quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Meu destino



Nas palmas de tuas mãos
leio as linhas da minha vida.

Linhas cruzadas, sinuosas,
interferindo no teu destino.

Não te procurei, não me procurastes –
íamos sozinhos por estradas diferentes.

Indiferentes, cruzamos
Passavas com o fardo da vida…

Corri ao teu encontro.
Sorri. Falamos.

Esse dia foi marcado
com a pedra branca da cabeça de um peixe.

E, desde então, caminhamos
juntos pela vida…

Cora Coralina

You've Lost That Loving Feeling


"Eu consigo viver muito bem sem você 
Claro que consigo 
Exceto quando chuvas suaves caem das folhas, aí eu me lembro 
Da felicidade de ser abrigado em seu abraço 
Com certeza eu me lembro, 
Mas eu sigo muito bem sem você. 
Eu me esqueci de você, assim como deveria 
É claro que me esqueci 
Exceto quando escuto seu nome 
Ou a risada de alguém que é igual a sua 
Mas eu me esqueci de você assim como eu deveria..." 

Essa música (I Get Along Without You Very Well) cantada por Frank Sinatra, Nina Simone e Renato Russo, traduz muito bem esse sentimento que nos faz lembrar de alguém. 
Nela, o cara insiste em dizer que se esqueceu daquela pessoa, que consegue levar sua vida na boa e só se lembra dela em alguns momentos: quando acorda, quando dorme, quando escova os dentes, quando chove, deita, tira uma soneca, vê alguém parecido, assiste um filme, visita um determinado lugar, corre na rua, passeia de bicicleta, enfim... 

É claro, você já deve ter ouvido falar que não existe em todas as línguas, nenhuma palavra que explique o real significado da palavra portuguesa SAUDADE. Na verdade, saudade pode ser explicada como um sentimento difícil de definir, mas fácil de entender. 
Ela pode estar escancarada em qualquer pessoa _ estampada naquele sorriso ou escondida por trás de tanta tristeza. 

Ter saudade é como participar de uma realidade invisível: você tem as possibilidades de usar tudo a seu favor, de levar adiante sua vida sem pestanejar em qualquer momento _ mas quando se lembra daquele lugar legal que nunca mais voltou, ou daquela pessoa que está tão longe, você pára nem que seja por um segundo para dar aquele suspiro... 
Saudade sente quem tem fome, tristeza, amor ou insônia. 
Quem tem boas histórias pra contar _ quem já sorriu muito, correu muito, se divertiu muito, sofreu muito ou amou muito! Saudade sente quem um dia parou e percebeu que ficar olhando pra trás não é o melhor negócio e então repetiu baixinho: Eu me quero de volta! 
Porque saudade também é você saber cuidar de si mesmo, vibrando uma energia diferente para atrair coisas boas, olhando sempre pra dentro e vivenciando tudo com um novo olhar. 

Saudade é, muitas vezes, querer e ter a possibilidade de ficar sozinho. 
Tem saudade quem já usou Kichute, Maria Chiquinha, tomou Fanta Uva, assistiu desenho animado, andou de patins, comeu chocolates Surpresa, bala de leite Kids, lanches Mirabel, cigarrinhos de chocolate Pan, chupou pirulito Dipn Lik, comprou um suspiro só pra ganhar um relógio de brinde ou fez castelos de areia quando foi passear com a família na praia. 

Tem saudade quem sabe que as melhores coisas da vida são as mais simples e então encheu seu pendrive de músicas legais para ouvir no carro, usou aquele monte de moedas pra tomar um expresso na padoca da esquina, parou na estrada para fotografar aquele pôr-do-sol alaranjado que cegava sua visão no caminho de volta pra casa, encarou o dia com sorriso enorme no rosto mesmo sabendo que o horóscopo daquela manhã dizia que a Lua transitaria pela Casa 5, enquanto o Sol se encontraria na Casa 12, - o que não seria bom porque sua sensibilidade estaria muito aflorada, o que poderia provocar reações exacerbadas sem nenhum embasamento racional. 

Tem saudade quem se lembra de alguém na melhor parte da música, naquele pedaço que você gosta mais. Então você sorri enquanto canta junto “estranho seria se eu não me apaixonasse por você”. Porque músicas sempre lembram momentos, que te levam pra algum lugar, que te dão saudade. 

