quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Amadurecência

Acredito que a gente aprende a gostar de futebol ainda na infância, pelo menos comigo foi assim. Talvez pelo fato de contar com 4 irmãos mais velhos isto tenha se aflorado ainda mais.
Eu, particularmente sou apaixonada por futebol. Já fui bem mais fanática, confesso. Já chorei copiosamente em derrotas, em perda de campeonatos ou até mesmo em jogos de despedida (a despedida do Olímpico e do Danrlei são exemplos).

Já perdi as contas das discussões que me envolvi por conta de assuntos de futebol, da paciência elevada ao extremo dos extremos em tentar proteger os erros de um time medíocre ou desprovido de talento. Tudo em prol de uma defesa com unhas e dentes, a base de argumentos vazios para tentar justificar aquilo que era por vezes, injustificável. Perdi incontáveis vezes a razão em conversas sem fim quando o time jogava mal, sem alma, sem identificação alguma com aquilo que esperávamos da equipe. Tudo isso já vivi e muito.

Hoje não perco mais o meu sono por derrotas sofridas, não me envolvo em comentários ou flautas quando estas são totalmente insalubres ou desnecessárias. 
Hoje abstraio por completo.

Em casa só ligo a TV quando tem Christiane Torloni na tela ou qualquer partida de futebol. Sempre assisto, mesmo que não seja do meu time. Gosto de futebol em si. Os domingos de bobeira em casa são totalmente sem graça quando não tem futebol. Tal qual a fórmula 1 pós 1994, sem Ayrton Senna. 

Ainda vibro e muito, me empolgo e me envolvo por este Grêmio de atualmente, mas sem lamentar com sofrimento exagerado caso a vitória não venha ou ocorra uma desclassificação prematura. Aprendi a desviar o foco de discussões calorosas apenas com o intuito de colocar a prova todo conhecimento e paixão de cada um. 

Acho que é por isso que o futebol é tão emocionante. Esta “amadurecência” que também vamos adquirindo com o passar dos anos, com as decepções do mundo da bola ou simplesmente pelo cansaço de tanto exagero. Chega um momento em que damos um basta para aquilo que só faz mal para nós mesmos, aquilo que corrói e até machuca dentro da gente. Quando o amor ao clube se torna uma doença é muito perigoso. Tenho exemplo bem próximo, inclusive. E me entristece ver tamanha “cegueira” em prol de um time de futebol, uma rivalidade que ultrapassa a linha do saudável. 

Lembro quando me percebi muito mais Portaluppiana que gremista: 30 de junho de 2011. Ouvia na rádio, Renato aos prantos se despedindo do comando técnico do Grêmio. Mesmo tendo tirado o Grêmio da zona de rebaixamento para o 4° lugar no campeonato daquele ano, com a melhor campanha no returno, sendo indicado ao prêmio de melhor treinador e garantindo vaga para a Libertadores de 2011, pedia demissão do tricolor. 

Após vários resultados ruins no campeonato brasileiro de 2011 e, principalmente depois de perder o Campeonato Gaúcho para o Inter, não conseguiu dar continuidade ao trabalho. Se despedia entre lágrimas do comando gremista. E eu fiquei umas duas horas estática, olhando para os céus, sentada em um dos bancos do condomínio onde moro, com um chimarrão na mão. Não estava acreditando no que ouvia. Estava perplexa. Meus olhos pareciam verdadeiras cachoeiras. Chorei de soluçar, tal qual uma criança. Já escrevi sobre isso, inclusive. 

Aquela noite foi difícil, bem difícil. Dias depois me desassociava do Grêmio. Desde 1998, era a primeira vez que abandonava o tricolor sem olhar para trás. Ali também surgia o meu desencantamento pelo futebol. Já não me sentia mais tão visceral, com aquele sentimento incontestável de amor pelo Grêmio que transcendia qualquer entendimento. Já não nutria aquela tendência ao exagero e à euforia desenfreada que todos que são apaixonados por futebol compreendem perfeitamente. Parecia que a magia havia se quebrado ou, de alguma forma adormecia algo dentro de mim.

