quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Razão x Coração (Ficar ou ir embora? Eis a questão!)



Hoje minha resposta é sim.
Daqui a dois dias, não sei.
Sexta-feira que passou fui a um bar que não ia já há bastante tempo na companhia de uma grande amiga.

Um subterfúgio que arranjei para espairecer, conhecer gente nova e ficar bem.

Quase um verdadeiro fracasso minha tentativa, pois a pessoa aqui não estava em clima algum e muito menos a noite conspirou para mudar o retrospecto.
Entretanto, quando já estava quase indo embora, acabei reencontrando uma amiga de longa data e que não via há tempos. Para falar a verdade, uns oito anos ou mais. Até pelo fato dela estar morando em outro estado, acabamos nos distanciando.

Mantínhamos eventualmente conversas pelo “face”, mas, como há alguns dias, optei por excluir meu perfil do site, acabamos perdendo totalmente o contato.

Eis que ela de férias, resolveu passar por Porto Alegre e, confiando apenas nos acasos da vida, decidiu que não avisaria amigo algum, optou por deixar que o destino se encarregasse de colocar no seu caminho aqueles amigos que deveria realmente encontrar. E nos reencontramos. Entre um assunto e outro, nos atualizando dos acontecimentos da vida uma da outra, eis que surge então uma proposta oficial e direta de mudança. E confesso, balancei.

Mudança de ares, de cidade, de rotina, de vida, de Estado. Mudança bastante positiva profissionalmente, imensamente tentadora financeiramente e diríamos que “muito a calhar”, emocionalmente falando.

Talvez, o universo conspirando a favor.

Tudo que preciso hoje é sair daqui, fugir, sumir por uns tempos, alguns anos, quem sabe?

Conhecer gente nova, buscar novos desafios, alcançar novos vôos, estabelecer novas metas, esquecer o que atualmente me deixa triste, o que me angustia e me machuca. Libertar meu coração neste momento é meu foco principal. Preciso cicatrizar as feridas da minha alma e diria que me distanciar de Porto Alegre, atualmente seria o remédio ideal.

E nada melhor do que recomeçar em outra cidade, outro Estado, afinal. Por que não?

Nada que é humano tende a ser simples. Logo, qualquer decisão, necessariamente não haveria de ser diferente.

Sei que todo e qualquer tipo de mudança é difícil, por vezes dolorosa e estressante, mas muitas vezes, profundamente necessária. Para crescimento e porque não dizer, para esquecimento, para desapego.

Hoje penso assim.

Se colocasse neste exato momento meu coração e minha razão em uma balança, diria que o lado emocional está em ampla vantagem e pesando de forma considerável.
E optaria, sem muito ter para pensar, por atender ao pedido de socorro que habita em meu peito: o de ir embora, de preferência para bem longe e sem olhar para trás. Um auto-exílio necessário e urgente, eu diria.

Algo essencial para me recompor, me encontrar novamente, acertar o rumo, a direção.
Para isto, mudanças sempre são bem vindas.

Nando Reis em sua belíssima “Dessa Vez” canta exatamente isso: “Por pensar demais eu preferi não pensar demais dessa vez”.

E hoje, minha resposta é sim.

Sei que, aceitando a proposta, muita coisa muda na minha vida. Levo meus filhotes para minha companhia, mas, em compensação deixo a parceria de longos anos da natação do Maurizinho Fonseca (que sabe como ninguém extrair o máximo de mim nos treinamentos), deixo o futebol de final de semana com as meninas.

Sentimentalmente seria o ideal me afastar das coisas que não estão me fazendo bem por aqui também, mas (e sempre tem um, MAS), tenho meus gatos e cachorros que seria uma função e estres de mudança, tenho minha linda afilhada que não sei se conseguiria ficar muito tempo longe, meus pais, meus amigos que são meu suporte, meu porto seguro, meus pés no chão para tudo e não sei se conseguiria me distanciar desse jeito.

Mas no momento não consigo antecipar sofrimento, penso apenas que será melhor. E que preciso urgentemente de mudanças em minha vida.
Ter uma experiência não é apenas viver um instante, mas sim, ser transformado por um momento. E aí, pouco importa se for pela emoção causada ou pelas sensações despertadas. Tanto faz, já houve a transformação. E confesso, a última causou um estrago imenso.

Estou há algum tempo “estacionada” e presa a um sentimento que os últimos acontecimentos apenas provaram que não há mais razão de ser. Que é imprescindível virar a página, seguir em frente.

É preciso “desatar” os nós.

Ou como canta Frejat “quando estiver bem cansado, ainda exista amor pra recomeçar” e melhor que seja longe já que tudo atualmente me remete ao mesmo destino. E o coraçãozinho da pessoa aqui anda demasiado cansado e desgastado.

Como nada é por acaso, por que não pensar com bastante carinho nesta proposta de mudança?

Minha musa em seu mais recente livro ressalta nossa fragilidade diante de pensamentos e sugere que se tente apenas ser feliz “por nada” comentando: “Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se torturam por terem sido contraditórios, não se punem por não terem sido perfeitos. Apenas fazem o melhor que podem. Se é para ser mestre em alguma coisa, então que sejamos mestres em nos libertar da patrulha do pensamento”.

