"Não sei de mim.
Sei que tenho uma alegria nos olhos
e que a tristeza por vezes faz eclipse,
e que minha vontade é de mergulhar no que me aconchega:
a palavra, a caneta...
lambuzar-me na tinta preta,
até me reescrever inteira"
(Nanquim - Débora Tavares)
As pessoas pensam que a morte é o único momento em que devemos estar fortes para abandonar nossa "casca", nosso casulo, e voar. Não é. Durante a vida, morremos várias vezes.
E temos que estar preparados para o vôo.
Enquanto insistirmos em habitar velhos casulos, cascas apodrecidas que não nos servem mais, deixaremos de crescer, amadurecer, fortalecer.
Costumo
sempre pensar na vida e em tudo que acontece durante nossa -breve- passagem por
esse plano. É uma mania. Uma terapia. Uma loucura. Mas, sem dúvida, é a forma
que encontro para refletir, tentar achar respostas, encontrar novas perguntas e
buscar evoluir, tanto emocionalmente quanto espiritualmente. Tudo,
absolutamente tudo que acontece em nossa vida traz uma grande carga de lições e
não podemos tapar os olhos para esse fato.
Desde
nova me dei conta disso, pois, fui ensinada cedo, pelos acontecimentos em minha
trajetória, a ser atenta a tais questões. A entender que é preciso ter um olhar
mais profundo sobre tudo que passamos e vivemos, e a estender esse olhar à vida
do próximo. Não, não com curiosidade ou intuito de fazer fofoca, jamais. Mas
com empatia e para saber que nossa evolução também se encontra no outro.
A
perda de uma amiga próxima me fez, mais uma vez, refletir sobre tudo. Uma
morte, literalmente, inesperada. Pegou a todos de surpresa. Despedidas são
sempre tristes. Acho que por mais evoluído que o ser humano seja, a dor da
partida de uma pessoa amada sempre irá doer. Sempre ficaremos com uma sensação
de impotência. Mãos atadas. Coração sangrando. É difícil acreditar que uma alma
boa, de aura leve, coração transbordante de amor e energia positiva nos foi
tirada, assim, de uma hora para outra. Mas é assim, de repente mesmo que
acontece. Sem aviso prévio. Sem dar tempo para algum preparo. Acontece de um
jeito que foge do nosso entendimento. E é aí que a gente precisa se propor a
refletir. Estamos doando quais tipos de sentimentos? Estamos transmitindo quais
tipos de coisas? Estamos perdendo/ganhando tempo com o que? É preciso parar e
pensar.
Deixamos
de falar o que sentimos as pessoas que amamos porque nos disseram que é
sinal de fraqueza. Porque bonito é ser “casca grossa” e correr atrás é coisa de
gente idiota. Demonstrar por atitudes é pior. É pedir para ser “trouxa”.
Perdemos tempo com orgulho, medo, falta de tempo ou por acharmos que o temos demais.
Deixamos para amanhã. E quando chega o amanhã a gente adia de novo. Guardamos
mágoas. Sentimentos que em NADA, eu digo NADA de bom, nos acrescentam. Deixamos
de perdoar porque achamos que isso é querer tapar o sol com a peneira, afinal é
impossível esquecer o que o outro fez, quando na verdade, perdoar é soltar o
pescoço do outro e ver que quem consegue ficar aliviado e respirando melhor
somos nós mesmos. Evitamos pedir desculpas e/ou perdão porque nos disseram que
é humilhante. Alimentamos ressentimentos. Tem gente se achando melhor do que os
outros. Gente puxando o tapete do “amigo” na primeira oportunidade e sem pensar
duas vezes. Gente que sofre ao ver o outro feliz.
Mágoa,
inveja, rancor, orgulho, prepotência, arrogância, julgamentos… e assim acumulam-se
toneladas de lixo emocional. Mas por quê? Não consigo encontrar uma lógica
coerente que explique por que perdemos tempo com tanta coisa que só devastam e
regressam nossa alma. Procuro a cada dia aprender e tenho a consciência
tranquila que não me limito aos meus textos. Sou melhor escrevendo e todos que
me conhecem sabem disso. Quando falo, sou desastrada, desajeitada, mas
ainda assim procuro através dos gestos e atitudes demonstrar aos que amo o amor
que trago comigo. Com os conhecidos e desconhecidos busco ter pudor com o que
digo e faço. Erro. E como eu erro. Sei que tenho muito que aprender e mudar.
Mas estou em paz porque estou de braços e coração aberto para isso. Para a
vida. E que todos estejamos.
