quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

♥ (...)


♫ Então eu preciso te dizer que agora eu sei
Que até mesmo um grande amor pode não bastar
Aprendi com você que no dia a dia o grande amor
Abrange sonho e vida real ♪



♪ Oh, mana
Não vale a pena pagar
Um centavo, um retalho de prazer
Oh, mana
Eu quero é morrer
Bem velhinho, assim, sozinho
Ali, bebendo um vinho
E olhando a bunda de alguém ♫




♥ (...)
"A vida é isso: Riachos de amor, mares de saudade e cachoeiras de arrependimentos.
Então, que aprendamos a nadar...
Vou embora com um sorriso no rosto pelo simples fato de saber que ele combinava com o seu"
Frederico Elboni

Bordada de Flor




A melodia invadiu, suavemente, o interior do carro, trazendo um arrepio bom. 
As lembranças escaparam do baú e condensaram nos olhos, deixando claro que tudo aquilo que foi bom ainda perdura e é parte minha. Lembro que fugi do tom em meio a um soluço. 
E solucei bem no refrão. Repudiei-me um pouco por perder a graça da música que tocava, mas o estribilho se repetiu tantas e incontáveis vezes, que inspirei aliviada ao absorver cada letrinha que penetrava em mim.

Teve uma época que jurei nunca mais, nunquinha, voltar a lembrar de você, mas tem tanto traço teu nas nuances da rotina, que se torna impossível não tornar parte minha. Assim como cantou Renato Russo — e outros tantos! — é quase sem querer que você se torna lembrança. Acostumei-me tanto a esbarrar nas coisas que são tão tuas, que quase não mais percebo. Entende moço, eu mudei depois de tudo, sabe? E cada dia mudo mais. Vejo isso nitidamente quando esbarro comigo em frente ao espelho. Ninguém sabe, nem ninguém precisa saber, mas muito de mim hoje só é, porque fomos. Viramos páginas, mas a história fica ali, esquecida n'algum canto, até que venham detalhes que nos remetem à essas memórias — hoje tão gostosas.

Eu aprendi a desapegar desses detalhes. torná-los quase imperceptíveis. A maioria deles. Mas aí vem o acaso e me presenteia com uma música que não costuma tocar na minha playlist. 
Aí vem o riso bobo no meio das lágrimas, os olhos brilhando de sal e aquela ruguinha no canto, que mostra como eu mudei. E sei que mudei. E só eu sei. E é assim que basta.

Maria Fernanda


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Lauren


Sábado agora foi a comemoração surpresa de aniversário para a Lauren. 
E foi uma noite realmente divertidíssima. O local escolhido foi o Pinga Brasil (na Avenida do Forte), onde o sempre amado, Jean Melgar toca de quinze em quinze dias.
Noite de reencontrar uma galera que não via há um bocado de tempo e também de matar saudades. Saudades de pessoas feito a Lauren, inclusive. Aliás, como disse a ela e, posteriormente também, coloquei como registro no instagram, "pessoas que causam arrepios enquanto a gente sorri merecem moradia no peito"... E é bem por aí. Pouquíssimos hoje desta "turma" me fazem arredar o pé de casa e, com certeza Lauren é uma destas que, como canta meu querido Nei "cabem bem juntinhas na palma da mão". Enfim, foi uma noite fantástica! Show sempre perfeito de Jean, com direito ao carinho dele em atender à pessoa aqui com "Carnavália", da musa Marisa Monte. ★ ★
Ótimo rever Jean cantando cada vez melhor. 
Reencontrar Luci e também todos os amados "Tititis" (risos). Todos estes que sinto enorme falta. E que, assim como a Lauren e, usando palavras da Luci, possuem aquela ligação "direta" com a pessoa aqui. Amo muito! 
Muito bom fazer parte desta data especial pra Lauren e, principalmente, vê-la tão bem e feliz!!! 
Parabéns, véia!! Adoro-te!! :-) 
Um super brinde à idade da loba (logo logo te alcanço rsrs). 
Obrigada pelo carinho de sempre! Beijo grande, queridona!!! :) ♥ ♥


