quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Encomendas diárias de amor


Um dia te conto dos sonhos que tive. 
Que eles se deram em sequência, contínuos durante uma semana. 
Eram feito encomendas diárias de amor. 

Numa tarde ensolarada de domingo, me roubaram sorrisos sinceros e eu, como boa canceriana que sou, andava de braços dados com a Lua, carregando uma infinita felicidade na alma.
Entre milhares de pessoas, escolhia justamente você, com todos seus trejeitos e defeitos.

Na segunda chovia muito e meus pensamentos dormiram e acordaram com a mesma intensidade incontáveis vezes. Tal qual os parênteses que abrimos e não fechamos nenhum. 

A terça-feira passei ouvindo músicas que há anos não faziam mais parte da trilha sonora da minha vida. Me peguei revendo filmes antigos que tiravam nós da garganta. 

A quarta veio curiosamente fria. À noite abri a janela para contemplar a linda Lua cheia e me senti ainda mais agora, um bocado ainda mais intensa mas, com um sorriso pela metade, tímido. Faltava uma certa dose de desassossego. Já passava das 21h e então a campainha toca por três vezes. Ao abrir a porta, dou de cara com você e todas suas vírgulas e reticências daquele mesmo olhar terno de quem deixa bilhetinhos em xícaras. O frio na barriga ainda seria o mesmo e, apesar das nossas fissuras e desencantos, sem palavra alguma, nos envolvemos num longo e apertado abraço. De lágrimas e desabafo mútuo. 

A quinta foi de muita harmonia nos afetos e sentimentos um tanto quanto convulcionados.
Os acontecimentos da alma apenas se justificam diante dos nossos gestos. 
Não há erro algum nas nossas escolhas. 
Presença e importância não se impõem em nossos sonhos, simplesmente acontecem.

A sexta custou a chegar e veio cinza, como quem brinca de adivinhar sorrisos. Medo e alegria se entrelaçaram por toda tarde. E poderia também ter sido uma tarde doce. Mesmo naqueles piores dias, nublados e tristes, ainda sim seria você a desenhar amores em minha alma.

No sábado saí de casa com a nítida sensação de quem perde todos seus documentos. 
Sem projeções, interrogações ou expectativas, mas com o coração escrito em prosa, verso e algumas poesias. 
Minha alma carregava uma culpa imensa, mesmo sabendo-se inocente. 
Você não fazia por mal. Mas fez.

Escorreguei no seu sorriso, me perdi no seu beijo doce e o amor foi franco e espontâneo.
Éramos duas partes indescritivelmente distintas, sabíamos bem. Água e vinho. Razão e coração. E você ficou na semana, na medida certa. Até a gente se perder de vez.

Um dia te conto mais sobre este e outros sonhos. 
Afinal, sabemos que é possível navegarmos nas contradições da nossa alma sem entrar em conflito constante e ainda resistir à tentação de julgá-la pelas escolhas.

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