. Feito algo que se perdeu pelo caminho. Em determinados dias há um vazio imenso, e no peito um coração que, por vezes, parece buzinar.



Somente hoje consegui escrever algo. Talvez pelo fato de ter chegado ao limite do suportável, ainda em estado de choque, tamanho barulho que se fazia aqui. Precisava colocar para fora de alguma maneira, mesmo que de um jeito todo atrapalhado. Esboçar em algumas linhas qualquer coisa para aliviar a alma, desafogar o coração e diminuir um pouco a tristeza. Através da palavra escrita: onde não há ninguém a testemunhar minha dor, meu choro.



A verdade é que já não tenho mais respostas para minhas perguntas. Jamais cogitei a hipótese da perda. Do adeus repentino sem tempo para despedidas, para um último abraço apertado.


Tentei de todas as formas imaginar tudo tão diferente, criei histórias na minha cabeça para que o final fosse feliz. E não foi. Dói demais perceber um amigo querido partindo do mundo assim, sem a nossa permissão.



É, sem nenhuma cerimônia este outono trouxe a nós dias de céu cinzento pela frente. Dias de cara amarrada, dias de apenas escutar o som do silêncio. Difícil tudo isso. E Choramos ouvindo músicas. Elas nos ensinam a sentir.


Lembro de duas perdas, de familiares, em que chorei muito e custei a assimilar a ausência. De minha madrinha “Tia Vina” e também de Sebastiana, minha avó de criação, e que mais amei. Mas nada comparado a este sofrimento. Nunca vivi esta sensação. Nunca perdi um amigo tão próximo e, definitivamente, não quero isso novamente. Que eu me vá antes de todos, pois não saberia passar por isso outra vez.



A vida é mesmo absurdamente frágil.



Desnecessário agora tentar entender qualquer coisa, procurar por respostas que não farão diminuir a dor.
Pouco importa hoje todos “achômetros” na volta, o “como seria se” e os infinitos dedos na ferida pela vida desregrada que se levava antes e após a notícia da enfermidade. Tanto faz. Não vai mudar o desfecho. Não o trará de volta pra junto da gente. Vai-se perdendo um pouco da referência. Aquele apartamento no terceiro andar do prédio 804 não mais estará com as luzes acessas à nossa espera. Não mais teremos o seu sorriso largo nos aguardando para jogar conversa fora em qualquer tempo, qualquer horário.



Têm dias em que é tudo tão mais complicado. As terças-feiras têm sido assim. Sempre mais difíceis, pensativas, reflexivas. Tão mais longas e tristes. Custa uma eternidade a passar. Quase impossivel achar outra cor que não o cinza para se pintar nestes dias. Onde os lugares todos parecem ser apenas de dor.



Sei que tudo isso passa. E que, mesmo com os olhos bem cansados de lutar contra o que nos fere, a ficha vai começando a cair. A revolta pela perda vai diminuindo e a gente vai aprendendo aos poucos a aceitar. No nosso tempo, gentilmente.



É o dar-se conta do quão frágil somos. Tão mais sensíveis e imunes às dores, ao que nos derruba de fato, que nos faz adoecer, nos despedaçar por dentro e nos exige solicitar ainda mais força dentro da gente.



Aceitamos apenas, mas definitivamente, não entendemos.



Porque é difícil compreender que alguém bom possa ir de uma maneira tão estúpida e dolorosa. Não, definitivamente, isto não é humano. Isto não parece coisa de Deus. Perdoem-me, mas sou muito cética quando o assunto é justiça divina. Impossível entender que alguém do bem precisasse sofrer tanto porque “Deus quis assim”. Não. Não me conforta ouvir coisas neste sentido.



E no calor da emoção da vez é muito difícil o “deixar ir”. Ainda há um lago profundo nos olhos, aquela lágrima que insiste em voltar para a garganta, uma vontade imensa de chorar e esmurrar paredes perguntando por quê? Por que logo ele, tão menino ainda? Por que tinha de ser assim, tão doloroso?

Mas, com o tempo, aquelas terças-feiras tão doídas passarão a ser de encontros da gente, de todos juntos, de recordar as coisas boas, de lembranças de alegria, de um olhar mais atento e generoso para os nossos sentimentos.
Não mais de dor. E assim serão todos os dias 30 também.