Eis que no ano de 2013, como presente antecipado de aniversário, Renato retorna ao Grêmio. Era 01 de julho. Mas, mesmo levando a equipe ao vice campeonato brasileiro daquele ano, não teve o seu contrato renovado. Em época eleitoral ocorre muito isso nos clubes. Os candidatos que não aprovam o atual gestor do grupo, optam por não se comprometer na renovação de contrato. É a política influenciando o futebol. Quem perde com isso? O clube, sempre. E, mais uma vez não mais colocaria os meus pés no estádio como sócia.
E eu pensava com meus botões: Não seria a hora dele de novo, é isso mesmo? Não era a nossa vez de vê-lo alçar voos maiores com o tricolor. Que pena! :/
Aquele gaúcho de Guaporé, ex ponta direita e um dos maiores pontas mundiais dos anos 80 e início dos anos 90, mais uma vez nos dizia “até breve”.

Mas, quis o destino que em 18 de setembro de 2016,  o maior ídolo da história  do Grêmio, maior jogador da história do clube, tendo sido campeão da América e do Mundo em 1983, acertasse seu retorno ao Grêmio.
Era sua terceira passagem pelo clube e também minha volta à Arena. 

Fez sua estreia no jogo de volta pela Copa do Brasil, diante do Atlético Paranaense (que tinha no elenco o meu eterno queridinho, André Lima). Perdemos o jogo de 0 x 1 com gol justamente do Guerreiro Imortal. E a decisão foi para os pênaltis. Li certa vez que "a sorte e o revés sorriem para todos indistintamente" e aquela noite seria de sorte ao time do Grêmio. Marcelo Grohe garantiu nossa passagem à fase seguinte.

A partir de então, sob o comando do ídolo gremista, surgia um time brigador e envolvente. Renato em questão de dias já obtinha uma liderança sem igual sobre o vestiário. Tinha o grupo literalmente nas mãos. Ele sabia mexer decisivamente no time ao longo das partidas, tinha estrela. 

Aquele então ponta direita, alto, driblador, ótimo cabeceador e com boa técnica mostraria ao Brasil que estava pronto. Era um Renato diferente. Mais comedido, mais reflexivo e maduro. Um cara que aprendeu como ninguém a fazer uma leitura pontual dos jogos, por vezes de forma cirúrgica. Prova clara da sua “amadurecência” com o passar dos anos como treinador. Não havia perdido a essência e irreverência de jogador de outrora, é bem verdade. Continua mito. É incontestavelmente o maior ídolo. Mas agora complementa ao seu currículo, juntamente com seu carisma e talento de sempre, a imensa capacidade plástica como técnico de futebol.

E, em 7 de dezembro de 2016, foi Pentacampeão da Copa do Brasil com o Grêmio após vencer o Atlético Mineiro por 3–1 no primeiro jogo, e no segundo empatar em 1–1. Quis o destino e todos os anjos no céu que fosse com ele o fim do jejum de 15 anos sem títulos de expressão nacional do Grêmio. Que fosse com Renato a volta do Tricolor à elite do futebol brasileiro. 

Agora sim, senhores, a cidade voltava ao normal. Tudo estaria em ordem novamente e o Grêmio com o melhor futebol do Brasil. A partir dali seriamos a vitrine, o time a ser batido. E o futebol, sob meu ponto de vista, voltava a ser mágico e fascinante. Era Renato – O Cara no comando daquele exército gremista.

Quando comentam que somos fanáticos e que todo aquele blá blá blá de idolatria a Renato é uma loucura, sabemos que não é. No Grêmio o protagonista não é Luan (melhor jogador da América) ou Arthur e toda sua maestria com bola. No Grêmio a estrela é Renato. Só quem é um verdadeiro torcedor sabe e tem a real dimensão disso. E percebe que é algo inexplicável. Apenas vive-se e se sente. 

Sou bem suspeita para falar de Renato, é a máxima verdade. É meu maior ídolo desde sempre. E, como já mencionei anteriormente, sou mais Portaluppiana que gremista, é fato. Agora era preciso que ele ficasse para o próximo ano também. Caso ele ficasse e nos desse o Tri da América, prometi que pintaria meu cabelo de azul. 