♪ Vem fazer história
Que hoje é dia de glória nesse lugar

Vem comemorar
Escandalizar ninguém
Vem me namorar,
Vou te namorar também

Vamos pra avenida
Desfilar a vida, carnavalizar ♪
Poxa veinha... não tenho palavras pra expressar como fiquei feliz com a tua presença e agora essas palavras. Coisas q fazem tudo valer a pena, q nos mostram como a vida eh boa e como tem pessoas q nos fazem tao bem! Muuuuuito obrigada veia. Por existires e fazeres parte da minha vida.
Lauren

#AníverLauren 
#ShowJeanMelgar
#PingaBrasil

Perdoe seus pais

Gostamos mais de punir do que amar e perdoar. Para reclamar e cobrar, não pensamos duas vezes. Para desculpar, ainda estamos pensando.

Todo marido ou esposa sofre com a separação. É resistir ao transbordamento do ressentimento, acompanhar com pesar a transformação de uma personalidade atenta e interessada em tudo o que você diz para um ente completamente estranho, indiferente e amargo, que mal olha em seus olhos.

Se a antipatia declarada do divórcio já atormenta, não conheço algo mais cruel do que a distância de uma mãe de seu filho. Quando o filho rompe com os pais velhos e demora a fazer as pazes, confiando num futuro infinito para a reconciliação.

Na praia do Cassino, a amiga Berenice, 73 anos, comprou duas casas geminadas, uma para si e outra para seu filho, Juvenal, 39.

O que ela não previa era o estremecimento das relações entre os dois. O boicote filial vem durando quatro veraneios.

Juvenal prepara churrasco, recebe amigos e familiares, brinca com os vizinhos, e jamais convida sua mãe a participar de qualquer festa. Ela fica na varanda, triste e sonolenta, observando a algazarra, mexendo sua cadeira de balanço para trás e para frente.

Juvenal passa de manhã pela residência materna, que é caminho da padaria, e não a cumprimenta nem na ida, muito menos na volta. Atravessa reto, como se ela não existisse, como se fosse um túmulo desconhecido.

Seu desprezo extrapolou a conta. Mesmo que tenha razão em brigar, não há sentido em prolongar a dor de alguém que envelheceu.

Ela experimentou 60 dias na praia com a expectativa de uma retomada dos laços com sua criança grande. E os dias são décadas para a terceira idade. E as décadas são séculos para os cabelos grisalhos.

Não tomava banho de mar para não correr risco de perder o reencontro. Mantinha-se tricotando na entrada, despistando o choro da voz. Uma Penélope do próprio ventre. Uma viúva de suas vísceras.

É um erro forçar que nossos pais mudem de comportamento, é uma tolice educá-los com reprimendas e devolver castigos da infância, é inútil propor que eles concordem com nossas opiniões. Forçar uma retratação não tem sentido. O ódio é apenas um segundo nome da dependência.

O filho sempre será o lado mais fraco, acostume-se, o lado que deve ceder. Não é justo brigar com quem tem o dobro de nossa idade. Podemos guerrear com irmão, virar as costas a um amigo, onde ocorre uma equivalência etária, onde haverá tempo para acertar as arestas.

Mas nunca destrate pai e mãe enrugados. Finja que concorda. Mude de assunto. Não seja o centro da discórdia. Não prolongue o mal-estar. Estar certo não nos acrescenta em importância.

Esqueça o rancor. Antes que a morte seja a última lembrança. E o arrependimento cubra a lápide com a voracidade dos inços.