Tem saudade quem já se olhou no espelho e não ficou contente com o que viu e então traçou planos de cortar o cabelo, ir ao dermatologista, frequentar a academia, comprar uma calça nova, experimentar o novo perfume que viu na revista. Mas é também ter o direito e a possibilidade de se entristecer quando alguma coisa passa a incomodar, quando parece que o mundo joga contra, quando você fica sem lugar, quando o jogo parece estar totalmente perdido. Saudade de um carinho, de um sorriso compreensível, de um olhar de cumplicidade, de ficar preso para sempre naquele abraço que era tão bom! 

Tem saudade quem ouve a pessoa falar que vai te amar pra sempre mas mesmo assim quer ir embora da sua vida _ e você então percebe que, por mais que ela insista em te provar que você é super importante, aquele amor se transformou em carinho. E ainda que você não queira essa situação porque ainda ama e ficar sem ela pode parecer desesperador em um primeiro momento, você fica tranquilo porque sabe que fez tudo o que podia, que colocou todas as suas cartas na mesa, que de repente, as coisas realmente não precisam ter sentido algum - pelo menos uma vez na vida. 

Tem saudade quem retornou àquele lugar que foi palco de encontro de uma época bem feliz mas que, por algum motivo, passou. Você olha para a mesa ali no canto e se vê, alguns anos mais novo, esperando pela companhia que estava por vir, enquanto a história toda passava pela sua cabeça: o primeiro encontro (aquele), o olhar fixo na tela do celular esperando pela mensagem de "Estou chegando ", o primeiro café, o barzinho que veio logo a seguir, as viagens com fotos na praia, na rua, na chuva ou na fazenda! E tudo se desenvolveu assim: como as músicas menos conhecidas de um disco que bombou, os famosos Lados B, aquelas canções poucos conhecidas mas não menos importantes, exatamente as suas preferidas. 

Olha, saudade traduz você, seus gestos, sua maneira de falar, andar e sorrir! 
Saudade traduz você que está tão longe e ao mesmo tempo tão perto. E bate tão forte como naquele refrão, dessa vez de outra música: “E eu nem sabia, como era feliz de ter você" 

Djalma Alt Faria Neto

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Sarau com Fernando Anitelli ♥

Dizem que escrever é também uma forma de esperar. Pode ser. Eu diria que é uma maneira de se relembrar, de tornar mais perto do coração da gente aquilo que nos cativa e nos emociona.

Assim como entendo que seja também uma forma de desabafo, onde a gente expõe o que, por alguns instantes, embaça nossos olhos. Foi o que fiz semana passada, dias antes deste Sarau com Anitelli. Ia me desfazendo daquela nuvenzinha que encobria meu sorriso através das palavras. É meu jeito de colocar para fora o que me entristece e, assim, suavizar a alma e poder aproveitar a noite do dia 18 com o coração aberto, livre e leve para captar apenas coisas boas.

E eis eu aqui, uma vez mais escrevendo sobre este hipnotizante encantamento que Fernando Anitelli e todo seu Teatro Mágico exercem sobre cada um que assiste a um de seus shows. Impressionante este poder restaurador de almas, capaz de resgatar e devolver nossa paz e tranquilidade. De espantar todas nossas impurezas e devolver a cor aos nossos dias.

Desta vez foi um Sarau, no Obah Hostel, no último dia 18 com Fernando Anitelli na voz e violão. Bem como diz a música “O Anjo mais velho”, foi uma noite para encher “minha alma daquilo que outrora eu deixei de acreditar”. E, de repente, como num estalar de dedos, havia respingos de amor por todo Hostel.

Sensação indescritível, só quem vai sabe exatamente a que me refiro. Onde tudo ao redor são tão somente energia e olhos risonhos, e gente sendo feliz de um jeito tão natural quanto respirar. Lindo! Noite realmente inspiradora. Todos na mesma sintonia. Uns recitando poemas, outros fazendo dueto com Fernando. E os ventos todos favoráveis nos transportando para um mundo onde a esperança e felicidade nunca acabam. Onde paciência e tolerância prevalecem.

Tudo muito perfeito! Desde a organização do “Salsipão” como confraternização da galera. A bandeira do RS que estendemos ao fundo do palco, o pessoal que se juntou para organização e distribuição das camisetas personalizadas. Teve até presente ao Fernando: Um kit chimarrão, com direito à Cuia personalizada. Era o Hostel da delicadeza e poesia!





