quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Ela é de câncer

"[Você pode ler este texto ao som de Chandelier]

No balcão do bar, ela pede a bebida preferida “Garçom, uma dose de vodka, por favor.”
A rapidez com que vira o copo, os olhos marejados e a urgência pela próxima dose, dão indícios de que mais uma vez, a vontade de amar incondicionalmente, colidiu com a insensibilidade dos braços errados.

Lá pelas tantas da madrugada, chega cambaleando em casa – corpo cansado, coração dilacerado e gosto amargo de desamor na boca.
Enquanto o teto insiste em girar e o estômago dá sinais de ressaca, ela cantarola Cartola baixinho.
Entre um verso triste e outro, chora e sufoca os gritos com o travesseiro.
No fim de cada canção, promete para si mesma que trancará todo o afeto desperdiçado no quartinho dos fundos.

Ela é refém do sentir-visceral.
Tudo é profundo.
É intenso, é carne viva.
Sente por ela, por quem ama e por aqueles que nem conhece.

Tem o costume de enxergar leveza nos detalhes da vida.
Se emociona com boa música, com bons filmes e com pessoas de bom coração.
Ela nasceu com instinto de zelo, sabe cuidar de tudo que a cerca com maestria – se um dia ela deixar você sentar no sofá da casa dela, considere-se um cara de sorte.

Ela é de câncer e costuma ser colo, mas às vezes, precisa trocar de lado no jogo.
Ela precisa que você esteja com ela até o fim, por isso, se a sua intenção é fazer firula com o afeto dela, dê meia volta e peça mais uma cerveja, queridão"

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