Fabrício Carpinejar

Pato Punk




"Três Tigres Tristes"??? 
Nãoooooooo!!! 
 "Três Patos Punks" :) 
(Imaginação é tudo! rsrs)
웃 ♥ 


#Estrelícia
#AveDoParaíso
#StrelitziaReginae
#OuroDeMandela 

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Culhões

Existem várias formas de uma pessoa morrer, mas de viver eu só conheço uma: sem medo. 
O medo te restringe, te aprisiona e te faz refém. 
O medo te priva de novas lições, novas experiências e novas conquistas. 
Aquele frio na barriga não é medo. 
É ansiedade, apreensão, adrenalina. 
Medo é quando essas situações te impedem de tentar. 
Aí sim é medo, fraqueza e covardia. 
Um pouco de cada coisa. 
Corajosa não é a pessoa que não sente medo, e sim aquela não se deixa aprisionar por ele. 
É por isso que só tenho medo de uma coisa nesse mundo: medo do dia que esse sentimento me impedir de alcançar meus sonhos. 
Aí essa vida aqui já não vai mais valer à pena.

Rafael Magalhães

A primeira noite de quem ama

Na primeira noite, o casal que se vê amando não dormirá de conchinha. A nudez não entregará o sono. Os pés não se cumprimentarão ao final. As janelas não avisarão das horas. Os cabelos não irão boiar nos travesseiros até o amanhecer.
A primeira noite de amor, quando os dois percebem que podem realmente se querer, termina de repente.
Alguém terá que ir embora. Terá que cortar as frases inteiriças. Terá que oferecer uma desculpa furada. Terá que alegar que é tarde e que precisa trabalhar cedo. Terá que chamar o táxi de pé com uma objetividade perturbadora.
Quem se despede será grosseiro. Não esconderá o desconforto. A resposta física é que tudo deu errado, que o prazer não vingou na pele.
O que ficará sozinho na cama acreditará que o outro que se prontificou a se despedir no meio da madrugada se arrependeu do enlace e jamais manterá contato.
Mas o apaixonado e o indiferente são parecidos na primeira noite. O apaixonado se manda porque não suportou tanta beleza, encontrou-se atordoado, dependente, comovido, incerto, vacilante, receoso do seu futuro.
Não se preparou para viajar tão longe em seu desejo, estava vestido para atravessar apenas o tempo de uma noite. Não arrumou as malas de sua memória, partiu desprotegido com a roupa do trabalho.
Quando nos descobrimos amando, a primeira noite é terrível. Se você estava bêbado, logo recupera a lucidez — o amor é a mais cruel sobriedade.
Há uma instabilidade de escuta, uma confusão de conversa, um caos sinfônico. É como recuar um passo após um salto. Perde-se por completo o domínio do próprio gosto, vem a culpa de necessitar ainda mais do desconhecido e a curiosidade de adivinhar o que o sexo esconde em sua violência.
O homem de sua vida ou a mulher de sua vida não vai se apaziguar ao seu corpo e acordar junto na primeira noite. Isso é para os seguros de si, os confortáveis em seus sentimentos, os canalhas, os cafajestes, os sedutores.
Já aquele que pressente um amor de verdade, uma fé de verdade dentro do amor de verdade, abusará das mentiras para escapar do destino. Fugirá derrubando os olhos pelo corredor. Formará um amontoado de frases sem sentido, criará um depoimento qualquer para não alimentar esperanças, jurará com a mão errada sobre a Bíblia.
A primeira noite é própria da transformação covarde, é lua cheia ao lobisomem, é manhã radiosa ao vampiro.
O ímpeto é sair do quarto rapidamente, largar a cena prontamente, abandonar o casaco, a carteira, o que for, mas correr desse inferno que é se apaixonar e esperar uma notícia a cada meia hora. Afastar-se loucamente do cheiro poderoso do pescoço e da boca, da química prodigiosa que nos excita e nos corrompe de delicadeza.
Quem ama não ama na primeira noite. Assusta-se de amor.

Fabrício Carpinejar

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Amor da minha vida

Hoje minha afilhada Érica completa treze anos... 
Parece que foi ontem que a vi chegar, tão pequenina e linda como se não existisse rascunho. Lembro que me acordava em diversas madrugadas com seu choro. E, tudo que sabia fazer era embalá-la no colo ao som de Mary Cristo, dos Tribalistas. E, acredite, o som vinha da minha cantoria infantil e desafinada de sua doce canção. Pobre musa Marisa! (risos). 
De qualquer maneira, meu conto de fadas para dormir acabava dando certo, o choro cessava e minha eterna bailarina de caixinha de música, lentamente adormecia. 