Às vezes a gente deve fazer ao máximo para preservar momentos mágicos para que eles não desapareçam. Aquilo que ganha espaço nos nossos dias e alegra o coração, há que se repetir muitas vezes dentro da gente. Falo, entre outras belezas apresentadas naquela noite, da felicidade ao ver o irmão do Gui cantando ao lado do seu ídolo, da imensa alegria do pequeno Artur que contagiou a todos em “Camarada D’água”, nos colocando literalmente pra dançar e pular feito crianças, da grata surpresa dos poemas de Marcelo Depólo. Aliás, Marcelo fez uma declaração estupenda ao Fernando sobre o que representa esta influência das músicas do Teatro Mágico na vida da gente. Simplesmente, maravilhoso! E assino embaixo dessas emoções sem freio que nos tomam por completo. Existe sim uma mudança muito grande em nossas vidas: o antes de se conhecer e ouvir Teatro Mágico e o depois de Teatro Mágico.

Foi algo tão raro, tão envolvente que ainda fiquei uns bons dias com o coração contraído por tamanha euforia e alegria. Era como se pudesse trazer um pouquinho daquela conexão de pura magia pra mais perto de mim, relembrando as canções que embalaram a noite. E, assim poder ficar curtindo um tanto mais deste lado bom da humanidade, onde quase tudo é movido pela gentileza e gestos de carinho e amizade. Onde há apenas a doçura e leveza em curtir momentos de paz e felicidade. Onde música, arte e poesia prevalecem e transbordam por todos os lados.

Há quem diga que a felicidade enquanto lembrada nunca morre. E que bom! Quero ficar recordando insistentemente da noite única e maravilhosa do Sarau com Anitelli. Tudo que ficará eternizado em minha mente, tal qual um sorriso bobo que nasce primeiro dos olhos e nos arrepia a alma por inteiro. Ou aqueles lindos sonhos que nos acolhem e a gente não sente vontade alguma de despertar.
                   Fernando Anitelli                             Gustavo Anitelli


*** Créditos nas fotos a todos “Gaúchos Raros”. Fui pegando uma foto aqui outra ali. 
Obrigada! ;-)


domingo, 21 de fevereiro de 2016

Bem no fundo



No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto

a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais

mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos
saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.


Paulo Leminski

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Ser feliz é viver confortável em si mesmo


Nunca me ative às sugestões românticas de felicidade.
Prefiro a compreensão que descredencia as ilusões que o romantismo comporta.
Simplifico sem ser simplista. Ser feliz é viver confortável em si mesmo.
Labor diário de endireitar caminhos, dispensar excessos, selecionar realidades
e pessoas que nos ajudem a construir o conforto existencial.
E por elas fazer o mesmo.
A brevidade da vida nos pede esta sabedoria.
O momento presente precisa ser percebido. É nele que identificamos
se o contexto de nossas escolhas nos favorecem , ou não.
Nunca é tarde para mudar os rumos da vida que vivemos.
Mudar peças de lugar, reinterpretar a importância que se dá as pessoas,
reconciliar-se com os erros cometidos, pedir perdão a si mesmo,
corrigir o que ainda for possível, não temer o sofrimento da restrição que desata nas amarras
dos vícios, favorecer a ação de Deus.
Só assim a felicidade é possível. Revirando o baú das mesmices, tomando
consciência do comportamento autodestrutivo que alimentamos sem perceber


Fábio de Melo

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

O menino que carregava água na peneira


Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.

A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e
sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.

A mãe disse que era o mesmo
que catar espinhos na água.
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces
de uma casa sobre orvalhos.

A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio, do que do cheio.
Falava que vazios são maiores e até infinitos.

Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito,
porque gostava de carregar água na peneira.

Com o tempo descobriu que
escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.

No escrever o menino viu
que era capaz de ser noviça,
monge ou mendigo ao mesmo tempo.

O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.

Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor.

A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta!
Você vai carregar água na peneira a vida toda.

Você vai encher os vazios
com as suas peraltagens,
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos!

Manoel de Barros

Linha tênue


Fico estarrecida com o que presencio frequentemente. 
Por vezes chega a me causar mal estar, até mesmo dor de estômago. Cansaço imenso na alma.
Talvez do sentir eu muito saiba e tão pouco compreenda verdadeiramente, ou seja, ingênua o suficiente para crer em algo utópico. 
Têm dias (e hoje é um deles kkk) que a gente se pergunta (porque é da vida este eterno questionar-se... E, que bom!!!) por que o que parece tão simples e prático pra gente, torna-se tão difícil, pesado e quase burocrático para outros? Definitivamente, não sei direito como lidar com algumas situações. 
Em um dos filmes que mais gosto, há uma frase que diz muito sobre isto. Sobre a dificuldade de alguns em sair da sua zona de conforto.


