quinta-feira, 22 de março de 2012

Agridoce

“Eu sou mais forte do que eu”, escreveu certa vez, Clarice Lispector.

Será mesmo verdade?
Por vezes não só penso assim, como me pego agindo da mesma forma.
Até me dar conta de que Drummond não tem razão em dizer que “os ombros suportam o mundo”. Não é verdade. Chega um momento em que eles também padecem e doem. E a hora deles “pedirem ajuda” cedo ou tarde, vem.

Mas vem para a gente mesmo. Por dentro. Para os outros permanecemos intactos, fortes e procurando sempre pontuar nossas frases com um imenso e contagiante sorriso.

Em outras situações me vejo totalmente na contramão. Feito criança mergulhando direto, sem saber respirar nas vírgulas. Totalmente indefesa.
Mas, sabemos todos que criança não gosta pura e simplesmente. Criança adora! E quando desgosta, chora. Certo? E evidentemente, a pessoa aqui, que até mesmo em propaganda do “Zaffari” chora, não deixaria de seguir à risca, não é mesmo? Se algo foge ao meu controle, ou aquilo que tanto busquei não vem de jeito algum, caio em prantos, tal qual uma criança vendo seu brinquedo quebrado.

Não, não sou uma pessoa mimada. Tão pouco alguém que não saiba lidar com algo que não saiu conforme o planejado ou que não veio de acordo com seus sonhos. Não é isso.

Me refiro ao final de tudo. Quando esgotaram-se as chances e a gente se dá conta de fato de que não há mais razão para insistir, para continuar lutando já que deu errado ou não foi exatamente como esperávamos. E, há tão somente a alternativa de desistir, de mudar o foco, de aceitar que não deu certo, de esquecer o que passou e partir para outra, fim de jogo, ponto final.

É disso que falo. São nestas situações em que me sinto perdida, sem rumo, sozinha. Sem saber pedir ajuda. Feito criança. Tão frágil quanto determinaria a idade de uma.
E choro. Choro por não conseguir retroceder ao ponto de esquecer o que investi, todo tempo que vivi intensamente aquilo que tentei buscar, que quis muito conquistar e que ao final das contas foi em vão, não valeu nada, foi sem sentido algum e se perdeu.

E como todo bom canceriano, me recolho à minha concha por uns dias.
Me fecho e consigo escutar até mesmo o som do silêncio.

Se insistem em me ter por perto, contrariando meu momento de ficar só, por vezes sou rude, áspera, amarga e, até mesmo cruel. Mesmo sabendo que meus amigos querem tão somente saber de mim, desfrutar de minha companhia, de meu carinho. Ainda que permaneça doce, carinhosa e com a mesma suavidade de sempre, em determinados momentos, me torno totalmente irracional, injusta e egoísta ao extremo.
Endureço por uns tempos, numa fase totalmente agridoce.

Mas, as estações passam. E, com elas também os momentos de reclusão, de ficar apenas na “toca”, preferindo tão somente nossa própria companhia.

Tudo é questão de tempo.
Tempo para mim. Para meu coração.
Para voltar a ser o que sempre fui e o que de melhor sei ser.
Comigo e com meus amigos.

E, assim, poder ter de volta meu sorriso feliz.

Raquel


“Amore, amiga, carinho! Qta alegria por te ter na minha vida. Obrigada por tudo e por me dares o privilégio d sermos nossas. Bj grande, te amo!”

Mensagem na íntegra que recebi no último domingo, dia 18, em agradecimento à outra que enviei a uma grande amiga que estava de aniversário naquele dia.

Fiquei emocionada. Tudo bem que sou muito “manteiga” e ando numa fase bastante conturbada sentimentalmente, o que me faz estar bem mais sensível do que o de costume. Ou um tanto “à flor da pele”, como canta Zeca Baleiro.

A verdade é que fiquei muito feliz ao ler a mensagem e me tocou profundamente perceber o quanto meu carinho (que é imenso por esta amiga e um de meus grandes “presentes” de 2011) é recíproco.
Nos conhecemos há 10 anos, quando então, por vezes jogávamos futebol juntas na quadra do Paulo Brito e tudo o que tínhamos de assunto eram notícias do Grêmio, time do coração de ambas. Mas somente em 2011, através de uma amiga em comum, nos reencontramos e pudemos nos reaproximar e nos conhecermos de fato. Descobrimos uma afinidade, sintonia e carinho imensos.

Este pequeno post é apenas para dizer que, por esta razão e também pela pessoa importantíssima que se tornou na minha vida, jamais poderia deixar de comparecer à comemoração de aniversário desta linda e queridíssima da foto, Raquel Fernandes.

E, apesar de passar toda semana doente e, tanto sexta à noite quanto o dia todo de sábado ficar literalmente de cama por conta daquela que sempre me derruba, (minha garganta), não poderia deixar de comparecer sábado à noite à festa de aniversário desta grande amiga, hoje uma irmã.