Meu querido brilhante e lindo por todos os lados, cuide-se de onde estiver.
Parece ter escolhido o dia certo para nos deixar, numa véspera de feriado, como se estivesse apenas esperando a senha para se despedir do mundo com a mesma suavidade com que o habitava.
Amo-te, meu doce amigo! Obrigada por tudo, por sempre!



Daqui, aos poucos, a gente vai se familiarizando com a ausência, se acostumando com a saudade desse amor que não enruga.

"De almas sinceras a união sincera
Nada há que impeça: amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera,
Ou se vacila ao mínimo temor.
Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
É astro que norteia a vela errante,
Cujo valor se ignora, lá na altura.
Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfange não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,
Antes se afirma para a eternidade.
Se isso é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou."

William Shakespeare



segunda-feira, 20 de maio de 2013

Por que é tão ruim sentir saudade


"Queria poder falar de perto, 
Saber por que tudo é tão distante,
Por que é tão ruim sentir saudade, 
E não ter nada além de sentir

Queria com as notas te encontrar 
e te falar da falta que você me faz,
Queria nos meus olhos te mostrar 
que o que eu sinto por você me deixa em paz.

Volta preciso do teu sorriso, é tudo sem sentido 
Preciso de você aqui..."

(Roberta Campos - A Sua Volta)

terça-feira, 9 de abril de 2013

Os Amigos Invisíveis


À Dada, Alisson, Gux, Daison e Chris Hoffmann.


"Os amigos não precisam estar ao lado para justificar a lealdade.
Mandar relatórios do que estão fazendo para mostrar preocupação.
Os amigos são para toda a vida, ainda que não estejam conosco a vida inteira.
Temos o costume de confundir amizade com onipresença e exigimos que as pessoas estejam sempre por perto, de plantão.

Amizade não é dependência, submissão.
Não se têm amigos para concordar na íntegra, mas para revisar os rascunhos e duvidar da letra.
É independência, é respeito, é pedir uma opinião que não seja igual, uma experiência diferente.

Se o amigo desaparece por semanas, imediatamente se conclui que ele ficou chateado por alguma coisa.
Diante de ausências mais longas e severas, cobramos telefonemas e visitas.
E já se está falando mal dele por falta de notícias.
Logo dele que nunca fez nada de errado!
O que é mais importante: a proximidade física ou afetiva?
A proximidade física nem sempre é afetiva.

Amigo pode ser um álibi ou cúmplice ou um bajulador ou um oportunista, ambicionando interesses que não o da simples troca e convívio.
Amigo mesmo demora a ser descoberto.
É a permanência de seus conselhos e apoio que dirão de sua perenidade.

Amigo mesmo modifica a nossa história, chega a nos combater pela verdade e discernimento, supera condicionamentos e conluios.
São capazes de brigar com a gente pelo nosso bem-estar.
Assim como há os amigos imaginários da infância, há os amigos invisíveis na maturidade.
Aqueles que não estão perto podem estar dentro.

Tenho amigos que nunca mais vi, que nunca mais recebi novidades e os valorizo com o frescor de um encontro recente.
Não vou mentir a eles - vamos nos ligar? num esbarrão de rua.
Muito menos dar desculpas esfarrapadas ao distanciamento.
Eles me ajudaram e não necessitam atualizar o cadastro para que sejam lembrados.
Ou passar em casa todo o final de semana e me convidar para ser padrinho de casamento, dos filhos, dos netos, dos bisnetos.
Caso encontrá-los, haverá a empatia da primeira vez, a empatia da última vez, a empatia incessante de identificação.


Amigos me salvaram da fossa, amigos me salvaram das drogas, amigos me salvaram da inveja, amigos me salvaram da precipitação, amigos me salvaram das brigas, amigos me salvaram de mim.

Os amigos são próprios de fases: da rua, do Ensino Fundamental, do Ensino Médio, da faculdade, do futebol, da poesia, do emprego, da dança, dos cursos de inglês, da capoeira, da academia, do blog. Significativos em cada etapa de formação.
Não estão em nossa frente diariamente, mas estão em nossa personalidade, determinando, de modo imperceptível, as nossas atitudes.


Quantas juras foram feitas em bares a amigos, bêbados e trôpegos?
Amigo é o que fica depois da ressaca.
É glicose no sangue.
A serenidade."

Fabrício Carpinejar

Meg Ryan 🐈💓

“Há quem não mencione a palavra amor e fale sobre ele em cada gesto que diz” Falar algo diferente de AMOR INCONDICIONAL pela guriazi...