Há também aquelas que discutem buscando sempre o reconhecimento de uma estar certa em algo e a outra errada. A necessidade desta escolha absurda por se ter sempre a razão. Uma disputa demasiada de egos. Agem de forma arrogante com o outro, num olhar de total desdém. Como se carregassem um rei na barriga. Parece até que sabem as respostas para todos seus questionamentos na ponta da língua, e não necessitassem mais aprender nada nesta vida. O ego infla a ponto de dominar por completo todas suas relações, desrespeitando inclusive as hierarquias. 

E aí eu pergunto: até que ponto vale realmente à pena se ter razão? Por que não descer um pouco do pedestal, calçar o chinelinho da humildade e reconhecer que o outro pode ter um pouco de razão, aquele caminho pode ser mais leve e fácil do que o que eu estou propondo. Todos têm pontos de vista diferentes, as pessoas por si só são muito diferentes entre si. Qual a dificuldade em admitir que determinada situação ou a solução para algum assunto qualquer possa ser resolvido de uma maneira mais amena e/ou por outra pessoa? Por que esta ideia fixa de criar empecilho para algo ir adiante? Frustrar a perspectiva de algo melhor para todos pelo simples receio de mudar algo a sua volta. É lamentável nos dias atuais ainda nos depararmos com pensamentos tão egoístas e que não visam o bem comum. Meu querido Anitelli canta “A demanda do mundo é amar” e eu penso: de que jeito? Se a gente está cada vez mais desaprendendo desta arte que é amar? 

Por que algumas pessoas têm o prazer de agir (por trás, evidentemente) por pura maldade? Escondem-se atrás de rostos tristes, serenos, quase imperceptíveis, mas bem lá no fundo carregam uma alma com pensamentos mesquinhos e pequenos. Um mal que reside dentro, escondidinho, mas que aflora nos pequenos gestos e atitudes.

É... O lado de fora nem sempre denuncia o que há dentro de nós. Por trás daquele sorriso gentil com palavras acolhedoras, escondem-se as mais variadas faces de seres sem luz. E olha que são pessoas! Gente de carne e osso como eu e você. E que, na teoria deveriam ser do bem e espalhar coisas boas por aí. No entanto agem como se carregassem um buraco imenso dentro do peito. Pessoas impregnadas de maldade que se escondem por trás do conforto que o poder do anonimato lhes proporciona. Que só enxergam o próprio umbigo, não pensam no outro. Fingem atenção, mas na verdade não se importam nem um pouco com o próximo. Pessoas que desaprenderam o que é sentir. Falam pelos cotovelos e, no entanto, não param para escutar.

Eu sempre desconfio das pessoas que sorriem de forma camuflada, como se quisessem esconder os dentes, como se sentissem vergonha de soltar uma boa gargalhada. Sempre fico com pé atrás com aqueles que falam manso, quase sussurrando. Aqueles que, mesmo quando são confrontados, não alteram seu tom de voz, não mudam a expressão. Talvez o mais difícil hoje para mim seja conviver com pessoas de natureza tão distinta da minha. Observo as pessoas e, por vezes, sinto-me feito um peixe fora d'água. Algumas até há como proteger. Outras infelizmente, não querem se ajudar.

Há uma linha muito tênue entre o bem e o mal, é verdade. Mas também há o nosso poder de escolha. Cruzar essa linha ou não. Permitir entrar neste terreno fértil de ódio e crueldade, ou não. 

Nestes dias, feito os de hoje é que eu paro e respiro bem fundo. Como se necessitasse puxar o ar lá de baixo, bem da pontinha do pé para que toda doçura e delicadeza possam entrar pelo meu corpo, ocupar minha alma por completo. Não me contaminar com tamanha energia negativa infectada no ar. Porque acredito verdadeiramente que a gente atrai para nós aquilo que pensamos. Tudo o que vai, retorna mais tarde para nós. O que plantamos, colheremos no futuro. Uns a tempo de uma boa colheita, outros com o resultado podre de todo seu lixo. 

“ao olharmos para um abismo, o abismo olha de volta pra gente”

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

É quando a boca empresta um sorriso aos olhos...