Foi a volta de Renato e, ao mesmo tempo esta transformação no jeito de jogar, no envolvimento em geral do time do Grêmio e notório comprometimento de cada jogador com o clube, que me fez reviver o encantamento pelo futebol. Resgatou em mim aquela alegria e vibração da valorização da camisa tricolor que nos enche o coração de orgulho. 
A volta daquele arrepio, o sentir dos batimentos cardíacos ultrapassarem a sensação de bem-estar. Este sentimento que hoje não encontro palavras para diagnosticar veio junto com o retorno de Renato. Trouxe de volta em mim a paixão e emoção pelo Grêmio.

Veio 2017 e o caminho já estava traçado, seria o ano do foco 100% na Libertadores. Tínhamos o melhor time do campeonato gaúcho, mas perdemos na semifinal em cobranças de pênaltis para o Novo Hamburgo, que se sagrou campeão gaúcho na final disputada com o nosso coirmão. Nem sempre o melhor time é o que vence e o momento era então de não perder o rumo e apostar no nosso objetivo principal que seria a reconquista da América após 22 intermináveis anos. 

Estivemos bem perto, há alguns anos, é verdade. Chegamos a disputar a final de 2007 contra o Boca Juniors, da Argentina. Mas amargamos o vice-campeonato naquele ano. 2017 reservava ao Grêmio manter-se no topo da Copa do Brasil (éramos os atuais campeões) e também Campeonato Brasileiro, muito embora todos soubéssemos que seria uma tarefa um tanto quanto difícil. Seria ousadia demais também querer beliscar todas os campeonatos. 

E isso percebeu-se no decorrer do ano e no acúmulo dos jogos decisivos. Começaria então a afunilar as competições, os clubes mais capacitados seguiriam adiante, na busca pelos títulos. 
E quase fomos à mais uma final de Copa do Brasil, perdemos a semifinal nos pênaltis (de novo) para o Cruzeiro, que se sagrou o campeão. Mesmo “MilaGrohe” defendendo 3 penalidades, não era a noite do Grêmio, definitivamente. 
E Marcelo ao final do jogo disse: “Queria não ter defendido pênalti algum, mas ter classificado o Grêmio à final. Quem sabe Deus não está nos reservando algo maior mais lá na frente”? Agora já não estávamos sozinhos como os maiores campeões daquele torneio. O Cruzeiro passava a nos fazer companhia no Pentacampeonato. :/

Perdemos uma Copa do Brasil que estava caindo de madura, deitando no colo do Grêmio e isso foi muito frustrante. Tínhamos o melhor time, indiscutivelmente. O melhor futebol do brasil era jogado pelo Grêmio. Nenhum outro clube possuía tamanha desenvoltura em campo. Foi um golpe muito difícil de assimilar. Eu, pelo menos senti muito esta eliminação justamente por estar tão perto o título e ter a consciência da superioridade do time de Renato. O Hexa escapava por entre nossos dedos. 

Lembro que no ano anterior não havia ficado tão ansiosa. Acredito que tenha sido pelo fato de, na época, o Grêmio não ser o favorito ao título. Palmeiras possuía o melhor elenco, melhor futebol. Mas, ainda assim, superamos. Não imaginava que vencêssemos o Atlético Mineiro na final e vencemos mesmo com o time deles sendo recheado de medalhões como Fred e Robinho. 
Enfim, cada jogo é uma emoção diferente e era preciso engolir o choro e voltar ao nosso maior objetivo maior do ano de 2017, que era a Libertadores da América. Nossa verdadeira obsessão.

Estivemos próximos da conquista do brasileirão deste ano, mas por ter de optar entre as competições no decorrer do caminho, abrimos mão em diversos jogos ao escalarmos um time totalmente de reservas. Motivo este de certo jornalista imbecil (que não vou dar ibope citando nome) ter “rogado” praga ao time do Grêmio dizendo que não conquistaríamos NADA em 2017 por termos “desdenhado” do campeonato brasileiro. O que não procede. 