A verdade é que nunca tive jeito com crianças. Não gosto de manha, choramingo ou mimos em demasia. Sou até bastante distante, inclusive. Mas, com Érica desde o início foi diferente. Não possuo a dose certa da clássica tranqüilidade maternal, afinal sou Dinda e não mãe. Mas, aprendi aos poucos a abraçar uma infinita paciência ao seu lado. Passei a entender o magnetismo de fazer parte deste mundo tão pequenino dela. Ser uma referência, um exemplo a ser seguido. 
E ela, meu orgulho. Amor da minha vida. 

Hoje me pus aqui a tentar redigir seu rosto de menina. Decifrar os encantos que a fazem tão doce e carinhosa. O amor da Dinda está crescendo e dança suave no espelho dos meus olhos. 
Minha menina dá mais um passo em direção à fase de sua adolescência. 
Que ela venha cheia de ternura. Que seja repleta de amor, porque amor é uma dádiva. 
Amor conserva, não enruga e nem estraga ninguém. 
Que seja carregada de muita paciência também. Que possamos passar ainda mais tempo juntas, maximizando sorrisos por aí. Que sejamos sempre amigas, cúmplices, parceiras. 

Hoje posso esquecer todas as exceções da crase, todas minhas manias e defeitos. Hoje é um dia muito especial. Dia em que meu sorriso bobo fica estampado. Meus olhos marejam de imensa alegria e se transformam em reticências de infinitos suspiros. Meu coração se carrega de amor pelo aniversário da minha princesa. 

Hoje é o dia dela: Da linda da Dinda, da menina dos meus olhos, da minha Érica. 
Parabéns minha doce skatista. 
Obrigada pelo lindo presente de tê-la em minha vida. 
Amo-te mais que tudo! ♥ ♥



Tudo bem pra você?

Tudo bem se de vez em quando eu precisar de você?
Se assim, sem mais nem menos, eu precisar te ver ou ter notícias suas?
Tudo bem se de vez em quando eu tirar da gaveta aquela foto antiga, aquela lembrança esquecida, aquela saudade contida?
Está tudo certo se eu por algum momento esquecer tudo de errado que aconteceu entre nós e fantasiar que podia ter dado certo, que você ainda poderia estar aqui, que eu e você poderíamos ter mudado, que a vida poderia ter tomado outro rumo?
Tudo bem se eu me lembrar de você naquele cheiro, naquele gosto, naquele lugar, ouvindo aquela música?
Tudo bem se eu voltar onde a gente já foi um dia e perceber que tudo está tudo igual, menos o sentimento que existia entre a gente?
Se eu deletar os momentos ruins e querer valorizar só o que foi bom?
Se colocar cada dia difícil na sua conta por você não estar aqui perto de mim? 
Se te odiar por ter desistido da gente e ignorar o fato de que eu também desisti um dia? 
Se de repente resolver passar alguns minutos imaginando como seria a vida se você ainda estivesse aqui? Tudo bem pra você? 
Se uma vez ou outra isso tudo explodir aqui dentro e você ter notícias minhas, meus pensamentos voarem até aí, e se por alguns instantes o passado voltar à tona? 
Espero que esteja tudo bem sim, porque logo tudo isso passa. 
Eu me lembro do caminho que me trouxe até aqui e todos os motivos de tudo ter acontecido exatamente como foi. 
Guardo a foto na gaveta e as memórias em um cantinho do peito, e tudo que desejo é que, apesar dos pesares, você às vezes, mesmo que sem querer, precise um pouquinho de mim. 
Relembre e esqueça novamente. 
Acredite e duvide uma vez mais. 
Sinta falta e depois me apague. 
Por mim está tudo bem.