Delicadeza é aquilo que nos alcança sem nos tocar. É a melodia que nos embala mesmo em silêncio. É quando a boca empresta um sorriso aos olhos sem que nenhuma cobrança seja feita e os sentidos se misturam sem que ninguém dispute o melhor espaço. Delicadeza é ter pensamentos e atitudes em harmonia. É atingir o outro sem que ninguém saia machucado. É quando você é seduzido por algo que vem de dentro e dividir ajuda a somar!

Fernanda Gaona



terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Olha ELAAAAA! ♥ ♥


Olha elaaaaaa!!! rsrs

Hoje o dia é dela! Da “menina dos meus olhos”, encanto dos meus dias, amor da minha vida, meu tudo! Aquela que me ensina a cada dia um pouco mais sobre paciência e tolerância. Minha eterna “bailarina de caixinha de música”, hoje completa 14 anos. 

Como canta Nando Reis, “As coisas lindas são mais lindas quando você está” e é verdade! Agradeço imensamente este presente que Deus me enviou em 2002. 
Um tesouro que me apresentou a este sentimento de amor incondicional. 
Que é a razão da minha vida e me fez descobrir a felicidade que é ouvir a palavra “Dinda”. Minha afilhada linda, Parabéns! \o/ \o/ 

Que o "carinha lá de cima" sempre te guie e ilumine e os anjinhos te protejam.
A ti hoje e sempre meu melhor sorriso e meu amor infinito.
Feliz aniversário! “Carpe Diem” ;-)

AMO-TE! ♥ ♥ ♥


♪Entre as coisas mais lindas que eu conheci
Só reconheci suas cores belas quando eu te vi
Entre as coisas bem-vindas que já recebi
Eu reconheci minhas cores nela então eu me vi♪












Esperar a metade da laranja é o maior bagaço


"A maior riqueza do homem é a sua incompletude." Manoel de Barros

Alguém para nos completar. Essa idéia é implantada em nossa mente desde que nascemos. Vivemos uma espera sem fim por algo que nunca vem. Isso porque aprendemos a nos basear em idéias quase sempre vazias. Deixamos de viver o nosso todo para esperar por um pedaço de alguém. Queremos que o irreal se torne concreto e que a pessoa dos sonhos se materialize em nossa frente. Acho muita responsabilidade exigir que alguém nos complete. Eu sou da teoria que precisamos de alguém que já venha inteiro. Porque a pessoa que vem inteira sabe respeitar espaços, a pessoa que se sente completa aceita que você não é igual, e principalmente, a pessoa que aprendeu a totalidade sozinha sabe que dividir algo com você não implica em nenhuma perda para ela. Acredito que a troca no relacionamento só é completa quando cada um é inteiramente proprietário das suas ações. E que não é a metade da laranja que faz você ser completo, mas as lições que você aprende durante sua incompletude. Essas sim serão imprescindíveis e farão você dividir completamente tudo que existe dentro de você.

Fernanda Gaona

sábado, 13 de fevereiro de 2016

O grande amor da minha vida!


Eu não espero que você seja o-grande-amor-da-minha-vida, parei de acreditar nisso… Não quero que você me faça chorar. Não quero que você seja um motivo ruim na minha vida. Você é motivo de sorrisos, razão pra eu acordar num dia de chuva e tomar banho e mudar de roupa porque eu sei que você vai passar aqui…

Não quero te odiar. Não quero falar mal de você pros outros. Pras minhas amigas. Quero falar mal de você como quem ama. Pois é, ele nunca lembra de desligar o celular antes de dormir e sempre alguém do trabalho liga. Sabe, eu quero dizer isso. Que o máximo de irritação que você me provoca é me acordar de manhã cedo falando bobagens que parecem ser importantes no celular.

Não quero que você me largue. Não quero te largar. Não quero ter motivos pra ir embora, pra te deixar falando sozinho, pra bater o telefone na sua cara. E eu não tenho medo que isso aconteça (eu nunca tenho), eu fiz isso com todos os outros. É só que dessa vez eu queria muito que fosse diferente.

Dessa vez, com você, eu queria que desse certo. Que eu não te largasse no altar. Que eu não te visse com outra. Que eu não tivesse raiva. Que você não passasse a comer de boca aberta. Que você entendesse o meu problema com chãos de banheiro molhados pra sempre.Que você gostasse e cuidasse de mim como disse ontem à noite que cuidará.

