quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Boa Sorte



Paula Toller em sua belíssima “Amanhã é 23” canta de uma maneira geral a passagem da vida, com suas tristezas, amarguras e marcas deixadas pelo tempo. Já passavam das 24h deste dia 22 quando resolveu colocar o tal ponto final em tudo.

A parte que recebe a noticia parece ser sempre a mais frágil, aquela que ainda não está preparada para a decisão já há tanto tempo tomada por quem decide o destino daquela vida a dois, apenas não dita antes por falta de tempo, pela sensibilidade de escolher o momento certo, quem sabe? É sempre bem mais difícil mesmo para quem “fica” já dizia o ditado. Mas bem ou mal, parafraseando Paulinha Toller, “qualquer dos dois que vá embora, pros dois o luto é igual”.
Ficam as lágrimas de uma madrugada dura tentando compreender exatamente o motivo de tanto tempo ter sido deixado para trás assim, sem avisos, sem meias palavras, sem medo do arrependimento. A dor inevitável de se sentir outra vez triste. Aquela tristeza que machuca, cansa, aterroriza, e que parece não ter mais fim. Tristeza que contagia.

Ontem, depois de toda a tempestade que caiu sobre minha cabeça, esperei muito por um abraço ou qualquer atitude que demonstrasse que entendia minha dor daquele momento. Lembrei do Skank cantando uma música que adoro justamente pela frase “quando eu estiver triste, simplesmente me abrace” e era somente isso que queria e precisava naquele momento. Talvez diminuísse meu sofrimento ou, pelo menos me fizesse acreditar que não está tão indiferente ao que sinto. Mas nada, não houve nada.

Chorei a noite toda sozinha, sem ninguém para me amparar, ninguém para me dizer que isso passa, ou alguém apenas para me ouvir chorar, chorar comigo, quem sabe? E isso ao final das contas doeu bem mais do que te ouvir dizer que “precisa se sentir uma pessoa solteira novamente” ou a surpresa de me tirar (ainda que temporariamente) da tua vida amorosa.

Aceito e concordo com tuas justificativas, mas não compreendo tua decisão. Eu faria diferente.

Sei que isso tudo passa, o tempo talvez possa curar nossas feridas que abriram com o fim de algo que parecia não ter fim, e esse sentimento atual um dia cesse, mas hoje está complicado, hoje está sendo muito difícil assimilar tanta coisa dentro do peito, essa avalanche de emoções. Uma dor única e incompreensível aos olhos de quem nunca amou. Quem ama ou já amou entende a que me refiro. Entende o quão complicado é tentar separar as coisas, conseguir não tocar nas feridas. Mas é preciso. É preciso diante deste turbilhão de emoções ainda raciocinar, ainda conseguir enxergar beleza na vida, não deixar de sentir o perfume das rosas. Mesmo com o peito em frangalhos é preciso. Mas não é nada fácil, eu garanto.

Enquanto escrevo pra desopilar e arrancar daqui de dentro do peito essa dor, meus olhos marejam. Aí salvo o que escrevi e paro de digitar, para não cair em prantos e alguém perguntar o porquê sem obter uma resposta convincente, apenas lágrimas. Lágrimas que parecem querer ficar para sempre dentro de meus olhos. Penso que melhor seria não tocar mais no assunto, não pensar, mas quando ouço uma música qualquer, naquele momento parece que ela fala da nossa história, parece que foi feita pra nós e o peito infla novamente.

Sinto cansaço, uma tristeza infinita, vontade de dormir o máximo que eu puder para que os dias passem mais depressa e essa angustia um dia acabe.

Talvez tenha sido a decisão mais acertada, quem sabe? Mas hoje não consigo acreditar nisso com toda a certeza do mundo, hoje só sinto que fiquei pela metade, fiquei sem brilho, sem entusiasmo. Fiquei triste. Muito triste.

Diante de todos os demais problemas que temos passado neste ano, para mim ainda há a necessidade de administrar mais um fracasso, agora o do amor. Talvez não fosse exatamente esta palavra para diagnosticar o fim de tudo, mas já que há o ponto final depois de quatro anos, onze meses e oito dias, mesmo que ainda haja algum sentimento (e há), acabou: GAME OVER.

Agora toca na rádio Nando Reis cantando “não fique triste assim, não vale a pena”... “o que me faz feliz são coisas pequenas” e concordo, embora também perceba que no amor há dois lados e os dois precisam caminhar sempre juntos e sei que não é mais o nosso caso. Algo se perdeu por aí.

Mas também sei que (exatamente por me conhecer) algo maior pode ainda se perder para sempre e nossos caminhos num só coração possivelmente não se encontrarão novamente. O que se quebra é muito difícil juntar e sempre ficam cicatrizes daquilo que machucou muito um dia.

Assim como na tua balança não pareceu ter sido computado o tempo bom, não houve tempo de levar em conta que poderíamos antes de tudo, tentar encontrar o equilíbrio, uma maneira de melhor viver e recuperar aquele tempo bom novamente, mas no mesmo barco, nadando a favor da maré e a dois, há comigo hoje a convicção de que não conseguirei juntar os cacos e começar num futuro tudo do zero, apagando da mente de um canceriano “torto” as dores que sinto hoje.

Mas isso são coisas da vida e é preciso saber lidar com isso da melhor maneira possível, o futuro a Deus pertence. Boa sorte para nós.

Como disse no inicio, a parte que fica é sempre a que mais sofre e isso também pesa na balança: THE END.

“É só isso, não tem mais jeito, acabou, boa sorte. Não tem o que dizer, são só palavras e o que eu sinto não mudará”. (Vanessa Da Mata - Boa Sorte)

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