Até onde pudemos, brigamos pelo título. Mas, é bem verdade também que, o Corinthians fez um primeiro turno irretocável, abrindo uma vantagem muito difícil de ser batida em uma competição por pontos corridos. 

Sem mencionar o fato de não poder contar todo o ano com nosso “maestro” Douglas (e principal jogador da conquista do Penta em 2016) por conta de uma grave lesão. Perdemos também meias importantes no decorrer de 2017 como Bolaños e Gata Fernandes que seriam os substitutos imediatos de Douglas. O capitão do Penta, Maicon também se lesionou. Vendemos o Pedro Rocha (titular do time) e com ele, perdemos muito no setor ofensivo da equipe. 

Foi preciso improvisar. Geromel e o próprio Luan estiveram ausentes também por lesões durante várias partidas do brasileirão, assim como em outras decisivas da Copa do Brasil. Era o reflexo do desgaste que se abatia sobre o elenco gremista. Efeito de jogos exaustivos, decisivos e acúmulos de partidas durante o ano todo.

Ainda assim, contra tudo e contra todos, aos trancos e barrancos, conseguimos alcançar nosso maior objetivo. Recuperando um jogador ali outro aqui, repondo peças, substituindo outras, estávamos a apenas dois jogos da tão esperada conquista. 

As datas estavam definidas: 22/11/2017 e 29/11/2017. Cheguei a brincar com amigos que estávamos próximos do Natal, com o ano de 2018 batendo na porta, mas o dia 22 de novembro não chegava nunca, tamanha ansiedade. 

O primeiro jogo seria na Arena e a decisão, tal qual em 2007 na Argentina. Só que desta vez o adversário seria o Lanús, de melhor campanha entre os 4 semifinalistas, o que garantia a decisão em seu estádio. Time que nos dois confrontos anteriores à final havia revertido placar totalmente adverso contra o São Lorenzo (time do Papa) e o River Plate, também da Argentina. Não seria um jogo nada fácil. 

Durante a semana que antecedeu não se falava ou pensava em outra coisa que não fosse sobre o jogo. Uma atmosfera diferente se fazia sentir. Não era medo, era uma sensação estranha difícil de explicar. O planejamento de um ano inteirinho estava por se concretizar. Mas poderia não ser positivo o resultado final, o que colocaria em aberto infinitos questionamentos sobre as prioridades estabelecidas. Teríamos feito a escolha correta quando lá no início elegemos a Libertadores como nosso maior objetivo? Que as palavras de Grohe ao final do jogo contra o Cruzeiro pudessem fazer sentido dali alguns dias.

O tão esperado dia chegou. E a primeira batalha de 180 minutos brilhava diante dos nossos olhos. O céu mal começava a se abrir e o pulsar da festa já se fazia sentir.
No trabalho o dia se arrastava, os ponteiros do relógio definitivamente não se mexiam. Impossível manter a concentração ou falar sobre qualquer coisa que não fosse o jogo daquela noite. 

A partir das 12h já se tornava visível o efeito nas ruas. Eram bandeiras, camisas, buzinas, tudo numa única vibração e sintonia. Era o torcedor a caminho do estádio ou se organizando para o momento do jogo. Quando se fala em futebol, não tem jeito. É imprescindível se falar em emoção, paixão e todo sentimento que transcende qualquer outro significado ou explicações da palavra amor. 

Não existem dicionários ou fronteiras para esse amor incondicional. Apenas se sente. E aquela noite não seria diferente. A Arena iria pulsar em preto e branco, unidos pelo azul. Os minutos passavam lentamente e a euforia tomava conta de cada um. Os nervos já à flor da pele, numa mistura de ansiedade e calmaria, sem explicação. 
A contagem era regressiva para o apito inicial. 

E foi um jogo extremamente difícil. O Grêmio parecia nervoso, com medo de levar gol. Travado em campo. Tão preocupante quanto o desempenho do time no primeiro tempo desta partida tinha sido o cartão amarelo recebido por Kannemann, que o tiraria do jogo de volta.
Já passávamos da metade do segundo tempo e nada do gol tricolor. 