Mesmo debilitada e com muita dor, pude participar intensamente de uma linda e divertida festa. Showzinho tudo de bom de Blanca Queiroga e finalizando a noite ao som da ótima DJ que colocou todo mundo pra dançar até cansar.
Muito bom mesmo!
Realmente uma grande e especial festa. Domingo a pessoa aqui estava de cama novamente, mas valeu muito à pena!
Raka mereceu todo encanto e carinho dos amigos naquela noite.
Amo-te, amiga! Parabéns!

Cartas Extraviadas e Outros Poemas...

" Saudade eu tenho do que não nos coube
Lamento apenas o desconhecimento
Daquilo que não deu tempo de repartir
Você não saboreou meu suor,
eu não lhe provei as lágrimas
É no líquido que somos desvendados
No gosto das coisas o amor se reconhece
O meu pior e o meu melhor, e os seus
ficaram sem ser apresentados."


“Nunca mais é a expressão que durará pra sempre
Entre nós a ausência, a surdez, a cegueira, nada, silêncio, nem um eco ou assovio
Mata-se o amor no frio.”


“A partir de amanhã não corro mais para atender o telefone
a caixa de fotos vou colocar na última prateleira do armário
onde só alcançarei com muito esforço e escada
a partir de amanhã não abro mais o correio eletrônico
nem vôo até a sua letra no alfabeto, não haverá encontro
não passarei mais pela sua rua a partir de amanhã
nem na vizinhança, atalharei por outro bairro
não há necessidade e meu coração não é de confiança
a partir de amanhã interrompo o surto e esqueço a placa do seu carro
não há perigo de eu sonhar com você, a partir de amanhã
não durmo mais, e as músicas que eu escutava, evitarei
já não te velarei, a partir de amanhã saio do luto”

(Martha Medeiros – Cartas Extraviadas e outros poemas)

quinta-feira, 15 de março de 2012

Carta Extraviada 1

Não sei por onde começar esta carta que já nasce atrasada, pensamos sempre que temos muito a dizer mas as palavras são pouco amistosas, onde encontrá-las agora, às três e dez de uma madrugada em que me encontro insone e pensando mais uma vez em você?

Você esperou por estas palavras por muitos meses, na esperança de que elas aliviariam a dor do seu coração, mas elas não vieram porque estavam ocupadas vigiando meus impulsos, me impedindo de me abrir, e minha própria dor lhe pareceu desatenção, eu que não durmo de tanta paixão congestionada, de tanto desejo represado, de tão só que estou.

Meus motivos sempre lhe pareceram egoístas, e se eu lhe disser que o descaso aparente foi na verdade uma atitude consciente para preservar você, me chamarás de altruísta e não sairemos do mesmo lugar.

Eu errei por não permitir que você me oferecesse seu afeto, eu errei ao sobrevalorizar um risco imaginário, eu errei por achar que existem amores menores e maiores, avaliados pelo tempo investido, pela contagem dos beijos, pelas ausências sentidas, por tudo isto fui conduzido a um erro de cálculo.

Não te peço nada além de compreensão, e esta carta nem era para pedir, mas para doar, eu que sempre me achei bom nessas coisas, o voluntário da paz, o boa-gente oficial da minha turma.

Mas peço: lembre de mim como alguém que alcançou a mesma medida do seu sentimento, a mesma profundidade das suas dúvidas, o mesmo embaraço diante da novidade, o mesmo cansaço da luta, a mesma saudade.

A carta vem tarde e redigida com palavras covardes, as corajosas repousam pois se imaginam já ditas e escritas, valentes foram as palavras do início, as desbravadoras, as que ultrapassaram limites, quando nós dois ainda não sabíamos do que elas eram capazes, palavras audazes, febris.

Pela enormidade de tempo que temos pela frente em que não nos veremos mais, não nos tocaremos ou ouviremos a voz um do outro, pela quantidade de dias em que conduzirás tu vida longe de mim e eu de ti, pela imensidão da nos descrença, pela perseverança da nossa solidão, pelos nãos todos que te falei, pelo pouco que houve de sim, acredita: te amei além do possível, não te amei menos que a mim.

Martha Medeiros

quinta-feira, 1 de março de 2012

Aceitar não é entender...


Aceitar não é entender.
Frase da queridíssima Sara Bodowsky, jornalista da RBS, em mais um belíssimo texto seu. O título (muito bem apropriado, por sinal) chama-se “Medo do Medo” e a idéia central gira em torno do falecimento da cantora Whitney Houston, ocorrido dia 12 de fevereiro deste ano. Segue o link, para quem quiser dar uma conferida:


http://www.facebook.com/sara.bodowsky/posts/385684831448765

Fiquei com esta frase na cabeça e junto dela um turbilhão de pensamentos sobrevoando minha mente durante dias.
Dias estes em que me permiti voltar a pensar um pouco mais na vida. Apenas para dar tempo da minha mente se reorganizar diante das muitas opções, idéias e acontecimentos.

