terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Cheiros


Sempre fui muito ligada a cheiros. Cheiro de brisa do mar que, com tamanha delicadeza, transporta nossa alma a algum silêncio, a uma paz intensa diante da imensidão das águas. Sensação ímpar este afago que causa no peito.

O cheiro da roupa limpa estendida no varal que, ao sair do quarto, seu perfume parece adoçar e embriagar meus sentidos. Trazendo uma calmaria tão grande, uma suavidade de toque, feito um lençol macio ao se deitar na cama. E nem precisa estar passado (coisa que nunca fiz, mas sei que muita gente tem este costume), basta estar estendido, bem esticado e cheiroso.

Gosto de perfumes que entram na alma da gente ao acaso, muito de repente. O cheiro bom que fica ao cruzarmos com alguém na rua, por exemplo. E nem é preciso que a gente conheça a pessoa pra saber que o perfume já deixou certo encanto pelo caminho. Um bom cheiro tem seu valor, afinal. Às vezes até nos confundem um pouco. Há perfumes tão marcantes que o simples cheiro deles no ar, nos dá a impressão de que alguém que conhecemos está por perto.
E, no entanto, tudo não passa de uma pura coincidência de gosto.
Muito bom gosto, diga-se de passagem.

Sem dúvida o meu cheiro (e sabor) preferido é o de Baunilha, desde sempre. Quem bem me conhece, sabe. E este é com tudo: desde bolos, doces, chás, cafés e sorvetes, como em perfumes, cremes para pele, óleos, velas, incensos e até desodorizadores de ambiente.
Meu olfato e paladar sabem expressar-se com clareza e exigem sempre uma dose de baunilha, sem titubear. Amo mais que chocolate!

Cheirinho da chuva, aliado ao barulhinho bom que vem com ela, indiscutivelmente, não tem igual. Parece sempre nos remeter à infância, às lembranças de banho de chuva e pés descalços.
É provável que esteja aí o que me desperta tanto entusiasmo por tempestades. Uma sensação muito nítida de liberdade, de andar sem pressa e sem hora, num contato direto que nos convida sempre a sorrir junto.

Há o cheiro do cloro que me fascina também. Calma, eu explico.
Este é específico. Apenas quando chego para nadar. O cheiro que me entorpece de imediato, no momento em que subo a rampa para entrar na natação. É a mistura do cloro com o ambiente da piscina, em contato com a água, dando aos meus sentidos um misto de leveza e alegria.
Acredito que, sendo eu tão chata com cheiros, se não gostasse desta hipnótica essência, talvez não amasse tanto nadar.

Por fim, vamos ao que deu origem a este texto. O cheiro do café.
Aquele recém passado, fresquinho. Acredito que de fato, ame muito mais que o próprio sabor do café. O cheiro do café passado na hora, tem um que de qualquer coisa avassaladora, pelo menos em mim. Porque mesmo que não esteja afim de café naquele momento, acabo tomando por conta do cheiro que, definitivamente, instiga.
Impressionante! É quase um convite, um sorriso meu que se expande.
É claro que irão dizer: mas é só não passar café que não sente o cheiro e nem vontade de tomar. E eu vou responder que quando se mora em condomínio, o simples fato de você levantar da cama, já se tem grandes chances de seu olfato ser alvo, por conta dos vizinhos.
Têm dias em que, literalmente, acordo pelo cheiro do café fresquinho. Sem nem precisar da voz metálica da vizinha feito um despertador, ao pegar seu carro em frente à janela do meu quarto. O cheirinho do café recém feitinho desperta-me bem antes. Uma verdadeira delícia, eu diria. Dentre as delicadezas todas da minha vida, o cheirinho do café é um combustível e tanto ao meu sorriso mais amoroso.
Melhor seria somente se acordada com um delicioso café na cama, né?

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