Que
a gente não se limite a frases lindas e reflexivas de redes sociais. São
importantes, claro. Os textos e as palavras em si possuem um poder enorme sobre
nós e por isso sou tão apaixonada pela escrita e encontro nela a chave para
abrir a janela de minha alma e coração. Mas precisamos levar tudo conosco.
Precisamos que nossas atitudes sejam condizentes com nossos dizeres. Que a
gente sorria de verdade e com verdade, que nossos abraços sejam apertados, que
nosso orgulho seja deixado de lado, que o amor seja a maior arma que a gente
carregue.
Que
a gente valorize os que nos amam e deixemos de lado os que não se agradam com
nossa presença. E que, dia após dia, a gente aprenda. Evolua. Nossa passagem é
breve, mas os sentimentos que plantamos as almas que tocamos os corações
que entramos as pessoas que convivemos e vivemos não são. Uma hora eu vou, você
vai, nós vamos. Mas o que fizemos e passamos aos outros a gente deixa aqui.
Propõe-se a pensar também no que você deixará quando for.
Sorrir com os olhos, falar pelos cotovelos, meter os pés pelas mãos. Em mim, a anatomia não faz o menor sentido.
Sou do tipo que lê um toque, que observa com o coração e caminha com os pés da imaginação. Multiplico meus cinco sentidos por milhares e me proponho a descobrir todos os dias novas formas de sentir. Quero o cheiro da felicidade, o gosto da saudade, o olhar do novo, a voz da razão e o toque da ternura. Luto contra o óbvio, porque sei que dentro de mim há um infinito de possibilidades e embora sentimentos ruins também transitem por aqui, sei que devo conduzi-los com a força do pensamento até a porta de saída. Decidi não delegar função para cada coisa que eu quero. Nem definir o lugar adequado para tudo de bom que eu sinto. Nossos sentimentos são seres vivos e decidem sem nos consultar. A prova de que na vida, rótulos são dispensáveis e sentimentos inclassificáveis.
"O que se perde enquanto os olhos piscam" é uma música do OTM.
Queria hoje que ao piscar meus olhos, já fosse o mês de maio.
Não só por este domingo chuvoso em que jogamos TUDO e de nada adiantou.
Não por tantos "anteontens" que me provaram que a política pode ser muito mais cruel e ardilosa do que supomos.
Não só por relembrar uma vez mais que a vida é mesmo efêmera diante da gente, do nosso breve piscar de olhos, que ela é absurdamente rara, como belissimamente canta Lenine.
Que Abril é um mês para que escolhas sejam feitas, ainda que com o coração em prantos.
Mês de chegadas, porém também de despedidas. Chega o fim de uma das minhas bandas preferidas - o Kid Abelha - após 35 anos, e parte meu sobrinho Guilherme. Vai tentar a vida e a sorte em Miami.
Que entre muitas notícias ruins dos últimos 15 dias, brotam felicidades supremas como a chegada da minha gêmea (na próxima quinta) e o nascimento do Vicente - em dia não só de Shakespeare (poeta do amor), mas também de um santo guerreiro feito São Jorge. Não, não sou devota (do santo), mas admiro.
Mas quero logo Maio, sobretudo porque é mês de Santa Rita (que sou devota) e para que o "face" pare de me recordar lembranças difíceis e que saudade alguma trará de volta... 💜
"Pra onde foi?... Autenticidade, compaixão, certeza... o perdão...O estímulo, o exemplo, a voz dissonante...
"Você pode ter defeitos, ser ansioso, e viver alguma vez irritado, mas não esqueça que a sua vida é a maior empresa do mundo. Só você pode impedir que vá em declínio. Muitos lhe apreciam, lhe admiram e o amam.
Gostaria que lembrasse que ser feliz não é ter um céu sem tempestade, uma estrada sem acidentes, trabalho sem cansaço, relações sem decepções. Ser feliz é achar a força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor na discórdia. Ser feliz não é só apreciar o sorriso, mas também refletir sobre a tristeza. Não é só celebrar os sucessos, mas aprender lições dos fracassos. Não é só sentir-se feliz com os aplausos, mas ser feliz no anonimato.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver a vida, apesar de todos os desafios, incompreensões, períodos de crise. Ser feliz não é uma fatalidade do destino, mas uma conquista para aqueles que conseguem viajar para dentro de si mesmo. Ser feliz é parar de sentir-se vítima dos problemas e se tornar autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas conseguir achar um oásis no fundo da nossa alma. É agradecer a Deus por cada manhã, pelo milagre da vida.
