domingo, 8 de julho de 2012

Juntando os "butiás"

Que tipo de doença é você?
Por que se esconder atrás de e-mails, se disfarçar entre perfis falsos, viver uma vida paralela, uma fantasia absurda de controle das coisas, das pessoas, como se isso fosse possível?
Até onde pensa ir com esse jogo de brincar com as pessoas?

Me explica de onde vem esta sensação de que tudo que vou descobrindo sobre você já não me parece mais novidade, não mais me surpreende.
Onde anda quem sempre esteve aqui tão perto, familiar aos meus olhos e que durante muito tempo teve pra si meu olhar mais amoroso e também meus melhores sorrisos? Um alguém que de repente enxergo longe, diferente, como se nunca tivesse passado por aqui.

Que espécie de pessoa você se tornou?
Alguém que brinca de esconder, que camufla sentimentos, que se acovarda por trás de outro nome para poder colocar para brincar suas fantasias e desejos mais secretos sem precisar sair da sua “vidinha sob controle”.
Alguém que desconheço por completo, feito um livro que vou relendo aos poucos e, ao passar das paginas, lá no final, percebo que o desfecho me assustou por completo, apesar de já o ter lido, de já saber o seu final.

As coisas que soube esses dias me paralisaram, de alguma forma.
Tive novamente a sensação de me tirarem o chão dos pés, de intimidarem um pouco meu riso. Precisei parar. Pensar. Assimilar tudo bem devagarinho.
E fui, aos poucos acordando meus medos, trazendo à tona todo o cansaço das expectativas que criei.
Tudo que acabou inevitavelmente, voltando a machucar um pouco minha espontaneidade por uns dias.

E ainda estou aqui tentando juntar “meus butiás” todos que caíram pelo caminho.

Mas e quando as pessoas se escondem?

Quando as pessoas fingem durante muito tempo (e talvez uma vida inteira) ser quem absolutamente não são?
Quem se enganou mais ao final de toda história?
É tudo tão absurdamente vasto e, ao mesmo tempo, tão assustador.

Que tipo de pessoa você esconde por trás do sorriso acolhedor, de alguém de passos certos, de pose exemplar, de modelo a ser seguido?
Tudo farsa. Tudo golpe para ser quem verdadeiramente não é.
Onde foi parar sua identidade real?

Por que inventar histórias diferentes para se tentar contar a mesma vida sem sal, com passos contados e que se mantém sempre em cativeiro?
Por que essa covarde alegria de afastar a liberdade de ser tão somente você e nada mais? 
Por que tanto medo de ser feliz sendo você mesmo?

Por que não se permitir avançar, tropeçar, experimentar, buscar sua alegria mais profunda sendo tão somente você.
Qual a real finalidade de bancar ser quem não se é?
Jogar? Brincar com o sentimento e carinho das pessoas? Dos seus amigos?
Por quê? Que tipo de desequilíbrio existe em você?

Quem você se tornou que não consegue mais se somar no mundo sem que tenha seu duplo (ou triplo) perfil?
Quem você quer convencer com este papel ridículo de se acovardar por trás desta imagem que não te pertence?

Onde se encaixam na sua vida real todos os riscos e improvisos que surpreendem os roteiros da vida, os sofrimentos que surgem?
Não há lugar.
É tudo tão controlado, tudo tão metodicamente e friamente calculado que não há espaço para qualquer outro tipo de sentimento verdadeiro.
Você vem com prazo de validade.
Você é uma farsa mal resolvida de você mesmo.
Da mistura de seus medos com sua total incapacidade de buscar uma felicidade realista ja que não se permite perder o controle.

Fiquei um longo tempo lustrando e idolatrando uma imagem com tanto carinho e cuidado que consegui perder de vista a luz do que eu tinha.
Precisei a duras penas refazer meu caminho.
Imaginar algo diferente, um atalho para poder desaprender a passar por lá que já estava trilhado e tão por mim acostumado a existir.
E, só assim conseguir me aproximar de novo do que é real.
Do que existe de fato. Do verdadeiro, não o falso e supérfluo.

Quantos nomes você tem, afinal?
Não sei. Já perdi as contas.
Desisti de tentar entender a razão daquilo que você se tornou.
Dessa vida doentia que você escolheu viver.
Eu indicaria um tratamento urgente, para quem sabe, com sorte e com tempo, possa ainda resgatar alguma identidade.

Pouco ou nada importa agora, você se perdeu de você tanto quanto se perdeu de mim.

Pode continuar com seu joguinho de brincar com vidas e pessoas de verdade, pode até mesmo continuar a subestimar sua coragem para assumir sua identidade e perfil verdadeiros.

Faça o que bem entender.

De repente, ao final possa acabar por se acostumar com o peso e o aperto de algo que jamais conseguirá transformar em vida aproveitada e realmente vivida.
Mas acreditar ainda assim que é feliz.

Eu tratarei tão somente de juntar meus “butiás” que ficaram espalhados pelo chão.



Um comentário:

  1. Tem hora que é melhor deixá-los no chão esborrachados, e se esmagarem com o tempo.

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