Entrando no elevador, alguém pede do lado de fora:
- Segura!
Ok aperta-se o tal botãozinho “abre porta”.
- Obrigada, responde a moça antes mesmo de entrar totalmente no elevador.
Percebendo que ela encontra-se totalmente atrapalhada entre mochila, livros, casaco e sei lá mais o quê, pergunto gentilmente:
- Qual andar?
- Sexto, responde ela sorridente.
Pronto, teria companhia até meu destino final. Naquele momento tudo o que eu não queria era que alguém tagarelasse ao meu lado. Estava concentrada, decorando mentalmente as coisas que falaria para a pessoa a quem ia visitar.
- Estou meio perdida por aqui, me mudei em janeiro. Moro com minha irmã mais velha e seu gato Chico. Mas ela viaja muito pelo interior do RS e acabo ficando a maior parte do tempo em casa estudando. Vim de São Paulo para cursar na ESPM, conhece? Pergunta a moça.
- Aceno positivamente com a cabeça como quem “delicadamente” tenta, em vão, encerrar o assunto ali mesmo.
- Você mora em qual andar? Pergunta ela.
- No térreo, respondo prontamente.
Abre-se um silêncio naquele instante.
No exato momento o elevador chega ao sexto andar. Ela salta a frente e se despede antes mesmo de abrir a porta:
- Fico por aqui, até mais.
- Eu também, respondo imediatamente.
- É mesmo? Indaga ela.
- Sim, respondo enquanto vou saindo do elevador.
Ela vai indo em direção ao apartamento 602 e eu sigo lentamente na direção oposta.
Enquanto abre a porta rapidamente, acena um tchau de despedida.
Tão logo ela fecha a porta, toco sua campainha.
Ela demora um pouco para abrir a porta. E, ao perceber que sou eu tocando, pergunta curiosa:
- Oi, algum problema?
- Oi. Sim, respondo eu. E continuo.
- Poderia deixar um recado à sua irmã?
Ela, um pouco intrigada com a situação, acena afirmativamente com a cabeça e diz:
- Claro. Qual recado?
Então, continuo:
- Pode fazer o favor de dizer a ela que a vizinha do apartamento 104, do bloco A3A esteve aqui?
Percebendo o desespero da moça, como quem de repente enxergava um fantasma, aproveito para completar:
- Ah, e se não for pedir muito, peça a ela que antes de gritar de madrugada pela janela, expondo meu apartamento e bloco aos demais condôminos, que primeiramente tenha certeza de que são os meus cães que a estão perturbando.
Despeço-me, dando boa noite e agradecendo a gentileza. Enquanto me dirijo ao elevador que permanecia no sexto andar, ela, ainda perplexa, responde baixinho:
- Tá, boa noite.
Entro no elevador e vou gargalhando até o térreo. Ironicamente quando me dirigia para falar com a tal vizinha do outro bloco que reclamou quatro vezes somente este mês dos meus cães, dou de cara com a própria.
Só rindo mesmo.
Poderia ter “enfiado o pé na porta” e ter dito um monte de desaforos para a tal vizinha totalmente perdida em POA.
Mas não, né? Não sou assim. E, logo eu que tanto peço mais tolerância e paciência quando o assunto é se “bem viver” em um condomínio.
Não iria agir com tamanha implicância com alguém que sequer conheço, ora.
Em tempo: este texto é apenas ficção. Apenas uma historinha criada através de um acontecimento no prédio onde moro, nada além disso. Qualquer semelhança é mera coincidência rsrsrs
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