Ser feliz, não é ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si. É ter coragem de ouvir um 'não'. É sentir-se seguro ao receber uma crítica, mesmo que injusta. É beijar os filhos, mimar os pais, viver momentos poéticos com os amigos, mesmo quando nos magoam. Ser feliz é deixar viver a criatura que vive em cada um de nós, livre, alegre e simples. É ter maturidade para poder dizer: 'errei'. É ter a coragem de dizer:'perdão'. É ter a sensibilidade para dizer: 'eu preciso de você'. É ter a capacidade de dizer: 'te amo'. Que a tua vida se torne um jardim de oportunidades para ser feliz... Que nas suas primaveras seja amante da alegria. Que nos seus invernos seja amante da sabedoria. E que quando errar, recomece tudo do início. Pois somente assim será apaixonado pela vida.
Descobrirá que ser feliz não é ter uma vida perfeita. Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Utilizar as perdas para treinar a paciência. Usar os erros para esculpir a serenidade. Utilizar a dor para lapidar o prazer. Utilizar os obstáculos para abrir janelas de inteligência. Nunca desista... Nunca renuncie às pessoas que lhes amam.Nunca renuncie à felicidade, pois a vida é um espetáculo incrível."
Admiro cada vez mais pessoas que me arrancam não só sorrisos em dias nublados e difíceis, mas que, como escreveu Fabíola Simões, "me emocionam".
De três anos pra cá, abril tá bem longe de ser alegre ou fácil, mas é vida que segue. Hoje foi um dia complicado para quem, assim como eu, não consegue ser indiferente ao que acontece atualmente no País. E pulsa e se manifesta, vai pra rua. Porque desaprendeu da idéia de se "acomodar com o que incomoda", rejeita essa coisa de ser meio termo ou mais ou menos. Aliás, a bem da verdade, nunca soube ser. O "tanto faz", definitivamente, não me representa.
Sempre fui intensa nos gestos, sentimentos e atitudes. Portanto, sempre farei a minha escolha. Jamais ficarei em cima do muro. E assim, conseqüentemente, corro o risco de me decepcionar mais também. O que faz parte.
Mas, como canta docemente meu querido Anitelli, "sempre encontro sorriso e o meu paraíso é onde estou".
E, mesmo hoje tendo sido um dia ruim, mesmo que seja um mês de recordações um bocado tristes também, a noite me trouxe sentimentos de amor, de amizade, cumplicidade.
A noite foi de encontrar o sorriso escondido. Foi de imensa alegria. De "gratitude", como diria minha linda Fran. De dormir com os olhos marejados de emoção.
Mas de, principalmente, agradecer por gestos lindos que comovem. De saudar atitudes cada mais raras hoje em dia e imensamente importantes. Dignas, eu diria. E que só podem vir de pessoas especiais, que carregam o dom de acolher e confortar. Que enxergam muito além daquilo que nossos olhos (de reles mortais) podem ver.
Pessoas que conseguem regar nosso coração com flores. Que brindam nosso olhar com o entusiasmo mais bonito. E fazem aquele dia chato e embaçado ir de encontro à leveza e ao colorido mais intenso que há dentro do peito.
Ou como escreveu Fabíola Simões, "Alguém que lhe tire do lugar comum e lhe comova de um jeito especial. Que ao pensar nela, seu coração sorria e sua alma sinta estar sendo acariciada".
Drummond dizia que “amor é o que se aprende no limite, depois de se arquivar toda a ciência, herdada, ouvida; amor começa tarde”. Penso que confundimos a vontade de desvendar o outro, a sede insaciável da presença e a admiração, com o amor. O amor, mesmo, é o que começa tarde.
O amor começa não na magia embriagante que é, munidos de uma curiosidade que reduz o mundo ao outro, tocar uma vida pela primeira vez; mas no encantamento que resiste – e aumenta – quando a convivência já houver recheado nossa memória com registros de todas as variações minúsculas de gestos e sorrisos que dela provêm; quando as marcas de loucura já tiverem sido captadas e tomadas como poesia e o sofrimento alheio escorrido de nossos olhos.
O amor começa não nos diálogos agradáveis e engraçados, não no bem estar e admiração mútuas que as palavras trocadas são capazes de fornecer: isso é o que nos convida a abrir a porta e ir deixando alguém entrar. O amor começa tarde. Começa quando nem todos os momentos compartilhados requerem palavras que externem aquilo que se sente, simplesmente por estarmos tão conectados a alguém a ponto de olhar nos olhos e apenas com uma troca de sorrisos carregar a tranquilidade que o nosso coração sente ao confirmar que o do outro está sentindo o mesmo, de que ele está ali, compartilhando daquele momento com a mesma intensidade e o enxergando através das mesmas lentes: aquelas moldadas pelos arquivos diários e silenciosos do amor.
