quinta-feira, 10 de março de 2011

Taça Piratini


Ontem foi uma noite especial.
Horas antes do jogo do Grêmio contra o Caxias, postei exatamente isto no face book.
Imaginava que a quarta-feira que passou seria uma noite diferente por todas as circunstâncias envolvidas: a decisão da Taça Piratini (1º turno do campeonato gaúcho) no Estádio Olímpico e, com isto, também talvez o primeiro título de Renato, agora comandando o time do Grêmio.

Jamais pensei que se trataria da noite mais emocionante deste ano, a mais empolgante e vibrante partida do campeonato gaúcho até aqui.
Sem dúvida, o melhor jogo de futebol deste primeiro turno.

Um Grêmio irreconhecível num primeiro tempo e amplamente dominado pelo time da Serra gaúcha.
Um Caxias a 150 km por hora enquanto o time da casa acuado, batido, sem forças e a 50 km por hora.
Sem perspectiva alguma de reação.

Mas na casamata do time do Grêmio havia aquele cara iluminado e, por vezes, ousado.
Em apenas 10 minutos de jogo, vendo seu time ser encurralado pelo adversário em pleno estádio Olímpico, manda todo o time reserva para o aquecimento.

Era o aviso de que tão logo mudaria sua equipe.

Para azar do Grêmio, numa cobrança de falta perfeita e contando com uma ajudinha de Victor, o Caxias largava na frente antes dos 20 minutos de partida. Resultado que daria o título ao time da serra.

Renato faz a alteração no time antes mesmo dos 30 minutos iniciais. Apostaria então na entrada do lateral esquerdo Bruno Colaço no lugar de Carlos Alberto.
Melhorou mas nada que parecesse mudar o retrospecto. O Tricolor continuava errando muitos passes e sem conseguir chegar à área adversária.
Nervoso, não sabendo se desvencilhar da forte marcação imposta pelo time de Caxias, deixava sua torcida inquieta e apreensiva.

Aos poucos o Grêmio acorda e entra no jogo, enfim consegue equilibrar a partida e chegar com perigo à defesa adversária. Mas, quando parecia que empataria a partida, numa troca envolvente de passes, o time da serra joga um balde de água fria nas esperanças do torcedor e, por castigo dos céus, quase 40 minutos do primeiro tempo, numa falha do sistema defensivo e também outra de Victor, aplica 2 x 0 em pleno estádio olímpico.

A torcida silencia por alguns instantes no estádio. O sonho da noite especial estava indo embora, e o título rumo a Caxias.
Aquilo que parecia ser uma noite de festa se transformaria num verdadeiro pesadelo.
Como encontrar forças para reagir diante de tamanha vantagem numa decisão?

Mas havia um olímpico radiante, iluminado... E a torcida foi o diferencial, como sempre...
Acompanhou o time, jogou junto, cantou o tempo inteiro e quando tudo parecia perdido buscava força do fundo da alma para que seu cântico chegasse aos jogadores como um alento, como um carinho no peito de cada um mostrando que estava ali, junto e acreditaria até o final, sempre.
A torcida do Grêmio sim faz a diferença, empurra, puxa pela mão e acaricia cada jogador para que eles tenham a certeza de que torcida e jogadores estão sempre juntos, lado a lado, e a geral é o 12º jogador.

O Caxias surpreendia muito o Grêmio pela marcação, organização e qualidade.

Eis que aos 43 minutos do primeiro tempo, William Magrão (que quase foi negociado com o Corinthians menos de 15 dias atrás), chuta forte de fora da área e consegue aquilo que até então parecia impossível, fazer gol no time do Caxias.

Era o inicio da reação.

Vinha em boa hora aquele gol para aliviar a pressão que o time da serra fazia sobre o time da capital.
Veio o segundo tempo e o pedido de Renato aos jogadores era que tivessem “garra” e se inspirassem em Zico que nunca desistia de tentar ser campeão.

O Grêmio perdia oportunidades de gol, continuava a parar na forte marcação do Caxias e sucumbia diante de seus mais entusiasmados torcedores. O Caxias se aproveitava dos contra ataques e por vezes quase ampliava o marcador.

Sabemos todos que nenhum título do Grêmio até hoje foi conquistado de forma fácil e ontem não seria diferente.

Então Renato chamou Lúcio, o lateral improvisado no meio campo e que se tornou, naquela função, o ponto de equilíbrio do time do Grêmio.
E com ele o Tricolor mudou da água para o vinho, era outro em campo, passou a dominar o jogo e criar inúmeras chances de gols, uma atrás da outra. Mudava a partida e o gol era questão de tempo.

Mas não tínhamos muito tempo, estávamos todos contra o relógio, todos juntos, na mesma sintonia: jogadores, Renato e a torcida apaixonada que cantava o tempo todo e o estádio virava uma verdadeira “bombonera”.

Foi preciso um time de guerreiros incansáveis em campo para que o gol que, caprichosamente insistia em não ir ao fundo das redes, surgisse da forma mais sofrida possível, nos acréscimos do final da partida. Foi um cruzamento de Lúcio, para os pés de um zagueiro chamado Rafael Marques.

O estádio então veio abaixo, tamanha euforia por ver enfim o título perto do Grêmio.

A comemoração de desabafo de Rafael Marques foi, sem dúvida, o reflexo mais vivo da emoção presente no Monumental da Azenha. Sua vibração pelo gol fez comover até os torcedores mais céticos presentes, tamanha raça demonstrada, carinho pelo manto azul e vontade de ver o Grêmio campeão.

O gol salvador, o gol inacreditável e que nos colocava enfim na disputa pelo título.
Agora então viriam as cobranças de pênaltis e com elas, a chance de Victor se reabilitar diante da torcida.

Mas havia do outro lado do campo também um goleiro pegador de pênaltis e que no ultimo jogo do Caxias havia pegado quatro cobranças. A briga seria difícil.
Mas do lado do Grêmio, além do Victor no gol, tínhamos excelentes batedores de pênaltis.

Victor se encarregou de defender as duas primeiras cobranças do Caxias e o Grêmio de converter as suas com a qualidade de seus batedores. A 4ª cobrança viria dos pés de Lucio, o ponto de equilíbrio e peça fundamental neste time do Grêmio, e com ele o título do primeiro turno do campeonato gaúcho de 2011.

Brilhou a estrela de Victor, mas também outra vez a de Renato.

Foi um jogo de encher os olhos, de vibrações azuis do inicio ao fim, de acreditar, de empolgar e o Grêmio justificou seu apelido de Imortal.

Eis o presente atrasado a todos aqueles gremistas que já aniversariaram este ano.

Eis o presente para Renato Portalupi.

Em entrevista coletiva, praticamente sem voz, Renato se emocionou ao lembrar sua mãe (falecida em fevereiro de 2010) e homenageá-la com o título já que a mesma sempre pedia para ele ser campeão como técnico do Grêmio.

O primeiro título de muitos, se Deus quiser!

Hoje o corpo padece da noite de muita tensão, ansiedade e sofrimento de ontem. A sensação é de ter sido atropelada por um caminhão.

A voz quase não sai de tanto gritar e cantar durante o jogo inteiro, mas valeu muito à pena. Este Grêmio de Renato me encanta a cada dia!

Foi um jogo emocionante, numa noite especial.

Um jogo simplesmente, inesquecível.

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