terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Brincar de Viver

Chegando em casa, já passando das 5h. Eis o resultado do primeiro dia do fim do horário de verão. Após passear com Pitty e Bebê e também de um bom e relaxante banho, vou de encontro a minha adorável cama.
Com os pés destruídos de tanto dançar durante a noite, exausta e já pronta para dormir, me deparo com a tal insônia.

Insônia com nome e sobrenome, infelizmente.
Mas e os braços que sempre me acolheram em minha cama, onde foram parar, afinal?

Tudo por conta da noite, de certa forma, emocionalmente turbulenta.
(Des) encontros casuais por assim dizer.

Ou citando o grande poeta, Drummond:

“... Meu coração não sabe. Estúpido, ridículo e frágil é meu coração. Só agora descubro como é triste ignorar certas coisas...”.

E este trecho do poema, neste momento, caiu feito uma luva para a pessoa aqui.
Às vezes as coisas estão tão “estupidamente” claras e não as enxergamos.
Mas aquela noite havia sido diferente.

Talvez o cansaço de há tanto viver de “me doar e me doer” tivesse me dado um empurrãozinho. Já não estava mais disposta a suportar e tão pouco aceitar as mesmas (não) atitudes. As mesmas desculpas para a acomodação, para o não se fazer nada.
Muito menos ter de lidar com as lágrimas que voltam para a garganta.

Na saída da festa, quando questionada sobre tudo, tão somente respondi às amigas: “Vi o que precisava ver”. Na verdade também senti o que não queria sentir, mas optei por guardar isso comigo apenas.

Marisa Monte esteve presente naquela festa e durante toda a insônia:

"... Ouça o barulhinho que o tempo no seu peito faz. Faça sua dor dançar. Atenção para escutar o que você quer saber de verdade".

E foi isso mesmo que aconteceu: Parei para ouvir o tal barulhinho, coloquei minha dor para dançar não só a noite inteira como também no clarear do dia, já no meu quarto. E pude escutar o que queria saber de verdade.
Difícil e doloroso? Sim.
Mas, profundamente necessário.

“...Nem era dor aquilo que doía;
ou dói, agora, quando já se foi?
Que dor que se sabe dor, e não se extingue?
(Não cantarei o mar: que ele se vingue de meu silêncio nesta concha)...”


Lembrando outra vez o poeta e também meu tempo necessário de uns dias apenas me viciando em silêncio.
A frase de uma grande amiga ao final de 2011, e que me ajudou muito em algumas decisões, também me visitou durante a insônia.
Ela escreveu num e-mail: “não há porque esperar por algo/alguém que nunca ficou de vir”.

Quem primeiro olhará para trás? Não sei dizer.

Só sei que o domingo todo ficava lembrando de coisas que escutei no decorrer do mês de fevereiro e que, naquele momento fazia todo sentido.

“Se proteja, cuide de você”, alguém muito importante me escreveu também.

“Uma vida em constante movimento, mas você está pronta”, outro alguém, porém totalmente desconhecido até então, me disse dia desses.

Pronta para dar continuidade a tudo o que durante muito tempo ficou de maneira engessada.
Pronta para o recomeço em um novo trabalho ou em uma nova relação, para aproveitar e desfrutar do amor, para amar sem medos e inseguranças, para viver intensamente aquilo que ficou por viver ou que durante certo tempo esteve feito uma gangorra.
Pronta, para, se preciso for, procurar até encontrar, tal qual o pirata em busca de novos mares.
Pronta para ir além, para se permitir abrir ou fechar ciclos, sem meio termo. Do tipo “vem ou vá de vez”.
Pronta para o que desejar.

Ou como uma de minhas melhores amigas me comentou ao nos encontrarmos na terça de carnaval: “Você está diferente, parece muito tranqüila, leve”.
E eu concordei respondendo que de fato estava em paz, aprendendo a viver no presente e tão somente ele: um dia de cada vez. Sem muito ter o que pensar. Indo e fazendo, como quem nada anseia.
Buscando apenas meu sossego e bem estar.
Se isto é estar pronta, me sinto assim.

Se for preciso, viro a página. Se não for, espero tudo se reacomodar. Deixando as coisas correrem por si mesmas, sem impor minhas expectativas. Apenas tentando viver sem perder o eixo, aproveitando o que de melhor há.

Quem sabe com isso não possa viver sentimentos amplos e renovados?
Se o que sonhamos ou queremos definitivamente está tão distante ou jamais poderá ganhar forma concreta, deixemos então que se desfaça tudo aquilo que precisa se desfazer para que se possa dar lugar a algo novo.
E, por que não acreditar que uma novidade possa vir a ser bela e boa?

Só é preciso permitir entregar-se, sair do controle.
Não ter medo de recomeçar, de tentar, de ousar, de arriscar. Sem ficar preso a nada, nem ninguém.
As circunstâncias mudam se a gente quiser de fato.

A vida é hoje, agora, o momento com as escolhas que a gente faz para nós mesmos.

E a noite, apesar de tudo, ao final foi bem divertida e, porque não dizer, surpreendente.
Arriscaria com isso dizer que acordei tirando a água dos olhos e disposta a observar ao redor. Sair enfim do luto.

E tudo ao final irá operar por magia.

Chega de rotinas vazias. Agora é brincar de viver!
(Para não deixar de lembrar Bethânia e a musiquinha que eu adoro por demais!)

Um brinde ao cotidiano que se abrilhanta!

Em tempo:

1) Minha “bailarina de caixinha de música” de volta das férias e Monique chegando...

2) Em fase de acabamento outros 3 textos...

;)


"... Pra retornar

E enfrentar o dia-a-dia
Reaprender a sonhar
Você verá que é mesmo assim, que a história não tem fim
Continua sempre que você responde sim à sua imaginação
A arte de sorrir cada vez que o mundo diz não

Você verá que a emoção começa agora
Agora é brincar de viver
E não esquecer, ninguém é o centro do universo
Que assim é maior o prazer..."

(Maria Bethânia - Brincar de Viver)

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