O amor começa não só na euforia das noites de sexta-feira, mas nos tédios compartilhados de domingo; não só na sinfonia do encontro de timbres, mas no descobrimento da paz que mora dentro dos silêncios cotidianos. O amor começa depois. Depois que aquela vida que nos tira o ar tantas vezes, for também a mesma que, simplesmente por existir e respirar, nos dá coragem e vontade de continuar fazendo o mesmo.
Vivemos em tempos que tudo ocorre a uma velocidade extremamente rápida, seja por avanços tecnológicos ou por nossos próprios anseios. Somos a geração dos impacientes, queremos que tudo aconteça rápido ou a sociedade nos cobra para buscarmos mais e mais a cada dia. Mal saímos do colegial já somos, em uma grande maioria, encaminhados para buscarmos um curso, uma faculdade e por aí vai, em uma fração tão rápida de tempo já nos formamos, buscamos um bom emprego depois seguimos anseios de casar ou não, ter filhos ou não.
Uma sociedade de relacionamentos líquidos a qual nos entregamos a esse ritmo frenético das coisas e mal temos tempo para um café, uma boa conversa, um encontro com aquele velho e bom amigo. Muitos de nós, às vezes nem observamos o que está ao nosso redor, no nosso dia a dia, quiçá as pessoas com quem cruzamos em uma caminhada, ou ida em algum lugar. Estamos voltados para o nosso ego e nossos afazeres.
Com isso deixamos para trás coisas simples e que fazem extrema diferença, como um bom dia, um obrigado, parar e olhar o pôr-do-sol, a lua, toda a simplicidade do mundo a nossa volta. Vivemos preocupados com o futuro e com recortes nostálgicos do passado, talvez isso explique a famosa “geração Prozac e Rivotril”, que necessita de doses anestésicas diárias para conseguir suportar o presente.
Já dizia Vinícius de Moraes em seu samba lindo, “a vida é pra valer, a vida é pra levar”, e a vida é agora e feita de momentos, a vida é evolução, amor, altruísmo, é dar e receber. Nos deparamos com sinais que nos mostram o quão simples e bom pode ser a vida…
Um dia você vai encontrar alguém que cale fundo no seu peito, que vai entrar sem pedir licença e lá se instalar como se fosse inquilino antigo, que vai desabotoar o seu sorriso como quem desabotoa a sua blusa, que vai te elogiar não por uma obrigação besta de casal mas por gostar de dizer a verdade pra você.
Um dia você vai encontrar alguém com voz macia que irá te arrancar suspiros a cada sussurro ao pé do ouvido, que te cantará músicas idiotas aos domingos de manhã, as quais você achará tão lindas como qualquer composição de Chico, que irá ler Adélia Prado pra você antes de dormir, que vai velar teu sono enquanto ouve as batidas do teu coração ecoando no silêncio da noite como uma mimosa melodia, que em noite de lua alta vai te levar até a sacada e dizer olhando nos seus olhos que é você quem ele quer pra vida toda.
Um dia você vai encontrar alguém pra compartilhar alegrias e vitórias, mas que também estará lá pra te levantar depois de uma dessas rasteiras que a vida nos dá, alguém que vai te dizer pra seguir em frente quando o resto do mundo for um sinal vermelho te mandando parar.
Um dia você vai encontrar alguém que não vai te entender completamente e que por isso mesmo vai se esforçar ao máximo em se embrenhar nos seus mistérios, nos seus questionamentos mais íntimos.
Um dia você vai encontrar alguém que a queira por inteiro, porque o amor não vive de metades, alguém capaz de te tirar o fôlego com apenas um sorriso bobo ou um galanteio desajeitado.
Um dia você vai encontrar alguém que vai te mostrar que bonito mesmo é o indizível,aquilo que fica entalado na garganta quando os olhos brilham, que um abraço vale mais que mil palavras, que saudade é o nome que se dá quando a gente mora mais no outro do que em nós mesmos.
Mas tenha calma. Se você ainda não encontrou esse alguém, não precisa se desesperar e sair batendo de porta em porta perguntando se alguém viu o amor da sua vida por aí. Ainda há tempo, sempre há.
Às vezes, o melhor da vida acontece entre um café e um bolero de Gardel, entre coincidências e desencontros improvisados. O amor é jazz.