segunda-feira, 27 de maio de 2013

A fragilidade da vida

Passados mais de vinte dias e ainda não consigo voltar 100% à minha vida de antes. Não à rotina de trabalho, natação e futebol, mas a tudo por dentro. Feito algo que se perdeu pelo caminho. Em determinados dias há um vazio imenso, e no peito um coração que, por vezes, parece buzinar.



Somente hoje consegui escrever algo. Talvez pelo fato de ter chegado ao limite do suportável, ainda em estado de choque, tamanho barulho que se fazia aqui. Precisava colocar para fora de alguma maneira, mesmo que de um jeito todo atrapalhado. Esboçar em algumas linhas qualquer coisa para aliviar a alma, desafogar o coração e diminuir um pouco a tristeza. Através da palavra escrita: onde não há ninguém a testemunhar minha dor, meu choro.



A verdade é que já não tenho mais respostas para minhas perguntas. Jamais cogitei a hipótese da perda. Do adeus repentino sem tempo para despedidas, para um último abraço apertado.


Tentei de todas as formas imaginar tudo tão diferente, criei histórias na minha cabeça para que o final fosse feliz. E não foi. Dói demais perceber um amigo querido partindo do mundo assim, sem a nossa permissão.



É, sem nenhuma cerimônia este outono trouxe a nós dias de céu cinzento pela frente. Dias de cara amarrada, dias de apenas escutar o som do silêncio. Difícil tudo isso. E Choramos ouvindo músicas. Elas nos ensinam a sentir.


Lembro de duas perdas, de familiares, em que chorei muito e custei a assimilar a ausência. De minha madrinha “Tia Vina” e também de Sebastiana, minha avó de criação, e que mais amei. Mas nada comparado a este sofrimento. Nunca vivi esta sensação. Nunca perdi um amigo tão próximo e, definitivamente, não quero isso novamente. Que eu me vá antes de todos, pois não saberia passar por isso outra vez.



A vida é mesmo absurdamente frágil.



Desnecessário agora tentar entender qualquer coisa, procurar por respostas que não farão diminuir a dor.
Pouco importa hoje todos “achômetros” na volta, o “como seria se” e os infinitos dedos na ferida pela vida desregrada que se levava antes e após a notícia da enfermidade. Tanto faz. Não vai mudar o desfecho. Não o trará de volta pra junto da gente. Vai-se perdendo um pouco da referência. Aquele apartamento no terceiro andar do prédio 804 não mais estará com as luzes acessas à nossa espera. Não mais teremos o seu sorriso largo nos aguardando para jogar conversa fora em qualquer tempo, qualquer horário.



Têm dias em que é tudo tão mais complicado. As terças-feiras têm sido assim. Sempre mais difíceis, pensativas, reflexivas. Tão mais longas e tristes. Custa uma eternidade a passar. Quase impossivel achar outra cor que não o cinza para se pintar nestes dias. Onde os lugares todos parecem ser apenas de dor.



Sei que tudo isso passa. E que, mesmo com os olhos bem cansados de lutar contra o que nos fere, a ficha vai começando a cair. A revolta pela perda vai diminuindo e a gente vai aprendendo aos poucos a aceitar. No nosso tempo, gentilmente.



É o dar-se conta do quão frágil somos. Tão mais sensíveis e imunes às dores, ao que nos derruba de fato, que nos faz adoecer, nos despedaçar por dentro e nos exige solicitar ainda mais força dentro da gente.



Aceitamos apenas, mas definitivamente, não entendemos.



Porque é difícil compreender que alguém bom possa ir de uma maneira tão estúpida e dolorosa. Não, definitivamente, isto não é humano. Isto não parece coisa de Deus. Perdoem-me, mas sou muito cética quando o assunto é justiça divina. Impossível entender que alguém do bem precisasse sofrer tanto porque “Deus quis assim”. Não. Não me conforta ouvir coisas neste sentido.



E no calor da emoção da vez é muito difícil o “deixar ir”. Ainda há um lago profundo nos olhos, aquela lágrima que insiste em voltar para a garganta, uma vontade imensa de chorar e esmurrar paredes perguntando por quê? Por que logo ele, tão menino ainda? Por que tinha de ser assim, tão doloroso?

Mas, com o tempo, aquelas terças-feiras tão doídas passarão a ser de encontros da gente, de todos juntos, de recordar as coisas boas, de lembranças de alegria, de um olhar mais atento e generoso para os nossos sentimentos.
Não mais de dor. E assim serão todos os dias 30 também.



Meu querido brilhante e lindo por todos os lados, cuide-se de onde estiver.
Parece ter escolhido o dia certo para nos deixar, numa véspera de feriado, como se estivesse apenas esperando a senha para se despedir do mundo com a mesma suavidade com que o habitava.
Amo-te, meu doce amigo! Obrigada por tudo, por sempre!



Daqui, aos poucos, a gente vai se familiarizando com a ausência, se acostumando com a saudade desse amor que não enruga.

"De almas sinceras a união sincera
Nada há que impeça: amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera,
Ou se vacila ao mínimo temor.
Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
É astro que norteia a vela errante,
Cujo valor se ignora, lá na altura.
Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfange não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,
Antes se afirma para a eternidade.
Se isso é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou."

William Shakespeare



segunda-feira, 20 de maio de 2013

Por que é tão ruim sentir saudade


"Queria poder falar de perto, 
Saber por que tudo é tão distante,
Por que é tão ruim sentir saudade, 
E não ter nada além de sentir

Queria com as notas te encontrar 
e te falar da falta que você me faz,
Queria nos meus olhos te mostrar 
que o que eu sinto por você me deixa em paz.

Volta preciso do teu sorriso, é tudo sem sentido 
Preciso de você aqui..."

(Roberta Campos - A Sua Volta)

Meg Ryan 🐈💓

“Há quem não mencione a palavra amor e fale sobre ele em cada gesto que diz” Falar algo diferente de AMOR INCONDICIONAL pela guriazi...