Mas, na casamata havia o mestre da equipe e quis o destino que aquela noite tão complicada e demasiadamente importante fosse decidida num detalhe.
Aos 37 minutos do segundo tempo, após mexidas cirúrgicas de Renato, Cícero faria o gol da vitória com um leve toque de pé esquerdo aproveitando escorada de cabeça de Jael. Através dos seus "cascudos", brilhava uma vez mais a estrela de Renato como técnico, o que nos garantia certa vantagem para o jogo de volta. A arbitragem na Arena foi horrível, muito fraca mesmo. O juiz chileno ainda optou por não marcar um pênalti claro em Jael no último minuto do jogo, o que (se convertido), aumentaria a vantagem para o jogo na Argentina. Agora era torcer para o substituto imediato do Argentino Kannemann, e tão contestado Bressan, desse conta do recado no jogo de volta.  Preparação total para a batalha final do dia 29.

Estávamos então a um empate na Argentina para sermos tricampeões da América. Bastava sair "vivo" de La Fortaleza para conquistarmos com Portaluppi mais um título em 15 meses de comando tricolor. E, com a mão de Renato o Grêmio estava na quinta final de Libertadores da sua história. Ganhou do Peñarol (1983) e do Atlético Nacional (1995) e perdeu para Independiente (1984) e Boca Juniors (2007).

Aquela era a melhor sensação do mundo. E só o futebol permite isso. É o esporte com a maior capacidade de despertar semelhantes emoções em toda sorte de pessoas. Pouco importa a classe social, o futebol move a todos, independentemente de crenças ou etnias. Em todo lugar do planeta o sentimento é o mesmo.

Por Deus, não entendo como a estátua dele ainda não está pronta. A conquista do Penta no ano passado, após 15 anos sem títulos por si só já era digna de uma homenagem de tamanha magnitude. A última final do Grêmio havia sido há 10 anos, quando perdemos para o time de Riquelme. Há 22 anos sem um título Internacional. É muito tempo para um clube feito o Grêmio.

No jogo de volta o atual campeão nacional da Argentina preparou toda a festa, só esqueceu de jogar bola. O Grêmio simplesmente não tomou conhecimento do time do Lanús. Foi para cima como se estivesse jogando na Arena e numa arrancada sensacional de Fernandinho, menos de 20 minutos do início da partida, fazíamos o gol em solo Argentino. 

Era o momento divino de extravasar todos os sentimentos. A Arena com mais de 40.000 gremistas, pulsava na pista e arquibancada da Fanfest. O descontrole era geral. Uma sensação incomparável. E mais uma vez me senti criança. Agarrei ainda mais forte a bandeira junto ao peito e, de joelhos, em lágrimas, beijava minha medalhinha agradecendo tamanho feito. 

Estávamos ainda mais perto do tão sonhado título e o estádio era uma alegria só. Paixão de torcedor realmente não se explica. Aquela vibração que contagia e toma conta da gente. É o olhar para o lado e se comover com o choro e emoção de um bando de marmanjos desconhecidos, é vibrar a cada lance disputado, é entrar no clima, é sentir no peito a sensação de estar dentro de campo como se fosse o 12° jogador. 

O Grêmio passeava em campo e não tardou a brilhar a estrela do menino Luan, num lance maravilhoso ele marcava o segundo gol do Grêmio. Uma pintura de gol, mais belo que as flores. Era um GOLAÇO, digno de uma final de campeonato. Para emoldurar, para ficar marcado na história. Àquela altura o meu sorriso já era de uma criança, estampando no rosto toda alegria e choro durante toda a partida com os olhos encharcados de amor.

Torcida do Lanús em total silêncio, ouvia-se apenas os mais de 5.000 gremistas cantando e sentindo toda felicidade do TRI tão perto. Era o La Fortaleza se pintando de azul, preto e branco. No segundo tempo o Grêmio apenas administrou a partida e o Lanús, por jogar em casa, dava indícios de que queria estragar a festa. Conseguiu um pênalti, mas nada que apagasse tamanha festa que se fazia em solo argentino. 