E talvez, eu esteja buscando exatamente isso. Algo capaz de consertar o estrago feito há cerca de 20 dias pelas bandas de cá. Tentando encontrar a válvula de escape que me liberte deste sentimento atual de impotência, de ter apostado, investido e ter falhado. Desta sensação forte de fracasso, de quem está no fundo do poço, de estar com os pés enterrados na lama, sem ânimo ou sem algo realmente inspirador e capaz de me fazer sair do buraco, como ouvi de uma amiga, dias atrás. Nada como novos desafios e oportunidades de se modificar o que está fora de lugar.

Lembro de um excelente texto de Arnaldo Jabor e, que talvez, reflita minha busca atualmente por algum equilíbrio emocional à medida que ele diz que “Tornamo-nos máquinas, e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós”.

E é verdade. Ando tentando voltar a “sentir”. Sentir novamente motivação, entusiasmo em pequenas coisas, coisas bastante simples, mas que me carreguem pela mão e, de preferência, para bem longe onde as lembranças que me entristecem hoje possam desaparecer por completo.

Ando correndo atrás de coisas que se distanciaram de mim. Procurando encontrar algo que me devolva todas as emoções que perdi pelo caminho, aquelas mesmas que por vezes me fez parecer ridícula, mas, que nada mais é do que a simples sensação de se estar feliz e pouco ou nada importando a opinião dos que estiverem ao redor.

E lá vem Jabor de novo para lembrar “Porque ter medo de dizer isso, porque ter medo de dizer: "amo você", "fica comigo", então não se importe com a opinião dos outros, seja feliz! Antes ser idiota para as pessoas que infeliz para si mesmo!”

Resumindo: Ser feliz e mais nada.

Seguindo ainda o conselho de Arnaldo Jabor, “É preciso voltar a perceber que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais e aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, ou talvez a pessoa que nada tem haver com o que imaginou, mas que pode ser a mulher da sua vida. E, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois”.

O coraçãozinho aqui precisa voltar a pulsar como antes.
E porque não buscar esta batida em outro ambiente?

Tenho tempo ainda para amadurecer a idéia, pensar bem, analisar os prós e contras e decidir.

Como diria uma sempre otimista, Letícia Wierzchowski “apesar dos pesares, vem aí a primavera... depois desse comprido e chuvoso inverno, a gente pode ver, como num sonho bom, pequenas explosões de cor, o ardente vermelho e rosa das azaléias que florescem como loucas pelos jardins porto-alegrenses. Depois de tanto tempo feio, semanas inteiras de céu cinzento pesando sobre nossas cabeças, o sopro dos dias azuis se anuncia novamente”

Se meu horóscopo de hoje também fosse o responsável por uma resposta definitiva para esta decisão, ela seria igualmente positiva já que havia lá escrito: “por enquanto é preciso movimentar-se de acordo com as circunstâncias, que andam mais alteradas do que nunca. Ou seja, quase como correr atrás do prejuízo”.

Nunca tive medo de desafios, tão pouco de correr riscos.

E estou pensando muito sério sobre tudo isso.

Só quero voltar a ter a felicidade ao alcance dos olhos e meu coração batendo no compasso de antes, mais nada.

Não estou bem aqui neste momento isso é fato e não sei quando ficarei melhor, talvez sair do RS seja o ideal.

E as coisas que surgem em nossa vida, as oportunidades que aparecem são sempre por alguma razão.

E, no momento, Porto Alegre tem bem pouco ou quase nada a me oferecer

Hoje minha resposta é sim. Até 15 de outubro, veremos!

Muita água ainda para rolar.


"Estar assim, sentir assim
Turbilhão de sensações dentro de mim
Eu me aqueço, eu endureço
Eu me derreto, eu evaporo
Eu caio em forma de chuva eu reconheço
Eu me transformo
Agora sou um vento só, a escuridão.
Eu virei pó, fotografia,
Sou lembrança do passado
Agora sou a prova viva
De que nada nessa vida
É pra sempre até que prove o contrário"

(Paula Fernandes - Sensações)

3 comentários:

  1. Quando fui para Pelotas, era uma fuga... E, no fundo, não resolveu de vez. Se o problema está conosco, não importa a cidade... ele volta. Brasília, foi outra fuga...TERAPIA foi a solução. Mas, mudar de cidade, ter outros ares, sempre é bom. (que o diga a ciganinha aqui). O que digo é: foi fuga e o problema continuou, até a terapia, quase 3 anos depois. Mas se não tivesse ido embora, talvez fosse a mesma e nunca tivesse vivido meus sonhos. A mudança de ares (meu texto da despedida candanguinha diz isso) me fez muito bem. Foi quando me descobri!!!

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  2. Como foi a tua mudança, deu certo?

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    1. Não me mudei de cidade, Patricia. Acabei ficando mas, mudando muitas coisas em mim. Tivesse ido na época, seria uma fuga apenas. Tinha de resolver as coisas aqui mesmo, comigo. Agora tudo 100%... Abraços ;-)

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