Rafael Magalhães

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Margot

Acho que era final de novembro, não me recordo agora. Talvez, quem sabe início de dezembro. Era uma noite em que passeava com as meninas (Pitty e Bebê) e, no caminho à lixeira do condomínio para largar o lixo, fomos interceptadas por um imenso Schnauzer, solto, correndo em nossa direção. E vinha para avançar sobre as minhas cadelas. Gritei insistentemente para que o dono aparecesse, pois não tinha como segurar as minhas (que estavam em suas guias, como deve ser), protegê-las e ainda afastar, no caso, a cadela de perto delas. Então surgiu uma senhora correndo para tirar sua cadela de cima da gente e, ao puxá-la para si, Pitty abocanhou sua barbicha de Schnauzer. E a dona e sua Schnauzer simplesmente foram-se embora. Sem sequer voltar para se desculpar pelo cão ou saber se eu ou alguma de minhas cadelas havia se machucado. Nada. Eu fiquei ainda alguns minutos próxima à lixeira com as meninas, verificando se alguma delas havia se machucado e também me recuperando do susto. Felizmente, apenas eu era quem tinha muitas marcas e sangue pelas pernas. Cortes, roxos e arranhões ficaram apenas para mim ao final de toda confusão.

No dia seguinte fui procurar pela dona do cachorro no condomínio, a fim de me certificar de que o mesmo era devidamente vacinado. Outra chance também para que ela se manifestasse com um pedido de desculpas, quem sabe. Nada houve. Apenas ela afirmando que a mesma era vacinada e se lamentando de que sua cadela nunca havia feito isso e ainda tinha levado a pior. No que respondi que era o ônus por ter causado a briga e a alertei que poderia ter sido ainda mais grave se eu também compartilhasse da idéia de muitos do condomínio e passeasse com as minhas cadelas fora das respectivas guias.

As pessoas têm a mania de dizer que seu cão nunca avançou em ninguém e nem mesmo em outro animal, mas esquecem que se trata de seres irracionais. Não avançou até um dia avançar. Não sabemos o que eles se “dizem” em seus latidos uns aos outros, quando se encontram por aí. Não avançam até um dia avançarem e machucarem alguma criança ou um outro animal mais frágil. Pode ser o mais dócil possível e ao avistarem uma criança, correrem em sua direção para brincar e, em sua euforia, acabar derrubando e a machucando. Ou correr atrás de um gato ou outro cão qualquer pelo estacionamento e um dos carros, ao sair, acabar atropelando o mesmo por ele estar solto. 

Mês passado, passeando com as meninas, fui abordada por uma vizinha. Não a reconheci de imediato. Então ela se identificou como sendo a dona da cadelinha Margot, a Schnauzer. Ela se aproximou para dizer que a Margot havia morrido. Causou-me espanto e quis saber a causa. Então ela disse que havia sido infecção bacteriana (não me recordo agora se ela mencionou rim ou fígado). 

A maioria das infecções em cães e gatos é transmitida pelo contato com as fezes, secreções respiratórias, pela urina ou por mordidas, arranhões. É preciso observar qualquer anormalidade em nossos animais de estimação. Os sintomas como febre, anorexia ou apatia dos mesmos, devem ser tratados de imediato para que se possa diagnosticar a enfermidade em tempo de cura.
Margot tinha no máximo dois anos. Enfim, bichos são sempre compensações e independe se de raça ou não, basta que nos alegrem, nos façam companhia.

Lamentei pela sua perda e ela aconselhou para que eu cuidasse das minhas. Entendi a ironia do seu recado, como quem atribuía às meninas, a culpa pelas circunstâncias de sua perda. Então apenas sorri e disse: Eu cuido sempre, obrigada. Mas, infecção bacteriana pode ser de diversas causas, principalmente quando se deixa o cão sem guia, onde não se tem como saber o que ele fareja ou come pelo caminho.
Ela apenas fez sinal de positivo com a cabeça.
Não quis ser cruel ou debochar de sua tristeza. Apenas me defendi da tentativa dela de achar um culpado por sua perda.
E dei as costas, continuando meu passeio com as meninas.