Era o Grêmio copeiro que estava de volta. Os gritos de tricampeão começam a fazer eco entre as pessoas, sem limites para tamanha emoção e alegria. Fim de jogo e festa nas ruas e a Argentina literalmente estava pintada de azul. É um amor inexplicável, loucura total. 

Fazia-se festa na Arena, na Goethe e no “La Fortaleza”. Em todos os lugares do mundo o céu se pintava nas cores do Tricolor. Que descontrole, que lindo! Comemorações nas ruas numa felicidade completa. O Grêmio sagrava-se TRI CAMPEÃO DA AMÉRICA e estava apto a disputar o MUNDIAL DE CLUBES, em dezembro nos Emirados.

O encantamento pelo futebol nos permite vivenciar tudo isso de uma maneira tão visceral e emocionante. Naquela noite Renato entrava para a história do Grêmio e também da Libertadores! Seria o PRIMEIRO BRASILEIRO a vencer a Copa Libertadores como jogador e também como treinador, se juntando aos argentinos Humberto MaschioRoberto FerreiroJosé Omar PastorizaNery Pumpido e Marcelo Gallardo, além dos uruguaios Luis Cubilla e Juan Mujica. E isto não é pouca coisa não!

Algumas pessoas não entendem a dimensão de toda essa magia que envolve o futebol. Mas nunca foi apenas futebol. É muito mais do que isso. É paixão, emoção, vibração.

E lá fui eu pintar meu cabelo de azul e aqui estou eu escrevendo uma vez mais sobre futebol, uma vez mais sobre Renato – O Cara!

Muito obrigada, Renato Portaluppi. Meu técnico. Meu ídolo. E agora, meu “Rei da América”!

Saudações muito mais Portaluppianas. 💙🇪🇪

segunda-feira, 31 de julho de 2017

4 de julho

Mesmo distante, as mãos se reconhecem e se apoiam. 
Esqueci por completo de que o aniversário era meu e que a noite era de Grêmio pela Libertadores. 
A festa que acontecia era do lado de dentro.
Durante o trajeto, lindas lembranças me acompanharam. É... O intuitivo é realmente uma bênção. Sempre é.
Em um mundo em que há regras pra tudo, e tantas para uma vida tão intensa e ao mesmo tempo tão breve,  é preciso encontrar um atalho, abreviar, criar espaços... E, quando me dei conta já estava lá, no corredor do Moinhos. Logo eu, tão avessa a hospitais.

No elevador, a caminho do quarto, percebi que tremia, feito um certo 20 de julho ou outros tantos reencontros desta vida. Antigas reticências minhas com bem mais de três pontos eu diria. E o que importa? Por hora dispenso qualquer tipo de entendimento. Prefiro a sensação da doce alegria no cantinho do peito carregada daquele cheirinho de paz e a imensa gratidão por sua existência em minha vida. 

Naquela noite quis tanto te abraçar forte, te colorir, segurar tua mão. Levar um pouco de sol àquele olhar momentaneamente tão frágil. Mas optei pelo esforço além da conta em demonstrar serenidade, ainda que carregasse uma banda de música dentro do peito. O coração essencialmente puro e cuidadoso deixei por lá. 

E, apesar das circunstâncias todas que se deram, o presente foi meu. E aquele 4 de julho foi um dos meus melhores aniversários também, com direito à vitória do Grêmio em solo Argentino.  
😍💙

terça-feira, 20 de junho de 2017

Meu Brad Pitt ♥

"Nem sempre a minha gargalhada é feliz, ela pode ser tristeza pura. Às vezes meu riso é dolorido. O meu não-te-preocupa-que-eu-tô-legal vem com legenda me-abraça-e-não-me-solta-mais... Não sou difícil, só tente me ler direito, com a alma aberta"
(Clarissa Corrêa)

Dois meses se passaram desde tua partida e, confesso ainda não me acostumei a não chorar por tua ausência.

Não me preparei pra tua despedida. Por mais que esse fosse um amor com data marcada, sempre torci pra que esse dia nunca chegasse.

Como é complicado se sentir impotente diante das circunstâncias todas que se deram. É demasiadamente difícil não chorar diante dos teus manos. Não desmoronar diante do olhar de interrogação deles. Como se perguntassem quando o trarei de volta pra casa. Parece que a qualquer momento encontrarei teus olhos sorridentes esperando pela minha chegada.

