terça-feira, 17 de março de 2015

Veterinária


Pouco depois de encerrar meu ciclo na Rede Vip, a fim de desopilar a mente, resolvi fazer um curso de Auxiliar Veterinário. Um tanto para aliviar a cabeça após os últimos meses estressantes, mas também para alimentar um pedaço meu guardado há bastante tempo. Tempo em que sonhava cursar Medicina Veterinária. Aí soube do curso e resolvi ver se levava jeito para a coisa. Se me despertaria interesse em outra faculdade. Aquela que pudesse me trazer a real felicidade profissional. Enfim, querendo quem sabe transformar um pouco da minha teimosia em uma pontinha de esperança. Então fui.

O mês todo de novembro foi de aulas teóricas e também práticas, com duas veterinárias como professoras. E, posteriormente, viriam outras 160 horas de estágio não remunerado em clínica, com acompanhamento direto e avaliação do veterinário responsável.
O período do curso foi ótimo. Muita aprendizagem das doenças mais comuns em cães e gatos. 
Os cuidados básicos que são úteis no dia a dia com os nossos bichos. No conhecimento para diagnosticar possível início de alguma virose ou infecção. Em saber preparar e aplicar medicação oral ou subcutânea se preciso for. E outras tantas informações que tivemos ao longo do curso. Fomos avaliados com provas teóricas e também práticas. 

O estágio já começou um pouco diferente. A avaliação era diária. Havia em mim um misto de ansiedade e receio. 
Sabia que lidaria na maioria das vezes com a fragilidade e vulnerabilidade dos bichinhos. 

Era o dia a dia com situações de cão ou gato com problema de descamação da pele, fraturas e lesões diversas. Bichos com infecções, vomitando ou sangrando, por vezes indo direto para a sutura ou cirurgia. Claro que também havia casos mais tranqüilos como uma simples vacina em um filhote ou a aplicação de um analgésico qualquer, mas a maioria das vezes era dias de lidar com bichinhos maltratados, doentes, definhando por alguma bactéria ou por terem sido abandonados à própria sorte, infestados de pulgas e carrapatos. De dar dó, capaz de embaçar um pouco o brilho dos nossos olhos. Mas a gente lá, ajudando, participando de alguma maneira da melhora deles.
Do recomeço de alguns. E isto sim é extremamente gratificante e recompensador. 

Final do mês encerra-se esta etapa. Já estou certa de que não é a área que desejo para a minha vida, afinal não há como mudar certas raízes de lugar. Serviu de muito aprendizado e vou levar meus conhecimentos para os meus filhotes e para a vida. Foi ótimo todo o curso e está sendo também o estágio, mas desde sempre tenho o "cheiro" como algo muito importante. O cheiro é minha essência, é parte da minha memória. E, nesta área existem aqueles peculiares que realmente me repulsam, me dão ânsia. Sempre tive esta sensação em relação à ambiente hospitalar, por exemplo. Nunca gostei. Sinto-me como se não conseguisse respirar direito dentro de um hospital. Como se o ar faltasse de repente ou se fosse completamente diferente. E na verdade é. 

O cheiro de um hospital não é como o da casa da gente. Em clínica veterinária não é muito diferente, apesar de que o ambiente em si é bastante diverso. E isso me dá tranqüilidade no dia a dia do período do estágio. 

Mas, o cheiro realmente me domina e explica o que sou. 
E existem doenças específicas em cães e gatos que possuem um cheiro bastante característico.
E são doenças de pele bem comuns, inclusive. E, definitivamente, com estas não sei lidar de forma alguma. 
O cheiro (para mim) é absurdamente forte. Não há como ignorar ou fingir que não sinto quase nada. Tão pouco é possível prender a respiração em situações como esta, pois para o tratamento, há que se fazer uma limpeza profunda no local da lesão no animal e isto sempre demanda tempo.
Não me importo com cheiro forte de fezes, diarréia ou vômitos dos bichinhos, mas com as famosas "bicheiras", sou péssima. 


Lembro do primeiro dia que me deparei com este tipo de doença.
Na noite anterior havia em mim uma vontade imensa de entender e estudar os casos ocorridos até aquele dia.
Na tarde do dia seguinte, ao me deparar com uma situação desta, não havia mais vontade alguma de compreensão sobre nada.
Apenas a certeza de que ali não estava meu futuro.
Aquela profissão não seria para a pessoa aqui. 

Fabrício Carpinejar certa vez escreveu:
"Humildade depende de dupla audácia, primeiro se descobrir, depois se aceitar"
Então aceito que entendi que, apesar de amar muito, esta área da Veterinária não é para mim. 

Talvez Biologia Marinha, quem sabe?
De repente explique meu fascínio por água e tartarugas. ;-)
Enquanto isso, vamos à luta... Vamos tentando.

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