Assim como quem rearruma todas as peças do tabuleiro no meio de um jogo. Era preciso. E, em se tratando de jogo, as estratégias e ações são sempre muito importantes. A pessoa aqui, particularmente, prefere ser totalmente ingênua no jogo das conquistas do que absurdamente virgem dos verdadeiros amores da alma. Mas há quem opte pelo contrário.

E quando o assunto é amor há tanto ainda por se compreender.
Aceitamos que tudo tenha movimento próprio e que, assim como a água, o amor não possa ser retido. Mas não há real entendimento sobre isto. Queremos o amor perto, ao nosso alcance, afinal.

Assim como somos livres para amar, mas não amamos, (segundo a psicóloga Fernanda Perlin de Cesaro), também somos perfeitamente aptos em aceitar o que não temos a menor condição de entendermos.

Muitas vezes não somos capazes de organizar nossas próprias impressões a fim de perceber melhor o que se passa dentro da gente mesmo, como então conseguir compreender o que se passa na cabeça de uma outra pessoa, por exemplo? Muito difícil. Impossível, eu diria.

É preciso ir muito além. Nossa mente precisa se soltar para fazer grandes e complexos entendimentos. Talvez por isso seja muito mais fácil aceitar do que entender de fato.
Entender requer saber se colocar no lugar do outro, pensar como o outro, enxergar através dos seus olhos, da sua alma, do seu coração. E isto é humanamente impossível já que somos feitos de sentimentos.
Por vezes somos movidos a eles, o que implica em não conseguirmos ficar 100% desligados da gente, do que sentimos, das nossas vontades e desejos. Então como poder sentir por outra pessoa esquecendo temporariamente de nós mesmos? Como entender realmente as atitudes de um outro alguém? Definitivamente, não dá.

Aceitamos que alguém não goste da gente, mas não compreendemos o real motivo. Por que aquela pessoa que você tanto adora e quer não está nem aí para seus sentimentos? Nossos melhores amigos apostam na gente como a escolha ideal, a opção perfeita, afinal. Então por que na prática isso não acontece? Não sabemos, não entendemos. Mas aceitamos para poder tocar a vida e seguir em frente.

E aceitamos por total falta de alternativa, por saber que alguma decisão não partiu da gente e nada temos a fazer ou mesmo porque a situação toda vai muito além do que é de fato da nossa conta. Mas o porquê disso tudo, por vezes, não há como ser compreendido. E aos nossos olhos, certas situações parecem tão injustas e, no entanto, na verdade nos faltam elementos para poder entender suas causas de fato.

"A água de cada um bate no joelho que cada um estabelece", já dizia, Fernanda Young. E é verdade. Podemos não entender atitudes ou ações de alguém, mas não seremos os responsáveis pelas suas escolhas. Cada um decide o que quer para a sua vida e, ainda que não concordemos com suas opções e não as entendamos, aceitamos. Exemplo claro de situações que estão sob controle de alguém e só dependem deste alguém para serem mudadas.

Aceitamos o prazer que nos é oferecido. Mas porque fomos escolhidos? Não sabemos. Mas acatamos mesmo assim.
Aceitamos ingressar em situações totalmente fora de nosso controle. E não conseguimos entender o porquê optamos sabendo desde o inicio do risco do suposto domínio escapar por entre nossos dedos.

Que fique claro que aceitação das coisas que não podemos mudar, não pode ser entendida como um convite ao comodismo, à inércia, ao cruzar-se os braços e nada mais fazer, ok?

Aceitamos que determinadas pessoas, por opção ou não, se afastem da gente. E nos doemos por dentro. Não conseguimos entender o porquê, mas respeitamos a decisão.
São as chamadas situações que não estão sob nosso controle e, portanto, não podem ser mudadas pelas nossas ações, mesmo que a gente queira muito. É fato!

Ou como Caio Fernando Abreu ensina: “Se algumas pessoas se afastarem de você, não fique triste, isso é resposta da oração: “livrai-me de todo mal, amém”“.
Aceitamos isso como resposta ao acontecimento, mas na realidade, não conseguimos entender o porquê.
Não compreendemos por que certas situações, objetos ou pessoas vão embora de nossas vidas.
Conforta-nos acreditar que elas se vão tão somente para que a gente possa ficar mais leve e voar mais alto. Mas isso na verdade não nos convence de fato.

Bom seria poder nos deparar sempre com situações que, embora não tenhamos como modificar diretamente, possamos, de alguma forma, influenciar na sua mudança.

Sabemos apenas que aceitar, definitivamente, não é entender.
Mas,

"Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento" escreveu certa vez, Clarice Lispector.

Simples assim...
; )

Em tempo: Transcrevo abaixo a "Oração da Serenidade" que destaca quatro virtudes fundamentais que precisamos desenvolver para se viver em equilíbrio e harmonia: serenidade, aceitação, coragem e sabedoria.


"Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas das outras".

(Reinhold Niebuhr - Teólogo)

Meg Ryan 🐈💓

“Há quem não mencione a palavra amor e fale sobre ele em cada gesto que diz” Falar algo diferente de AMOR INCONDICIONAL pela guriazi...