quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Não culpe as estrelas

Esta semana enfim li o livro "A Culpa é das estrelas", de John Green. 
Érica, minha afilhada, me emprestou há cerca de seis meses (ou mais) e, desde então não me encorajava a lê-lo. 
Por receio das lembranças da perda prematura de Michel, virem a me sangrar novamente. 
Já havia assistido ao filme, com Érica, e, portanto, já tinha idéia de que se tratava de algo perturbador em sua história. A luta de dois jovens contra o câncer. 
Ah... O câncer, esse mal do século. 

Mas, algum objetivo maior sempre o universo tem para nos apresentar. 
E, não era à toa vir tão de repente, esta necessidade por enfrentar a blindagem que ainda me acorrentava a alma após a morte tão repentina deste querido amigo. 
Era preciso passar desta fase. 
Falar sobre isso, ultrapassar, transpor esta parede, afinal. 

Lembro que no filme não chorei, enquanto Érica soluçava ao meu lado a cada cena um pouco mais comovente. 
Entretanto, lendo o livro, por diversas vezes me vi obrigada a dar uma pausa para um suspiro. Suspiro que embargava a garganta. 

Não há como nos defendemos da saudade, é verdade. 
Inevitavelmente, me vinham passagens que me embaçavam os olhos. 
Do tempo saudável do Mi, assim como também do seu período já enfermo. 
Ele já visivelmente afetado pelo linfoma brindando conosco a virada de mais um ano juntos. 
Em seu apartamento os de coração ao seu lado. 
Foi seu último réveillon com a gente. 

O livro, mais que o filme, em minha opinião, realmente nos convida a admirar uma linda e emocionante paisagem com vista para a vida. E que experiência complexa esta chamada vida.
Passei a entender melhor a idéia do adeus e o que ele passa a ser de repente dentro da gente. Deixando de ser uma despedida carregada de lamentos para se tornar um recomeço. 
Vamos guardando sentimentos que criaram muitos vínculos em nossa trajetória. 
Que nos levaram a fundamentar uma infinidade de histórias com pessoas que, durante certo tempo, se fizeram presentes até mesmo na mais absoluta ausência. 
E aquela saudade dolorida um dia passa. 

É um livro acolhedor, sem dúvida. 
Algo que nos embriaga o peito e nos recorda sempre que ninguém passa por nossas vidas à toa. Ensina-nos a entender que, mesmo que tudo seja como o efeito de um grande susto, que não possamos contar com o tempo para nos prepararmos a determinadas despedidas, ainda assim compreenderemos que estivemos juntos pelo tempo que foi necessário. 
Não culpe as estrelas, a finalidade é tão somente esta: Sentir. 
E sentir é a nossa melhor paisagem.

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