quinta-feira, 1 de março de 2012

Aceitar não é entender...


Aceitar não é entender.
Frase da queridíssima Sara Bodowsky, jornalista da RBS, em mais um belíssimo texto seu. O título (muito bem apropriado, por sinal) chama-se “Medo do Medo” e a idéia central gira em torno do falecimento da cantora Whitney Houston, ocorrido dia 12 de fevereiro deste ano. Segue o link, para quem quiser dar uma conferida:


http://www.facebook.com/sara.bodowsky/posts/385684831448765

Fiquei com esta frase na cabeça e junto dela um turbilhão de pensamentos sobrevoando minha mente durante dias.
Dias estes em que me permiti voltar a pensar um pouco mais na vida. Apenas para dar tempo da minha mente se reorganizar diante das muitas opções, idéias e acontecimentos.

Assim como quem rearruma todas as peças do tabuleiro no meio de um jogo. Era preciso. E, em se tratando de jogo, as estratégias e ações são sempre muito importantes. A pessoa aqui, particularmente, prefere ser totalmente ingênua no jogo das conquistas do que absurdamente virgem dos verdadeiros amores da alma. Mas há quem opte pelo contrário.

E quando o assunto é amor há tanto ainda por se compreender.
Aceitamos que tudo tenha movimento próprio e que, assim como a água, o amor não possa ser retido. Mas não há real entendimento sobre isto. Queremos o amor perto, ao nosso alcance, afinal.

Assim como somos livres para amar, mas não amamos, (segundo a psicóloga Fernanda Perlin de Cesaro), também somos perfeitamente aptos em aceitar o que não temos a menor condição de entendermos.

Muitas vezes não somos capazes de organizar nossas próprias impressões a fim de perceber melhor o que se passa dentro da gente mesmo, como então conseguir compreender o que se passa na cabeça de uma outra pessoa, por exemplo? Muito difícil. Impossível, eu diria.

É preciso ir muito além. Nossa mente precisa se soltar para fazer grandes e complexos entendimentos. Talvez por isso seja muito mais fácil aceitar do que entender de fato.
Entender requer saber se colocar no lugar do outro, pensar como o outro, enxergar através dos seus olhos, da sua alma, do seu coração. E isto é humanamente impossível já que somos feitos de sentimentos.
Por vezes somos movidos a eles, o que implica em não conseguirmos ficar 100% desligados da gente, do que sentimos, das nossas vontades e desejos. Então como poder sentir por outra pessoa esquecendo temporariamente de nós mesmos? Como entender realmente as atitudes de um outro alguém? Definitivamente, não dá.

Aceitamos que alguém não goste da gente, mas não compreendemos o real motivo. Por que aquela pessoa que você tanto adora e quer não está nem aí para seus sentimentos? Nossos melhores amigos apostam na gente como a escolha ideal, a opção perfeita, afinal. Então por que na prática isso não acontece? Não sabemos, não entendemos. Mas aceitamos para poder tocar a vida e seguir em frente.

E aceitamos por total falta de alternativa, por saber que alguma decisão não partiu da gente e nada temos a fazer ou mesmo porque a situação toda vai muito além do que é de fato da nossa conta. Mas o porquê disso tudo, por vezes, não há como ser compreendido. E aos nossos olhos, certas situações parecem tão injustas e, no entanto, na verdade nos faltam elementos para poder entender suas causas de fato.

"A água de cada um bate no joelho que cada um estabelece", já dizia, Fernanda Young. E é verdade. Podemos não entender atitudes ou ações de alguém, mas não seremos os responsáveis pelas suas escolhas. Cada um decide o que quer para a sua vida e, ainda que não concordemos com suas opções e não as entendamos, aceitamos. Exemplo claro de situações que estão sob controle de alguém e só dependem deste alguém para serem mudadas.

Aceitamos o prazer que nos é oferecido. Mas porque fomos escolhidos? Não sabemos. Mas acatamos mesmo assim.
Aceitamos ingressar em situações totalmente fora de nosso controle. E não conseguimos entender o porquê optamos sabendo desde o inicio do risco do suposto domínio escapar por entre nossos dedos.

Que fique claro que aceitação das coisas que não podemos mudar, não pode ser entendida como um convite ao comodismo, à inércia, ao cruzar-se os braços e nada mais fazer, ok?

Aceitamos que determinadas pessoas, por opção ou não, se afastem da gente. E nos doemos por dentro. Não conseguimos entender o porquê, mas respeitamos a decisão.
São as chamadas situações que não estão sob nosso controle e, portanto, não podem ser mudadas pelas nossas ações, mesmo que a gente queira muito. É fato!

Ou como Caio Fernando Abreu ensina: “Se algumas pessoas se afastarem de você, não fique triste, isso é resposta da oração: “livrai-me de todo mal, amém”“.
Aceitamos isso como resposta ao acontecimento, mas na realidade, não conseguimos entender o porquê.
Não compreendemos por que certas situações, objetos ou pessoas vão embora de nossas vidas.
Conforta-nos acreditar que elas se vão tão somente para que a gente possa ficar mais leve e voar mais alto. Mas isso na verdade não nos convence de fato.

Bom seria poder nos deparar sempre com situações que, embora não tenhamos como modificar diretamente, possamos, de alguma forma, influenciar na sua mudança.

Sabemos apenas que aceitar, definitivamente, não é entender.
Mas,

"Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento" escreveu certa vez, Clarice Lispector.

Simples assim...
; )

Em tempo: Transcrevo abaixo a "Oração da Serenidade" que destaca quatro virtudes fundamentais que precisamos desenvolver para se viver em equilíbrio e harmonia: serenidade, aceitação, coragem e sabedoria.


"Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas das outras".

(Reinhold Niebuhr - Teólogo)

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