Eu quero que dê certo, não estraga, por favor. Não estraga não estraga não estraga. Posso pôr um post-it na sua carteira? Mesmo que a gente não fique juntos pra sempre. Mesmo que acabe semana que vem. Nunca destrua o meu carinho por você. Nunca esfrie o calorzinho que aparece dentro de mim quando você liga, sorri ou aparece…

Mesmo que você apareça na porta de outras mulheres depois de me deixar. Me deixe um dia, se quiser. Mas me deixe te amando. É só o que eu peço.

Tati Bernardi

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Farinhas do mesmo saco


Outro dia, um amigo de longa data se referiu a mim e a uma amiga em comum como“farinhas do mesmo saco”. E ri da expressão, orgulhosa de ser o mesmo tipo de pessoa que minha amiga.

Dizem que os opostos se atraem. Talvez porque eu busque no outro o que me falta, ou aquilo que desejo revelar, mas só ele consegue exteriorizar.

Porém, em se tratando de amizades, felicidade é ser farinha do mesmo saco, do tipo que engrossa o mesmo caldo ou dá consistência ao fermento que fomenta a vida.

Quero ser farinha do mesmo saco de quem mora longe, mas se faz sempre perto, e não deixa a saudade distanciar. De quem cuida da amizade com vontade de estar presente, sem correr o risco de que o tempo apazigue a memória do que sempre queremos lembrar;

Desejo ser farinha do mesmo saco de quem não tem medo de ser imperfeito, e trata com carinho seus deslizes, compreendendo que nossas incompletudes são partes do mesmo saco também;

Sou farinha do mesmo saco de quem compartilhou um tempo bom, e fez da trilha sonora e cinematográfica de sua vida parte da minha também, eternizando “Grease”, os clássicos deWoody Allen, “Moon River”, Legião e “Go Back” _ na versão linda com Fito Paez;

Sou farinha do mesmo saco de quem me viu modificar com a idade, e transformou-se comigo, superando as dificuldades do caminho e prosseguindo lado a lado, compreendendo que ainda que os roteiros sejam distintos, permanece aquela linha invisível ligando os mundos;

Quero ser farinha do mesmo saco dos amigos que inventam grupos no whatsapp, e espalham videos, fotos e outras bobagens só pelo pretexto de nunca mais deixarem a distância apartar;

Sou farinha do mesmo saco de quem não consigo esconder um segredo, e partilho mesmo correndo o risco de chorar; entendendo que no mesmo saco encontro amparo para meus medos e conflitos também;

Sou farinha do mesmo saco de quem entende minha reserva de tempos em tempos, a necessidade de encontrar abrigo em meu universo particular, de quem supera meu contraste e introspecção;

Sou farinha do mesmo saco de quem não se fragiliza diante de minha alegria, mas partilha do mesmo sorriso quando a vida floresce em meu canteiro;

Quero ser farinha do mesmo saco de quem compartilha sua alegria sem rodeios, e não se intimida quando o tempo traz a poda de suas _ e minhas _ mudas ou estruturas;

Sou farinha do mesmo saco de quem não tem medo de chegar, e não vive com receio de que a proximidade derrube as portas que construiu pra se blindar. De quem entende que a amizade é um sentimento mútuo, que só cresce reciprocamente;

Sou farinha do mesmo saco de quem perdoa a si mesmo, e aprende a não se culpar em demasia. De quem me ensina a relevar meus próprios julgamentos e entende minhas pequenices, tombos e fraquezas, sem usar isso pra me desconcertar;

Quero ser farinha do mesmo saco de quem ama sem impôr condições, e permite que lhe amem na mesma proporção. De quem não evita a possibilidade de ser melhor com o tempo, mas tenta se aprimorar com a passagem dos momentos;

Sou farinha do mesmo saco de quem sabe dirigir o olhar com delicadeza e serenidade, acreditando que é merecedor de dádivas e milagres diários. De quem sabe agradecer o presente que é a própria vida e tolera os imprevistos com ginga e sabedoria;

Quero ser farinha do mesmo saco de quem tem tanto a me ensinar, pois meus pés ainda trilham terra barrenta, que tem tanto a se transformar.

A vida nos pede ânimo novo todos os dias. Precisamos ser farinhas do mesmo saco. Precisamos de quem nos ajude a lapidar nossas arestas e arredondar nossos cantos ou esquinas.