Sinto culpa por não tê-lo mais aqui junto da gente, por não ter feito mais. Pelo tanto que fiz não ter sido suficiente pra te ajudar. Dói pensar que insisiti com medicação e cuidados em casa e talvez tenha demorado a decidir pela internação. Quem sabe ainda estivesse por aqui nos encharcando de amor.

Em cada pedacinho meu tua falta é gigantesca. Falta tu em cada cantinho da minha vida, meu príncipe. Em cada espaço do apartamento sobra um bocado de saudade, de lembranças das tuas andanças, do teu atrapalhado enganchar de unha no sofá ou no forno do fogão.

Ainda encontro teus pêlos pela casa e sempre que isso acontece meu peito transborda de amor. Não encontrei coragem de tirar o pratinho que ficou sobrando. Parece combinar tão bem no tapetinho de vocês. Ah, meu querido alemão... Quanta falta tá fazendo! :/

Sinto falta do teu olhar apaixonado, do ronronar carregado de afeto, do jeito desajeitado de pedir carinho na barriga, das tuas unhas sujas, do teu pêlo dourado, do teu miado estranho e ao mesmo tempo tão doce.

Torço para que já esteja adaptado ao teu novo lar, menos assustado por estar longe de casa. Mas, com menos saudades do que nós que ficamos. Que esteja cercado de carinho. Sendo muito mimado e amado.

Sei que meu Brad viveu por mim. Amou e foi muito amado também. Na verdade foi a alma mais devotada e apaixonada que já conheci até hoje. E isto é o que conforta e importa de fato. Te amo, meu filho!

Nos meus momentos mais escuros solto a gargalhada mais alegre pra camuflar a tristeza. Mas sinto um medo enorme dessa dor não passar.

Enquanto isso, vou esperando a dor virar somente saudade e a saudade se transformar em doces e alegres lembranças.


segunda-feira, 13 de março de 2017

Nem sequer dormi



Naquela noite eu nem sequer dormi
O sentimento ainda tava ali
Atravessado atrás dos meus botões
Desafiando livros e canções
Só das paredes eu não escondi
Nada e ninguém pra me aparar a dor
Chorei com força pra secar o amor
Que reviveu assim que eu te revi

Parece até que eu não tive mais vida
Parece até que eu não fui mais feliz
Mas a verdade é que você é o melhor de tudo o que eu vivi
E agora se quiser bater à porta eu vou abrir

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Desalento



Onde quer chegar
Um amor assim
Maior
Não saber de cór
Pra poder errar e ver

O que só está
Pra quem arriscar
Perder
Apostar e ter
Sorte de também
Ganhar

Mesmo sem estar ♪

TÔ NAQUELA BLUSA QUE EU SEI QUE É AZUL
SÓ PRA ME IRRITAR INSISTE EM DIZER QUE NÃO É

TÔ NA SOLIDÃO DO ELEVADOR
NO TEU COBERTOR, NO FILME DE AMOR
SEJA ONDE FOR
EU TÔ AÍ
MESMO SEM ESTAR

SAIBA QUE EU SEMPRE TÔ AÍ

Meu sol



Só pra você
Eu tenho os olhos e meu coração
Espero o teu sorriso e as tuas mãos
Não esquece, o Sol renasce amanhã
A vida, enfim vivida de manhã

Quando tenho você
Sempre você é
Meu Sol

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Anavitória III

Me prova, me enxerga, me sinta, me cheira
E se deixa em mim
Me escuta no pé do ouvido
Todos teus sentidos
Que afetam os meus
Que querem te ter
Que tu me escreveu
E mais uma vez

Me bordou

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Anavitória II


♪ 
Eu que sempre quis acreditar 
Que sempre acreditei que tudo volta
Nem me perguntei como voltar 
Nem porque

Agora eu quero ir

Meg Ryan 🐈💓

“Há quem não mencione a palavra amor e fale sobre ele em cada gesto que diz” Falar algo diferente de AMOR INCONDICIONAL pela guriazi...