quinta-feira, 15 de março de 2018

Marielle Franco, presente!

Hoje é um dia daqueles em que irremediavelmente me vêm à mente uma frase de Adélia Prado.
“De vez em quando Deus me tira a poesia. Olho pedra, vejo pedra mesmo”.
Tô tentando ainda digerir os últimos acontecimentos. Está difícil, bem difícil mesmo.
Me sinto atordoada, ainda muito chocada com a maneira brutal do assassinato de uma vereadora no Rio. Está ficando assustador e muito triste viver no Brasil, meu Deus!


Acordei tão cinza quanto o dia de hoje e emocionalmente cansada por conta disto.
Como já escrevi tempos atrás, sempre escolho algum lado, me posiciono, me envolvo, acompanho de alguma forma determinados assuntos políticos ou futebolísticos em si.
E, neste caso não haveria de ser diferente.


O então o Sr. Ministro da Justiça (?), Torquato Jardim, classificou este crime como “inominável tragédia”.
Está muito além disto, Sr. Ministro. Foi uma EXECUÇÃO BRUTAL E COVARDE.
Marielle Franco e Anderson Pedro Gomes morreram a tiros no bairro do Estácio, na Região Central do Rio de Janeiro, na noite desta quarta-feira (14).

É triste e revoltante perceber que neste País em que vivemos uma defensora dos DIREITOS HUMANOS seja morta de uma maneira tão cruel e desumana.
Foram encontradas 9 capsulas de balas no veículo em que a vereadora estava e ela recebeu pelo menos 4 TIROS NA CABEÇA.
Isto é queima de arquivo e, na minha opinião está sim, DIRETAMENTE ligada à intervenção federal no Rio de Janeiro. É óbvio que, por conta da intervenção, a polícia está cada vez mais se sentindo com “licença para matar”.


Foi um ataque pelas posições políticas da ativista. Ela sempre teve sua atuação pautada pela defesa dos negros e pobres e denunciava qualquer tipo de violência contra estes.


Ontem mesmo em SP haviam notícias da agressão absurda da PM a PROFESSORES durante protestos.
Tudo isso apenas reflete a banalização da violência que assola este País e nos deixa cada vez mais reféns do medo e do caos.
Anotem aí: Uma guerra civil se aproxima.

Quem acredita que tenha sido uma simples (?) violência por conta de assalto ou algo deste tipo, está mascarando os fatos.
Aos que não entenderam: Ou são muito alienados e burros ou visivelmente mal-intencionados.
A vereadora foi EXECUTADA!

Marielle foi nomeada relatora da comissão que acompanharia a intervenção das Forças Armadas no Rio, com o intuito justamente de coibir abusos por parte do Exército.
E passou a semana denunciando violações praticadas pela PM na Favela de Acari. É fato que resolveram dar um “basta” nisso.

No sábado (10), ela fez uma publicação nas redes sociais denunciando policiais do 41º Batalhão da PM do Rio por aterrorizarem moradores da Favela de Acari.

Um dia antes do seu assassinato, voltou a questionar a ação da Polícia Militar em suas redes sociais por conta da morte de Matheus Melo de Castro, onde familiares acusaram a PM:

"Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?"

Marielle: Mulher, negra, lésbica, ativista, defensora dos direitos humanos, feminista, vereadora, lutadora, executada.

Que o luto se transforme em luta.
Marielle Franco, presente!

“Pois de amor andamos todos precisados, em dose tal que nos alegre, nos reumanize, nos corrija, nos dê paciência, força, capacidade de entender, perdoar, ir para a frente.
Amor que seja navio, casa, coisa cintilante, que nos vacine contra o feio, o errado, o triste, o mau, o absurdo e o mais que estamos vivendo ou presenciando.”
Drummond

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