Entendo sua dor e ela, de fato, precisa ser sentida. 
Lamento muito pelo triste fim de Margot, mas é preciso continuar, apesar do luto. E mais que isso, é necessário entender que se há algum culpado (que eu discordo, porque foi uma cruel fatalidade), este alguém é a própria dona do cão que o deixava constantemente passeando pelo condomínio sem guia e, talvez também não tenha se atentado aos primeiros sinais da doença na cadela. Tivesse observado em tempo hábil, quem sabe não teríamos aqui esta despedida.

Soube que Margot também tinha costume de andar solta pelo sítio onde a levavam nos finais de semana e, ao constatar pelas escolhas de seus donos em termos de cuidados com uma cadela tão jovem, já se podem imaginar outros fatores possíveis para a origem da tal infecção. Não há como ter certeza de fato. Tudo é muito amplo e vago também.

Sei que hoje nossas lentes não são do mesmo grau. 
Eu observo o lado externo, o que possa ter sido o agente causador da morte tão prematura da cadelinha dela e ela, carrega um vazio que só o tempo será capaz de preencher, atribuindo culpados pela fatalidade.

Como disse anteriormente, me compadeço imensamente com sua perda, me coloco no seu lugar e imagino suas lágrimas abafadas no travesseiro a cada noite. E, durante certo tempo, ainda haverá de sobrar dor para muitos dias seguintes. E entendo perfeitamente.

Avistei a dona da Margot dia desses, caminhando lentamente pelo estacionamento. Não cheguei a ir à sua direção, mas de longe, pude perceber seu andar lento, olhar distante e triste.
Tomara isso logo passe e ela aprenda, como é próprio da vida, a superar esta perda.
Que ela possa compreender que nossas dores foram feitas para trabalhar, senão acabamos por adoecer no lugar delas.

Dores de amizade



Nosso olhar fica diferente a cada desencaixe ao longo do caminho.
Por vezes iremos matar dentro da gente pessoas que um dia amamos muito. Eu venho fazendo isto de uns tempos pra cá. Brincando com uma letra do grande poeta e encantador Cazuza, “raspas e restos não me interessam”. E é verdade. A vida é tão rara e curta para que percamos tempo com quem não tem a real dimensão do valor de uma amizade, de um amor sincero, de um coração que se entrega.

A maioria dos acontecimentos importantes em nossas vidas, as brigas mais dolorosas geralmente acontecem quando, por alguma razão, defendemos dores de outros. A famosa idéia de se colocar a mão no fogo por alguém. 
Eu já fiz isso anos atrás por um cara (hoje ex amigo) que conhecia desde os tempos da faculdade. Eram dez anos de amizade que foram colocadas no lixo dele após me provar seu verdadeiro caráter. 

Também já fui alvo de desentendimento no carnaval do ano passado, onde o grande tempo de amizade da outra parte envolvida contou contra mim. Não busquei pelo beneficio da dúvida e sim a lealdade da palavra e, por falta de alternativa, optei então por me afastar. 

Amizades por conveniência definitivamente não me servem. 
Ainda que dores de amizade sejam silenciosas e discretas, tudo continua. Enfim, são coisas que acontecem. E a gente aprende. Faz parte da vida.

Nunca me importei com o tempo em que se conhece uma pessoa para ela ser digna de minha confiança. Razões óbvias me comprovaram que isso nem sempre é favorável. Amizade e lealdade de coração independem do tempo em que se conhece alguém, assim como surpresas e decepções. 

Mesmo que hoje pessoas ainda venham a maltratar o que resta da minha imensa generosidade, não dou mais a elas o direito de explorarem também minha paciência. Aprendi a caminhar com os pés rasos, sem deixar que complicações venham a aumentar de tamanho. Faço a poda antes.

Daquela “família”, agradeço à meia dúzia que não escolheu lado algum. 
Que optou por ouvir sem interferência. 
Sem vírgulas emprestadas ou pré-julgamentos. 
E daqui, dou meu melhor sorriso a estes sempre quando nos encontramos. 
Ao resto, migalhas minhas. Lamento, mas não temos o direito de maltratar esperança de ninguém, portanto, singelos cumprimentos e nada mais. 



