sexta-feira, 13 de maio de 2011

Pessoas Escrotas


Esperei esta semana inteira pela tal chuva que não veio.
Tudo para tentar seguir os conselhos de minha “musa” e ouvir o que o silêncio tinha pra me dizer.
Martha Medeiros escreveu dia desses “Quando chove o silêncio me pisca o olho: “aproveita a trégua e me escuta”“.
E é verdade.
No silêncio é possível escutar muita coisa, principalmente aquelas que “gritam” há tanto tempo dentro da gente.
E com chuva melhor ainda, o espetáculo fica completo.
Então, mesmo sem chuva alguma, numa noite dessas em casa, no escuro do quarto ouvi um pouco do que o silêncio tinha para me contar.

Ele me fez lembrar que Marina Lima canta a música "Linhas Tortas" e nela tem uma frase bastante interessante que é “Cansei de ter que ler amor nas entrelinhas”...

Tempos atrás após um longo debate sobre “más e boas pessoas” fiquei com esse trecho de música sobrevoando minha cabeça e, como gosto muito de exercitar a mente, por vezes me apego a detalhes e situações e tento fazer delas meu foco principal. E confesso, "cansei" também.

Na verdade ando tentando parar de imaginar e supor encontros casuais, não me programo mais para sair, deixo que as coisas aconteçam naturalmente.
Ando impedindo que alguns abalos de sentimentos tão próximos e ao mesmo tempo numa infinita distância, me façam sentir teu sorriso perfeito tão perto, tão presente. Uma espécie de bloqueio emocional.

Talvez devesse ter escrito teu nome na areia da praia e, assim as ondas te levariam pra bem longe, na imensidão do mar para que nunca mais nos víssemos nunca mais nos ouvíssemos ou nos lêssemos.
Mas ao invés disso, deixei teu nome gravado bem grande numa pedra e junto dele o meu coração. O que torna tudo ainda mais difícil.

Quem sabe daqui a alguns dias consiga não só cansar, mas principalmente, desistir de tentar “ler amor nas entrelinhas”. E aí, chegue à mesma conclusão do debate que mencionei acima: de que os bonzinhos, os legais só “se ferram”.
Onde o ideal hoje é ser e agir como “escroto”. Não se importar com o sentimento dos outros, apenas curtir o momento. Solteiro por solteiro já estamos então, tanto faz.
Que pelo menos consigamos nos poupar de sofrimentos.

Vamos aprender a amarrar os fios que ficaram soltos sem se contentar em ficar numa estante qualquer como um troféu. Vamos nós então conquistar e acumular troféus. Um atrás do outro.
Vamos retomar assuntos pendentes sem retroceder no tempo, virar quantas páginas forem necessárias até completar o livro perfeito, aquele que nos deixará seguir em frente sem olhar pra trás e sem medo de se ferir.
Vamos jogar o mesmo jogo então.
Fácil não?

Queria ter esse poder, conseguir num estalar de dedos passar a pensar e agir assim.
Sou muito exigente comigo mesma e com os outros, inclusive.
Talvez esteja aí um dos principais motivos de estar já há algum tempo solteira.
As duas únicas vezes em que tentei fazer diferente durante este tempo e agir no impulso, investir e apostar sem querer ser tão metódica, principalmente comigo, me decepcionei profundamente e somente a pessoinha aqui saiu machucada.

Então não sei até que ponto vale à pena de fato ser tão legal assim. Para que?
Por que se importar tanto com o que os outros estão sentindo se ninguém além de você se importa com o que você está sentindo?
Se ninguém percebe que naquela guerra particular a granada que estraçalhou tudo estava dentro apenas de você?

Que têm dias em que tudo o que você quer é poder encharcar a alma com algo bem forte e pesado para no outro dia a dor de ressaca ser tão grande que mal tenha tempo de pensar naquilo que te arrebenta o peito há tanto tempo.

Tudo porque você é legal e se importa, só por isso.

Se você fosse uma “pessoa escrota” talvez nada disso fizesse diferença.
Seria só mais um dia, um dia comum de ressaca de bebedeira, de porre para contar aos amigos, nada demais, além disso.

Então bebe uma coca-cola bem gelada e tudo fica bem, sem maiores estragos, principalmente aqueles que deixam marcas na alma.

Que tal pensar nisso então? Deixe de ser tão dura com você mesma!

Talvez este texto tenha sido tão "escroto" quanto a rebeldia da pessoa aqui hoje. Mas tive uma semana tão infeliz e difícil de lidar que precisei colocar para "fora" algumas das coisas que me angustiam. Semana de saudades ainda mais apertadas, de ausência de notícias, de não conseguir assimilar a distância do pessoal de Canoas, de ver pessoas queridas sofrerem, de não conseguir fazer nada diante de uma injustiça, tendo de aceitar muito "cacique" pra pouco índio em alguns setores, percebendo gente competente absurdamente submissa, enfim...


Aprendi a escrever justamente por isso, para libertar dentro de mim aquilo que me deixa triste momentaneamente. Alguns optariam por aprisionar dentro de si e carregar constantemente um mau humor insuportável. Não consigo ser assim, nem gostaria de ser. Escrevo como forma de desabafo e para me sentir melhor depois do texto publicado.

Feito isto e já estou doce novamente!

Vários deles beijos a quem merece!

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