Bom mesmo é encontrar quem nos acolha. Quem tem tanto a oferecer e nos enxerga com olhos generosos. Quem nos abraça e convida a ser assim, simplesmente… Farinhas do mesmo saco…

Fabíola Simões

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

RESPUESTA


Quisiera que tú me entendieras a mí sin palabras. 
Sin palabras hablarte, lo mismo que se habla mi gente. 
Que tú me entendieras a mí sin palabras 
como entiendo yo al mar o a la brisa enredada en un álamo verde.

Me preguntas, amigo, y no sé qué respuesta he de darte, 
Hace ya mucho tiempo aprendí hondas razones que tú no comprendes. 
Revelarlas quisiera, poniendo en mis ojos el sol invisible, 
la pasión con que dora la tierra sus frutos calientes.

Me preguntas, amigo, y no sé qué respuesta he de darte. 
Siento arder una loca alegría en la luz que me envuelve. 
Yo quisiera que tú la sintieras también inundándote el alma, 
yo quisiera que a ti, en lo más hondo, también te quemase y te hiriese. 
Criatura también de alegría quisiera que fueras, 
criatura que llega por fin a vencer la tristeza y la muerte.

Si ahora yo te dijera que había que andar por ciudades perdidas 
y llorar en sus calles oscuras sintiéndose débil, 
y cantar bajo un árbol de estío tus sueños oscuros, 
y sentirte hecho de aire y de nube y de hierba muy verde...

Si ahora yo te dijera 
que es tu vida esa roca en que rompe la ola, 
la flor misma que vibra y se llena de azul bajo el claro nordeste, 
aquel hombre que va por el campo nocturno llevando una antorcha, 
aquel niño que azota la mar con su mano inocente...

Si yo te dijera estas cosas, amigo, 
¿qué fuego pondría en mi boca, qué hierro candente, 
qué olores, colores, sabores, contactos, sonidos? 
Y ¿cómo saber si me entiendes? 
¿Cómo entrar en tu alma rompiendo sus hielos? 
¿Cómo hacerte sentir para siempre vencida la muerte? 
¿Cómo ahondar en tu invierno, llevar a tu noche la luna, 
poner en tu oscura tristeza la lumbre celeste?

Sin palabras, amigo; tenía que ser sin palabras como tú me entendieses.

_________________________________________

RESPOSTA

Quisera que me entendesses sem palavras.
Falar-te sem palavras, como se fala à minha gente.
Que a mim me entendesses sem palavras
como eu entendo o mar ou a brisa enlaçada num álamo verde.

Perguntas-me, amigo, e não sei responder-te;
há muito que aprendi fundas razões que não entendes.
Revelá-las quisera, pondo o sol invisível em meus olhos,
a paixão com que a terra doura seus frutos ardentes.

Perguntas-me, amigo, e não sei a resposta que hei-de dar-te.
Sinto arder louca alegria nesta luz que me envolve.
Quisera que a sentisses também a inundar-te a alma,
quisera que a ti, no mais fundo, também te queimasse e te ferisse.
Criatura também de alegria eu quisera que fosses,
criatura que chega por fim a vencer a tristeza e a morte.

Se agora eu te dissesse que havia de andar por cidades perdidas
e chorar em suas ruas escuras por se sentir débil,
e cantar sob uma árvore de estio os teus sonhos sombrios,
e sentir-te feito de ar e nuvem e erva muito verde...

Se agora eu te dissesse
que é tua vida essa rocha em que as ondas se quebram,
a própria flor que vibra e se enche de azul sob o claro nordeste,
aquele homem que vai pelo campo nocturno com uma tocha,
o menino que açoita o mar com a mão inocente...

Se eu te dissesse, meu amigo, estas coisas,
que fogo porias em minha boca, que ferro incandescente,
que odores, cores, sabores, contactos, rumores?
E como saber se me entendes?
Como entrar em tua alma, quebrando o seu gelo?
Como fazer-te sentir a morte vencida para sempre?
Como penetrar em teu inverno, levar o luar à tua noite,
Pôr em tua escura tristeza labaredas celestes?

Sem palavras, amigo; tinha que ser sem palavras
para tu me entenderes.

José Hierro
(1922-2002)
Tradução de José Bento.

Meg Ryan 🐈💓

“Há quem não mencione a palavra amor e fale sobre ele em cada gesto que diz” Falar algo diferente de AMOR INCONDICIONAL pela guriazi...