"Foi um bofetão que levei. Um bofetão que mudou muitas coisas de lugar. 
Mudei o meu olhar sobre algumas pessoas. 
Passei a abrir a boca e o bico só pra quem tá perto (e do lado de dentro). 
Aprendi que em cada dez olhares que nos cercam, cinco (no mínimo) são de inveja, maldade, de gente trapaceira, esperando o momento pra dar o bote. E que a felicidade gera inveja. 
E que mesmo você sendo boa com as pessoas, elas nem sempre devolvem na mesma moeda. 
Mas eu nem ligo, sabe por quê? 
Pra cada dez olhares do mal, sempre vai haver um olhar que devolve a tua paz. 
Um olhar que te devolve pro teu lugar de origem. Pro teu eixo de equilíbrio. 
Simples assim.
Talvez um dia a gente perdoe e esqueça.Enquanto isso, a gente segue rindo"
Cris Carvalho

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Não culpe as estrelas

Esta semana enfim li o livro "A Culpa é das estrelas", de John Green. 
Érica, minha afilhada, me emprestou há cerca de seis meses (ou mais) e, desde então não me encorajava a lê-lo. 
Por receio das lembranças da perda prematura de Michel, virem a me sangrar novamente. 
Já havia assistido ao filme, com Érica, e, portanto, já tinha idéia de que se tratava de algo perturbador em sua história. A luta de dois jovens contra o câncer. 
Ah... O câncer, esse mal do século. 

Mas, algum objetivo maior sempre o universo tem para nos apresentar. 
E, não era à toa vir tão de repente, esta necessidade por enfrentar a blindagem que ainda me acorrentava a alma após a morte tão repentina deste querido amigo. 
Era preciso passar desta fase. 
Falar sobre isso, ultrapassar, transpor esta parede, afinal. 

Lembro que no filme não chorei, enquanto Érica soluçava ao meu lado a cada cena um pouco mais comovente. 
Entretanto, lendo o livro, por diversas vezes me vi obrigada a dar uma pausa para um suspiro. Suspiro que embargava a garganta. 

Não há como nos defendemos da saudade, é verdade. 
Inevitavelmente, me vinham passagens que me embaçavam os olhos. 
Do tempo saudável do Mi, assim como também do seu período já enfermo. 
Ele já visivelmente afetado pelo linfoma brindando conosco a virada de mais um ano juntos. 
Em seu apartamento os de coração ao seu lado. 
Foi seu último réveillon com a gente. 

O livro, mais que o filme, em minha opinião, realmente nos convida a admirar uma linda e emocionante paisagem com vista para a vida. E que experiência complexa esta chamada vida.
Passei a entender melhor a idéia do adeus e o que ele passa a ser de repente dentro da gente. Deixando de ser uma despedida carregada de lamentos para se tornar um recomeço. 
Vamos guardando sentimentos que criaram muitos vínculos em nossa trajetória. 
Que nos levaram a fundamentar uma infinidade de histórias com pessoas que, durante certo tempo, se fizeram presentes até mesmo na mais absoluta ausência. 
E aquela saudade dolorida um dia passa. 

É um livro acolhedor, sem dúvida. 
Algo que nos embriaga o peito e nos recorda sempre que ninguém passa por nossas vidas à toa. Ensina-nos a entender que, mesmo que tudo seja como o efeito de um grande susto, que não possamos contar com o tempo para nos prepararmos a determinadas despedidas, ainda assim compreenderemos que estivemos juntos pelo tempo que foi necessário. 
Não culpe as estrelas, a finalidade é tão somente esta: Sentir. 
E sentir é a nossa melhor paisagem.

Meg Ryan 🐈💓

“Há quem não mencione a palavra amor e fale sobre ele em cada gesto que diz” Falar algo diferente de AMOR INCONDICIONAL pela guriazi...